José Mourinho: A final da UEFA Europa Conference, Alex Ferguson e a paixão contínua pelo futebol
segunda-feira, 23 de maio de 2022
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"Não posso dizer quando vou parar porque não sei", diz José Mourinho, de olhos postos no seu quinto título europeu quando a Roma enfrentar o Feyenoord na primeira final da UEFA Europa Conference League.
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Aos 59 anos, José Mourinho ganhou quase tudo o que há para ganhar a nível de clubes e pode fazer o pleno do actual conjunto de troféus da UEFA se a Roma vencer o Feyenoord na primeira final da Europa Conference League, em Tirana, na quarta-feira.
Além dos muitos títulos nacionais, o treinador português conquistou a Taça UEFA e a UEFA Champions League em épocas consecutivas ao serviço do Porto, seguindo-se novo título da UEFA Champions League em 2009/10, com o Inter e a UEFA Europa League em 2016/17 à frente do Manchester United.
Mourinho ainda não perdeu qualquer final europeia e, conforme disse ao UEFA.com, a sua fome de sucesso continua tão forte como sempre.
Sobre o Feyenoord, adversário na final
Tal como nós, disputaram 14 jogos e eliminaram adversários difíceis, como foi o caso da meia-final, frente ao Marselha, uma equipa com tradição europeia, jogando num ambiente que coloca muita pressão sobre os adversários, por isso isso merecem crédito.
Em finais há 50 por cento de hipóteses de sucesso para cada equipa, mas faremos o nosso melhor para que essa percentagem seja pelo menos 51-49 a nosso favor. O trabalho que abre caminho à final, que dura vários meses, é a base para esses 90 ou 120 minutos. É o dia deles, dos jogadores, nós estamos lá apenas para dar uma pequena ajuda. Até agora tive a sorte de vencer todas as finais europeias que disputei. No momento da verdade, na altura decisiva, os meus jogadores estiveram sempre à altura dos acontecimentos.
Sobre a UEFA Europa Conference League
Sou um treinador com história e a Roma é um grande clube. Senti um pouco de responsabilidade em tentar fazer da primeira edição do torneio um evento para recordar. Assim, a pouco a pouco, fomos alcançando a nossa ambição de ir o mais longe possível. Foi com muito orgulho que constatámos que as duas meias-finais foram disputadas em estádios lotados, com [um total de] 170.000 espectadores.
A Conference League é a nossa Champions League. Este é o nível em que estamos, a competição que actualmente disputamos. Há muito tempo que o clube não chegava a situação como esta.
Sobre a possibilidade de ganhar o primeiro título europeu da Roma
Temos de nos abstrair desse facto. Na minha opinião, é preciso tratar uma final como qualquer jogo, a diferença é que este tem a sua própria pressão, tensão e sentido de responsabilidade. Temos é de pensar na final e no adversário que vamos enfrentar, passando para segundo plano a história da Roma e como seria maravilhoso para a cidade, para o clube e para todos nós se ganharmos.
Sobre ser o primeiro treinador a atingir a final das quatro actuais competições de clubes da UEFA
Se vencer quatro competições europeias por quatro clubes diferentes, nunca esquecerei a primeira, que foi a Taça [dos Vencedores] das Taças em 1996/97, como adjunto do falecido e grande Bobby Robson, no Barcelona. Sempre que me sentava ao lado dele no banco sentia um orgulhoso imenso.
Se cada nova conquista significa mais do que a anterior? Sim. Ganhar a primeira vez pode ser uma questão de sorte, de estar no lugar certo à hora certa; o nível de dificuldade vai sempre aumentando quando se ganha nas ocasiões seguintes. Uma coisa é alcançar o sucesso num determinado período de tempo, outra é alcançar o sucesso e vencer de forma continuada ao longo da carreira.
Sobre a sua contínua paixão pelo jogo
Apercebi-me disso no jogo entre o Manchester United e o Real Madrid [oitavos-de-final da UEFA Champions League 2012/13, em Old Trafford]. Antes do jogo, Alex Ferguson convidou-me para ir ao seu gabinete, onde lhe perguntei: "Sendo tão veterano, diga-me: a paixão pelo jogo muda com o passar dos anos?". E ele respondeu: "Nem pensar. É tão intensa no último dia como foi no primeiro."
Por isso é que continuo a dizer que não acredito que já tenho 59 anos. Custa-me a crer que tenho uma carreira de 21 ou 22 anos como treinador principal. Não posso dizer quando vou parar porque não sei. A paixão não muda.