Mais vale tarde do que nunca para Hrubesch
segunda-feira, 18 de julho de 2011
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Aos 23 anos, Horst Hrubesch ainda jogava nas divisões inferiores mas, seis anos volvidos, assinou o golo da vitória da República Federal da Alemanha no Europeu de 1980.
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Horst Hrubesch chegou tarde à ribalta. Aos 23 anos ainda jogava nas divisões inferiores do futebol alemão mas, seis anos depois, liderava o ataque da selecção no Campeonato da Europa de 1980, depois de uma chamada inevitável à última hora.
Sem qualquer golo marcado na fase de grupos, o seu lugar na final do Campeonato da Europa de 1980, frente à Bélgica, esteve em dúvida, mas o seleccionador da República Federal da Alemanha (RFA), Jupp Derwall, "fez a escolha certa" e decidiu manter a titularidade do atacante. Hrubesch respondeu com dois golos, incluindo o da vitória, nos instantes finais e recorda o memorável torneio.
Ser o "Monstro Cabeceador"...
Foi-me dada essa alcunha pelo treinador do [Rot-Weiss] Essen. Sempre tentei jogar da forma mais simples possível e, como é óbvio, aproveitar ao máximo as minhas capacidades. Tinha boa impulsão e o meu tempo de salto também era bom. Joguei na Bundesliga durante oito anos e marquei 136 golos, 81 dos quais foram marcados de cabeça.
Chamada após Klaus Fischer ter partido uma perna...
Lembro-me perfeitamente de receber a chamada [a dizer que eu estava na equipa] de Jupp Derwall: foi um ponto alto da minha carreira. Eu podia ter sido convocado de qualquer forma, mas não creio que fizesse muitos jogos. Pouco antes do Campeonato da Europa, houve um jogo em Hannover contra a França, e eu não joguei na ocasião. Por isso, tudo aconteceu de forma muito repentina e tardia. Aliás, sempre comecei tarde. Tinha 23 anos quando disputei o meu primeiro desafio na Bundesliga e 28 quando obtive a minha primeira internacionalização.
Não sei se eu era o substituto mais óbvio para o Fischer, mas era um substituto natural devido ao sistema táctico. Jogávamos com um ponta-de-lança, apoiado logo atrás por Klaus Allofs e por Karl-Heinz Rummenigge, ambos jogadores muito ofensivos; podíamos dizer o mesmo do nosso meio-campo, com o Bernd Schuster e o Hansi Müller. Éramos muito ofensivos, com laterais como Manfred Kaltz e Hans-Peter Briegel. A equipa era bastante ofensiva.
Encontrar lugar numa equipa titular tão forte...
Não diria que estavam à espera que arrebatássemos o troféu, mas tínhamos uma boa equipa, uma das melhores da Europa. Fomos sempre capazes de dominar o torneio. Era uma equipa forte em todas as posições, mas também um conjunto em que os jogadores encaixavam bem uns nos outros, daí resultando um futebol bonito. Não tive quaisquer problemas [na adaptação]. A minha cooperação com Kaltz era conhecida devido ao Hamburger SV e o Rummenigge era capaz de jogar com qualquer avançado; Hansi Müller e Schuster, os organizadores de jogo, eram dois génios. Foi muito simples para mim.
Vitória sobre a Holanda por 3-2 na fase de grupos...
Jogámos muito bem durante 70 ou 80 minutos. Estávamos em vantagem por 3-0 e, de repente, eles marcaram dois golos. O trio composto por Bernd Schuster, Hansi Müller e Rummenigge trabalhou muito bem e o Klaus Allofs marcou os três golos. Penso que cumpri as minhas obrigações e essa era uma característica da equipa. Todos trabalhavam e corriam uns pelos os outros: não era importante se os tentos tinham sido marcados pelo Allofs ou pelo Hrubesch. Isso também se via em geral na nossa maneira de jogar. Não tínhamos realmente um jogador do qual estivessemos dependentes – éramos bons como equipa e foi assim que conseguimos dominar.
Final...
[O meu lugar] estava em perigo. Tinha feito três jogos sem marcar qualquer golo e, se Derwall não me escolhesse, nem podia argumentar. Mas olhando para trás, acho que ele tomou a opção correcta. Lembro-me muito bem do primeiro golo. Os belgas estavam ao ataque, mas ainda antes de chegarem à nossa área, o Bernd Schuster roubou a bola e começou um ataque directo, com apenas um ou dois passes. Lançou a bola na minha direcção. Tudo se encaixava. Marquei e foi o 1-0; para variar com o pé, em vez de ser com a cabeça.
Na segunda parte assistimos realmente à classe da Bélgica e eles mereceram a igualdade [aos 75 minutos]. Não teríamos conseguido no prolongamento, seria demasiado... Estava muito calor naquele dia e lembro-me de estar tão cansado a seguir ao jogo que mal tive forças para erguer o troféu. O meu segundo golo veio de um pontapé-de-canto marcado pelo Karl-Heinz Rummenigge do lado esquerdo. Como acontece em todos os pontapés-de-canto, a jogada estava preparada. O Rummenigge fez-me sinal e o [guarda-redes] Jean-Marie Pfaff cometeu o erro de ficar na linha de golo. Consegui elevar-me bastante e, devido ao seu movimento, não tive problemas em colocar a bola no fundo das malhas.