Análise Táctica da UEFA Conference League: como o Betis contrariou o Vitória
sexta-feira, 14 de março de 2025
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O observador técnico da UEFA, Haakon Lunov, analisa a mescla de qualidades individuais e colectivas que impulsionaram a equipa de Manuel Pellegrini para os quartos-de-final da UEFA Conference League.
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"O nosso treinador alertou-nos para a importância de marcar golos, ser paciente e inteligente", explicou o extremo goleador Antony. Não foi o único jogador do Real Betis a seguir o sábio conselho de Manuel Pellegrini no Estádio D. Afonso Henriques, com os visitantes espanhóis a garantirem uma vaga nos quartos-de-final da UEFA Conference League com uma impressionante vitória por 4-0 no terreno do Vitória SC.
Neste artigo, o observador técnico da UEFA, Haakon Lunov – trabalhando em conjunto com a unidade de análise da UEFA – destaca o impacto conjunto das qualidades individuais, das ligações instintivas dos jogadores e da sólida estrutura colectiva que esteve na base da vitória do Betis.
Qualidade individual
Começando pelos destaques individuais, o avançado do Real Betis, Cédric Bakambu, foi fundamental. Depois de ter sido elogiado na vitória do play-off da fase a eliminar frente ao Gent pelo seu "excelente trabalho e qualidade" com e sem bola, o internacional do Congo abriu o marcador na primeira mão frente ao Vitória e continuou a sua impressionante forma em Guimarães ao marcar os dois primeiros golos.
O primeiro vídeo destaca três exemplos da leitura de jogo experiente do avançado de 33 anos na construção de jogadas, oferecendo movimentos precisos para dar suporte, velocidade de pensamento e timing para escapar aos marcadores e atacar o espaço.
"Contudo, não se trata apenas dos golos", explicou Lunov. "Foram importantes, mas ele também mostrou velocidade para atacar o espaço, revelou-se forte fisicamente para colocar em sentido os defesas-centrais e esteve sempre disponível e forte nas transições ofensivas. Bakambu é um jogador inteligente."
Unidade no ataque
O segundo golo oferece uma demonstração do poder de uma unidade ligada de atacantes na mesma sintonia. Isco, Antony e Bakambu causaram problemas aos defesas da casa durante toda a partida. Neste caso, são acompanhados pelo lateral-esquerdo Aitor Ruibal, que encontra Bakambu com um belo passe para trás para fazer o 2-0 ao cabo de apenas 20 minutos.
Embora a interacção entre Bakambu, Isco e Antony com a bola se tenha destacado, ligações igualmente fortes sem o esférico também impressionaram Lunov.
O segundo vídeo centra-se em Bakambu e Isco num bloco em 4-4-2.
O primeiro vídeo ilustra a sua união como primeira linha de defesa, deslizando e protegendo – com o apoio de Pablo Fornals atrás deles. O segundo enfatiza a sua dedicação conjunta à missão – chegando 60 minutos após o primeiro vídeo – com a dupla ainda a operar em uníssono na pressão e protecção do espaço central.
O esforço colectivo
Após o choque de sofrer dois golos nos primeiros 20 minutos, o Vitória recuperou a compostura e conseguiu finalmente um remate à baliza aos 40 minutos. No entanto, até ao apito final, a equipa de Luís Freire registou apenas dois remates à baliza, apesar de dominar a posse de bola no geral (57%) e completar mais dois terços dos passes – 524 face a 303.
O vídeo final explica em parte porquê. "A estrutura e a coesão do bloco central do Betis foram a base para o resultado", explicou Lunov. "Toda a equipa trabalhou em conjunto".
Com Isco e Bakambu a liderarem na frente, o Betis manteve-se paciente, estreito e compacto. Os vídeos dois e três mostram os benefícios de uma estrutura defensiva tão robusta. Ambos os golos surgiram de contra-ataques devastadores.
O terceiro vídeo mostra uma combinação de bloqueio compacto, sobrecarga perto da bola, antecipação para roubar e desencadear um contra-ataque directo e incisivo. Fornals recupera a posse de bola e encontra Isco, que por sua vez assiste Antony. O movimento altruísta de Bakambu cria espaço na área, desta vez para Isco finalizar.
Em ambas as ocasiões, o Betis marcou dez segundos depois de recuperar a posse de bola a meio do seu próprio tempo. Notável.