O UEFA.com funciona melhor noutros browsers
Para a melhor experiência possível recomendamos a utilização do Chrome, Firefox ou Microsoft Edge.

Entrevista exclusiva com Ángel Di María

O jogador argentino do Benfica fala do regresso ao clube, das origens humildes, da comemoração dos golos, do grupo das Águias na Champions League e de tatuagens.

Ángel Dí María faz a sua comemoração habitual  após marcar o primeiro golo da vitória do Benfica sobre o Porto, por 2-0, na Supertaça de Portugal, em Agosto
Ángel Dí María faz a sua comemoração habitual após marcar o primeiro golo da vitória do Benfica sobre o Porto, por 2-0, na Supertaça de Portugal, em Agosto Getty Images

Regressado este Verão ao Benfica, de onde saiu em 2010, Ángel Di María converteu-se num dos mais entusiasmantes jogadores do futebol mundial. Nesta entrevista exclusiva ao UEFA.com, o astro argentino de 35 anos, que soma seis golos e uma assistência esta época em oito jogos em todas as competições, fala do desejo de "voltar a casa", das origens humildes, do gesto que faz quando festeja um golo, do grupo das Águias na Champions League e... de tatuagens.

Números de Ángel Di María na Champions League

Jogos: 104
Golos: 22
Assistências: 38
Títulos: 2013/14 (Real Madrid)

O chamamento do Benfica

Quando o meu ano em Itália chegou ao fim, não pensava noutra coisa que não fosse em regressar a casa. Senti que voltar a Lisboa era como regressar a casa. Além disso, queria muito que os meus filhos vissem e vivessem o que eu tinha vivido há 13 anos. A verdade é que só pensava nisso. O Presidente [do Benfica, Rui Costa] até falou disso recentemente – não estava interessado em mais nenhuma proposta, só queria assinar contrato com o Benfica, nada mais. Portanto, a única coisa que me passou pela cabeça foi voltar a vestir esta camisola e voltar a ser feliz num sítio onde já tinha sido muito feliz. Foi esse o único pensamento que me passou pela cabeça.

Veja todos os golos de Di María na Champions League

A multidão no regresso

Quando estava quase a regressar vi as minhas redes sociais e reparei que os adeptos do Benfica se mostravam muito contentes por eu estar de volta. É algo que nunca vou esquecer. A dimensão da recepção que me deram nunca tinha sido vista em Portugal, não é muito comum. Por isso, foi um privilégio para mim ter aparecido tanta gente e lotado a zona envolvente do estádio do Benfica só para me receber. Foi verdadeiramente fantástico, uma experiência muito bonita. Eu e a minha família nunca o iremos esquecer, por isso agora é dar o meu melhor em campo para poder retribuir todo o carinho que tenho recebido desde que voltei ao clube.

Os reis dos golos e das assistências

As diferenças

Houve mudanças [nos 13 anos em que estive fora]. O estádio é o mesmo: enorme e cheio em todos os jogos, o que é muito importante para o clube. Há pelo menos 58.000 pessoas em cada jogo. Isso é incrível. As instalações de treino também mudaram muito. O clube cresceu imenso nestes últimos 13 anos e houve grandes mudanças desde o dia em que saí até agora. Isso deve-se às pessoas que gerem o clube e essas mudanças têm sido muito positivas. A primeira vez que aqui estive, as instalações estavam ao nível de clubes como o Real Madrid ou outros grandes clubes europeus. No entanto, agora ultrapassou muitas das grandes equipas da Europa onde joguei. Sinceramente, penso que qualquer jogador deve sentir-se privilegiado por estar aqui. Estou muito feliz por ter voltado porque agora posso viver tudo de novo e com instalações incríveis!

A importância do Benfica

Grandes golos do Benfica na Champions League

Digo que o Benfica é a minha "equipa europeia" porque foi lá que cheguei [ao futebol de elite], foi lá que me tornei realmente jogador, porque quando vim da Argentina só tinha feito 36 jogos no Rosário Central. Tive a sorte de haver um Campeonato Sul-Americano [de Sub-20] e um Mundial [Sub-20 da FIFA] a meio [da época para me dar a conhecer], o que me proporcionou a oportunidade de vir para a Europa – e acabei a vencer neste clube. Os dois primeiros anos foram difíceis em termos de sacrifício: ficar no banco e tentar mostrar que era tão bom como os que estavam a jogar. Sofri muito nesses dois anos para conseguir um lugar na equipa. Depois, no terceiro, acabei por ganhar títulos. Cresci aqui como futebolista e tive a oportunidade de jogar ao lado de Rui Costa, que é actualmente o Presidente [do clube] – e isso mostra bem a minha idade! Jogar na Europa League e na Champions League ajudou-me muito a crescer e a ser quem sou. Este clube mostrou-me a vontade de continuar a ganhar.

As dificuldades e os sacrifícios

Ángel Di Maria festeja com o troféu após vencer a final da Champions League  de 2014 pelo Real Madrid no Estádio do SL Benfica, em Lisboa
Ángel Di Maria festeja com o troféu após vencer a final da Champions League de 2014 pelo Real Madrid no Estádio do SL Benfica, em LisboaGetty Images

O que se vive em criança é o que nos faz lutar por algo desde tenra idade. Ajuda-nos a compreender mais tarde, quando somos adultos, que temos de nos esforçar e de lutar por tudo na vida para o conseguirmos. O meu pai ensinou-me isso: trabalhar, encher os sacos [com carvão], ir para a escola, voltar da escola e ir treinar – independentemente de estar ou não cansado, sempre com aquela mentalidade de querer mais e mais. O meu pai ajudou-me nesse sentido. A minha mãe sempre me apoiou e disse-me sempre que eu ia conseguir, mas quem me ensinou o que era o sacrifício foi o meu pai: era ele quem me obrigava a trabalhar, quem me obrigava a entregar carvão com ele, quem me obrigava a ir para casa, a carregar de novo, a ir para a escola, a voltar, a pegar na bicicleta e a ir treinar. Ainda hoje, com 35 anos, continuo a fazer esse sacrifício em campo. Quero sempre mais: quero mais golos, fazer mais assistências. Os objectivos mudam. Na altura, enchia os sacos [com carvão], agora quero marcar golos e fazer assistências.

Sempre disse que jogo pelo divertimento, com o mesmo sentido de prazer e o mesmo desejo. Cada jogo é como se estivesse a jogar com os meus amigos. É isso que me estimula e me leva a continuar a jogar – ter 35 anos e querer ainda continuar.

O que significa a Champions League

Di María brilha na final de 2014 em Lisboa

É uma das competições mais importantes do mundo e uma competição maravilhosa. Claro que, quando se ouve o hino, quando se está prestes a jogar contra os melhores jogadores, quando se chega às últimas fases, a adrenalina é muito diferente da de outras competições. É muito especial. A Champions League é maravilhosa. É uma competição muito difícil [de ganhar]. Por vezes, é preciso não só ter os melhores jogadores na equipa, mas também um pouco de sorte do nosso lado. Tive a oportunidade de a ganhar e de erguer o troféu, e é uma sensação única. É um momento lindo. Acho que a única coisa que a supera é o Campeonato do Mundo, nada mais se aproxima. A Champions League é a maior competição [de clubes] que se pode ganhar e é maravilhosa.

O gesto de comemoração dos golos

Ángel Di María e o seu festejo habitual quando marca golos, aqui ao serviço do Paris Saint-Germain
Ángel Di María e o seu festejo habitual quando marca golos, aqui ao serviço do Paris Saint-Germain©Getty Images

A comemoração do meu golo tem um significado muito especial para mim, porque é dedicado à minha mulher. Tudo começou aqui, no Benfica, quando ela veio viver comigo. A partir desse momento, penso que nunca mais o mudei. É dedicada a ela, porque é ela que me apoia, que está sempre ao meu lado e sempre a lutar por mim. Ela deixou tudo para trás para vir viver comigo, juntamente com as minhas filhas, e lidou com tudo para que eu pudesse concentrar-me totalmente no futebol. Por isso, acho que o mínimo que podia fazer era dedicar-lhe os meus golos e é por isso que, depois de cada golo que marco, faço o gesto do coração.

Factos do Inter - Benfica

O grupo do Benfica na Champions League

Ángel Di María em campo pelo Benfica frente ao Salzburgo na Jornada 1 da Champions League de 2023/24
Ángel Di María em campo pelo Benfica frente ao Salzburgo na Jornada 1 da Champions League de 2023/24AFP via Getty Images

É um grupo muito competitivo. Tudo se resume a pequenos pormenores. Tivemos muitas oportunidades para ganhar o primeiro jogo. O cartão vermelho [visto muito cedo por António Silva na derrota em casa com o Salzburgo, por 2-0, na Jornada 1] perturbou-nos um pouco. Mesmo assim, podíamos ter ganho, apesar de estarmos reduzidos a dez. Tivemos muitas oportunidades, mas o futebol é assim e, por vezes, quando a bola não quer entrar, não entra! Vimos o empate no outro jogo entre a Real [Sociedad] e o Inter, e o Inter esteve muito perto de perder. Vai ser uma luta entre as quatro equipas e vamos tentar dar o nosso melhor. Esta competição resume-se a pequenos pormenores, a pequenos erros. Um penálti ou um cartão vermelho podem mudar tudo.

Palmarés de Ángel Di María

Clubes
Benfica: 1 Liga, 1 Supertaça portuguesa, 2 Taça da Liga
Real Madrid: 1 Champions League, 1 Supertaça Europeia (suplente não utilizado), 1 La Liga, 2 Taça de Espanha, 1 Supertaça espanhola
Manchester United: -
Paris Saint-Germain: 5 Ligue 1, 5 Taça de França, 4 Supertaça francesa, 4 Taça da Liga
Juventus: -

Argentina
Campeonato do Mundo da FIFA, Finalíssima Intercontinental, Copa América, Campeonato do Mundo de Sub-20 da FIFA, Jogos Olímpicos