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In the Zone: Análise ao Porto 1-0 Arsenal

A unidade de análise da UEFA mergulha na forma como o Porto dominou o Arsenal na primeira mão dos oitavos-de-final da UEFA Champions League, na quarta-feira.

O Arsenal tinha marcado 11 golos nos dois jogos anteriores fora de casa antes de chegar ao Estádio do Dragão, mas não conseguiu fazer um único remate à baliza antes de sucumbir ao golo de Galeno nos descontos.

Neste artigo apresentado pela FedEx, a unidade de análise da UEFA, em colaboração com o observador do jogo no Dragão, destaca as principais características da vitória da equipa de Sérgio Conceição na primeira mão dos oitavos-de-final da UEFA Champions League.

Formações das equipas

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O jogo posicional do Arsenal

In the Zone: o jogo posicional do Arsenal

Os homens de Mikel Arteta tiveram mais posse de bola (64%), mas não conseguiram criar perigo, pois nenhuma das sete tentativas de golo acertaram na baliza. "Faltou-nos causar ameaça, faltou-nos agressividade, especialmente quando tínhamos a bola no último terço", disse Arteta depois do jogo, citando a necessidade de maior determinação por parte dos seus jogadores.

O vídeo acima mostra o trabalho do Arsenal com bola numa noite frustrante. Os Gunners procuraram encontrar espaço com movimentos nas costas, como refere o observador do jogo: "O Arsenal estava à espera de penetrar por detrás dos quatro defesas com jogadas em profundidade."

O primeiro clipe mostra essa e outras características da abordagem ao jogo da equipa do norte de Londres. A sua táctica transforma-se num 3-2-5 na fase de construção, com o lateral-direito Ben White a movimentar-se ao lado de Declan Rice. À frente deles, têm uma frente de cinco que inclui Martin Ødegaard, Kai Havertz e Leandro Trossard como números 10 a trabalharem entre as linhas.

Como mostra esta sequência, foi difícil encontrar espaço com o Porto a preencher as zonas centrais de jogadores, e a acção termina com Pepe – que, aos 40 anos e 360 dias, fez história como o jogador mais velho a ser titular na fase a eliminar da Champions League – a mostrar as suas qualidades defensivas para ganhar a bola antes do Arsenal fazer falta.

Para procurar espaço, os jogadores do Arsenal trocam constantemente de posições. No segundo clipe, Ødegaard recua para a linha de meio-campo, à direita, numa posição de "falso lateral". O mapa de calor mostra as diferentes posições que assumiu, incluindo no centro do meio-campo. Isto ilustra a flexibilidade de uma equipa do Arsenal que troca frequentemente de posições dentro da sua estrutura – e a corrida para o ataque que se segue de White sublinha este ponto.

Apesar de toda a movimentação, o Arsenal teve dificuldades em encontrar espaços na defesa do Porto, como se pode ver também no terceiro clipe. Aqui, o movimento de Havertz cria espaço entre linhas para Ødegaard, que consegue fazer o passe para Bukayo Saka na direita. No entanto, com o Porto a defender a sua área com sete homens, não há cruzamento e o Arsenal acaba por ter de recuar.

A organização defensiva do Porto

In the Zone: a organização defensiva do Porto

O Porto só não tinha sofrido golos em um dos seis jogos da fase de grupos, mas desde então encontrou o seu ritmo defensivo, tendo esta sido a sexta partida seguida em casa sem qualquer tento encaixado. Conseguiu-o com uma exibição marcada pela disciplina e pelo trabalho.

Como afirmou o treinador Sérgio Conceição: "Estivemos muito bem a nível táctico. Os jogadores perceberam o plano de jogo. Os alas [Gabriel] Martinelli e Saka são muito rápidos e Ødegaard e Havertz por dentro são muito difíceis de bloquear. Estivemos muito bem, controlámos as jogadas em profundidade e também as [tentativas de] jogar por dentro."

O primeiro clipe acima mostra como os Dragões protegeram o espaço central, empurrando o Arsenal para trás. De uma perspectiva táctica, o ponto-chave aqui é a forma como, num 4-1-4-1 defensivo, cada um dos extremos trabalha em conjunto com o jogador do meio-campo atrás de si para proteger o espaço. Na direita, Pepê e Francisco Conceição trabalham em conjunto, enquanto Nico González e Galeno fazem o mesmo na esquerda.

"Mostraram excelente intensidade e posicionamento, bloqueando quaisquer bolas por dentro e mantendo boas distâncias", considerou o observador da UEFA.

O segundo clipe mostra o Arsenal a tentar progredir com a bola e o Porto a proteger novamente as zonas centrais. Galeno, que viria a marcar o único golo do jogo, é destacado pelo seu trabalho defensivo e a sequência termina com Ødegaard a tentar um passe longo e cruzado – em resposta ao desafio de encontrar espaço no centro.

Para realçar a frustração do Arsenal, é de realçar, que entre o minuto 53 e os descontos, não fez qualquer remate. "Na segunda parte, o maior impacto do jogo foi a estrutura e a organização defensiva do Porto, mais do que o jogo de construção do Arsenal", afirma o observador.

O desejo do Porto em manter o Arsenal longe da sua área também se reflecte no facto de ter ganho 54% dos duelos, uma taxa de sucesso apenas superada pelo Inter (64%) entre as equipas que disputaram os oitavos-de-final esta semana.

O Porto em posse

In the Zone: A ameaça do Porto nas alas

No meio de um esforço defensivo impressionante, o Porto também produziu as duas únicas tentativas de remates à baliza deste jogo da primeira mão, na quarta-feira. Este facto é fruto do jogo directo no ataque, procurando o um contra um nos espaços, sobretudo pela direita.

O primeiro clipe acima mostra o início da jogada que levou Galeno a falhar por pouco o golo na primeira parte e começa com a equipa a construir a partir da sua própria baliza, tentando ludibriar o Arsenal através da ocupação com muita gente na direita e progredindo através do seu formato de diamante no meio.

No segundo clipe, vemos um exemplo do seu trabalho pela direita, onde o lateral João Mário e o extremo Francisco Conceição colocam pressão no defesa-esquerdo do Arsenal, Jakub Kiwior.

Quando a oportunidade surgiu, a equipa da casa conseguiu fazer avançar rapidamente os seus jogadores e beneficiou do um para um dos seus atacantes – como se pode ver no último clipe com a troca rápida de pé de Francisco Conceição.

Lições para o desenvolvimento dos jogadores

"Estes artigos de análise fazem parte de uma estratégia que consiste em traduzir os resultados das competições dos nossos clubes seniores e das nossas selecções nacionais em informações úteis para o desenvolvimento dos futebol jovem de elite. Ao analisar as tendências da Champions League, masculina e feminina, estes artigos podem ser utilizados como um motor para o desenvolvimento de jogadores por toda a Europa.""
Olivier Doglia, Director do Departamento de Formação e Desenvolvimento Técnico da UEFA

Resumo: FC Porto 1-0 Arsenal