Análise de desempenho na Champions League: a ocupação dos espaços pelo Real Madrid
domingo, 23 de fevereiro de 2025
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Rafa Benítez e a unidade de análise da UEFA exploram o trabalho defensivo do Real Madrid e os esforços para controlar os espaços com e sem bola.
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"O nosso objetivo é sermos bons defensivamente. Temos muita qualidade na frente, [mas] nem sempre conseguimos defender em bloco. Contudo, nesses dois jogos, conseguimos fazer isso – e, depois, quando temos essa base, a qualidade aparece."
Esta observação sobre a exibição do Real Madrid frente ao Manchester City no play-off da fase a eliminar da UEFA Champions League veio do próprio treinador Carlo Ancelotti, com o italiano a expressar à TNT Sports a sua satisfação com a forma compacta com que a sua equipa se apresentou.
Neste artigo a unidade de análise da UEFA irá explorar o trabalho defensivo, destacando os esforços do Madrid para controlar o espaço com e sem a posse de bola, bem como o perigo que os Merengues criaram ao atacar vários espaços quando estavam com a posse de bola.
Para começar com o jogo sem posse de bola, este gráfico mostra a forma compacta do Real Madrid na zona central. Tal como na vitória por 3-2 na primeira partida em Manchester, os campeões em título foram sólidos sem bola, mantendo-se compactos e difíceis de quebrar.
De facto, os comentários posteriores de Ancelotti sugeriram que a defesa do Real Madrid nos dois jogos da eliminatória representou uma peça importante no puzzle. "Tivemos dificuldades em encontrar um bom equilíbrio defensivo", disse, reiterando o seu ponto acima. "Parece que encontrámos esse equilíbrio e, por isso, temos possibilidades de continuar até ao fim nesta competição."
Real Madrid na protecção dos espaços na zona central
Conforme discutido no Grupo de Observadores Técnicos da UEFA após o primeiro jogo em Manchester, a parceria entre os médios Dani Ceballos e Aurélien Tchouaméni e a dupla de ataque Kylian Mbappé e Vinícius Júnior foi fundamental.
Ancelotti explicou após a vitória por 3-2 na primeira partida que queria que os seus jogadores pressionassem alto apenas nas reposições de Ederson. Em vez disso, a prioridade era controlar os espaços intermédios e é esse o foco do primeiro clipe do vídeo acima.
Como podemos ver, a prioridade dos médios passa por controlar estes espaços, enquanto os dois da frente têm a tarefa de alternar e bloquear. Num momento, tanto Federico Valverde como Ceballos podem ser vistos a apontar para Mbappé para chegar perto de Nico González. A disposição de um craque como Mbappé para trabalhar arduamente pela sua equipa oferece uma lição sobre atitude à qual regressaremos mais tarde.
À medida que a sequência se desenvolve, o City transfere a bola para o lado direito, o Real Madrid avança em conformidade e Ceballos está no local certo para pressionar a bola e fechar o espaço em redor de Phil Foden, com Tchouaméni a intervir para recuperar o esférico. O que se torna evidente nessa fase é a capacidade do Real Madrid em manter a posse de bola sob pressão; esta é uma equipa confortável e composta em áreas com poucos espaços.
A postura acertada e a capacidade do Real Madrid para manter a posse de bola foram comentadas por Pep Guardiola após o jogo da passada quarta-feira. "Sabem correr; sempre o fizeram com os jogadores da frente", comentou o técnico do City, acrescentando que agora "também têm posses longas". O segundo vídeo acima fornece um exemplo com uma sequência de 98 segundos.
Além da capacidade de manter a posse de bola, o Real Madrid chamou também a atenção pela capacidade de ameaçar vários espaços de ataque ao mesmo tempo. Se Ancelotti exige boa organização quando a sua equipa está a defender, quando tem a bola joga com fluidez e liberdade, e esse aspecto é explorado no vídeo final abaixo.
Assistindo à acção da segunda mão, o observador técnico da UEFA, Rafa Benítez, comentou a frequência com que os avançados do Real Madrid penetraram na defesa do City com as suas movimentações a partir de trás, e o primeiro clipe mostra uma passagem de posse de bola controlada que é pontuada por vários jogadores que atacam o espaço nas costas, como indicado pelas setas roxas.
Quanto ao segundo clip, este mostra os jogadores a encontrarem espaço tanto no meio – em Tchouaméni – como atrás, com a corrida de Mbappé. Para os jogadores mais jovens, esta sequência de Mbappé, que se movimenta cedo e faz curvas para ficar em posição de fora de jogo, é uma lição por si só.
O último clipe mostra mais jogadas do Real Madrid antes do segundo golo de Mbappé, embora o papel de Jude Bellingham também seja elucidativo. O jovem inglês encontra espaço na área e, após uma rápida leitura de jogo, interrompe a corrida, recebe a bola e passa depois para Vinícius Júnior, que avança pela direita.
No momento exacto em que Bellingham se vira para fazer o seu passe, tem quatro jogadores do City à sua volta mas tem a rapidez e a clareza de pensamento para agir e que exemplifica bem a necessidade de preparar os jogadores para que sejam capazes de actuar em velocidade mesmo em zonas com poucos espaços.