2000: Trezeguet é ouro para a França
terça-feira, 1 de janeiro de 2008
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Zinédine Zidane brilhou pela França, mas foi David Trezeguet a decidir a final frente à Itália com um "golo de ouro".
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Enquanto a maioria dos países ficaria satisfeita por ver nascer um talento futebolístico a cada 20 anos, a França teve a sorte de pode contar com Michel Platini e Zinédine Zidane num curto espaço de tempo. Ambos fizeram questão de salientar isso mesmo e “Zizou” esteve ao seu melhor nível quando guiou os “bleus” ao título de campeões europeus, em 2000.
A organização da prova seria partilhada pela primeira vez por duas nações, Bélgica e Holanda, mas apenas uma selecção continuava a poder reclamar vitória. Os gauleses estiveram perto do desastre na final com a Itália, mas poucos foram os que não consideraram merecedor o seu triunfo, num torneio em que sobressaiu a qualidade. A equipa comandada por Roger Lemerre revelou-se ainda melhor do que a vencedora do Mundial de 1998, liderada por Aimé Jacquet, ao aproveitar a afirmação definitiva na cena internacional de jovens como Thierry Henry e David Trezeguet.
Ambos os dianteiros tiveram papéis importantes, mas a figura omnipresente de Zidane foi centro de tudo. Tendo apressado a recuperação de um acidente de automóvel para jogar a edição de 1996, o médio, na altura a actuar na Juventus, esteve perfeito nos Países Baixos. Marcou um livre directo irrepreensível frente à Espanha, nos quartos-de-final, antes de desfazer o sonho de Portugal nas meias-finais, ao apontar friamente aos 117 minutos, de grande penalidade, o “golo de ouro” que colocou a sua formação no encontro decisivo. “Tenho quase a certeza que tem escrito algures na cabeça ‘feito no céu’”, afirmou o Director Técnico da UEFA, Andy Roxburgh. “Definitivamente, ele provém directamente de Deus”.
E até os melhores jogadores parecem simples mortais, quando feita a comparação, incluindo Raúl González, ícone do Real Madrid CF, cujo penalty falhado no derradeiro minuto da partida frente à França deitou por terra as esperanças da Espanha. Esta partida aconteceu depois de os espanhóis terem apontado dois golos tardios frente à Jugoslávia e virado o resultado de 3-2 para 4-3 a seu favor, desfecho que lhes permitiu seguirem em frente no Grupo C. De resto, na retina ficou igualmente a fantástica recuperação de Portugal no encontro inicial diante da Inglaterra, quando esteve a perder por 2-0 e acabou por ganhar 3-2. A equipa das quinas sairia mesmo vencedora do respectivo agrupamento, enquanto os ingleses e a Alemanha ficavam pelo caminho.
Se a Bélgica também saiu ao primeiro “round”, o seu parceiro na organização do torneio fez crescer as expectativas ao golear a Jugoslávia nos quartos-de-final, por 6-1. No entanto, a caminhada da Holanda terminaria logo a seguir, diante da pragmática Itália. Com um jogador a mais a partir dos 34 minutos, o conjunto de Frank Rijkaard falhou duas grandes penalidades durante o tempo regulamentar e mais três no desempate por penalties, após o nulo verificado no final dos 120 minutos de jogo.
O desfecho permitiu a presença da “squadra azzura” na final da prova pela primeira vez desde 1968 e os italianos adiantaram-se através de um golo da autoria de Marco Delvecchio, apontado na segunda parte. O tempo escasseava, mas quando tudo parecia irremediavelmente perdido para a França Sylvain Wiltord bateu Francesco Toldo nos derradeiros instantes e empatou a partida, levando-a para prolongamento. O desalento invadiu a cara de todos os presentes no banco de suplentes da selecção comandada por Dino Zoff e a história iria repetir-se aos 13 minutos do tempo extra, altura em que o “golo de ouro” de Trezeguet virou a contenda e devolveu o troféu aos gauleses.