In the Zone: Análise ao Liverpool 2-0 Atlético
sábado, 6 de novembro de 2021
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O painel de Observadores Técnicos da UEFA recorda como os "reds" atingiram os oitavos-de-final graças a uma vitória confortável.
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O Liverpool alcançou mais um marco europeu com a vitória sobre o Club Atlético de Madrid, que garantiu o primeiro lugar do Grupo B a dois jogos do fim. A formação de Anfield cunca tinha ganho os primeiros quatro jogos na fase de grupos da UEFA Champions League, mas agora conseguiu esse feito graças a uma exibição irresistível para a qual o campeão espanhol não teve resposta.
Neste artigo, o painel de Observadores Técnicos da UEFA analisa a forma como os "reds" venceram, incluindo o movimento inteligente que ajudou a desestabilizar a equipa de Diego Simeone na noite de quarta-feira.
Golos
1-0: Diogo Jota (13)
Trent Alexander-Arnold iniciou a jogada ao entrar no meio-campo adversário e fazer um passe para a frente para Jordan Henderson, que tinha assumido posição na ala direita. Depois, o capitão combinou com Mohamed Salah, solicitando o egípcio bem aberto na direita antes de receber a bola de volta. Com três jogadores adversários a serem atraídos para a dupla, Alexander-Arnold ficou completamente livre no canto da área, onde recebeu um passe de Henderson. Com um bom ângulo para cruzar, o lateral-direito passou de primeira para a pequena área, onde Jota apareceu a cabecear ao segundo poste.
2-0: Sadio Mané
Kostas Tsimikas fez um lançamento lateral na esquerda para Jota, cujo primeiro toque para dentro encontrou Mané com ângulo apertado, Rodrigo De Paul nas suas costas e Koke a aproximar-se pela esquerda. Foi aqui que entrou um notável gesto inteligente do senegalês, que girou nas costas dos adversários e levou a bola da esquerda para a direita antes de passar para Henderson, que por sua vez solicitou Alexander-Arnold. O que veio a seguir foi um passe rasteiro que Mané, o homem que tinha iniciado a jogada, finalizou de primeira.
Melhor Jogador
Um ano após o seu "hat-trick" na UEFA Champions League na visita à Atalanta, Jota voltou a brilhar e foi eleito Melhor em Campo. "Ele joga bem entrelinhas, deixando sempre os centrais do Atlético em dúvida, e combina bem de costas para a baliza", disse Tim Cahill, Observador Técnico da UEFA, sobre a contribuição do atacante português, que também incluiu "desmarcações para fora do raio de visão dos defesas na área e movimentações ameaçadoras rumo à última linha defensiva do Atlético". Cahill continuou: "Sem bola, a sua mentalidade para contra-pressionar rapidamente após uma perda permite ao Liverpool recuperar a bola em zona alta e assim criar logo situações de perigo".
Táctica das equipas
Liverpool
A formação do Liverpool foi um 4-3-3 em que a largura veio dos laterais Alexander-Arnold (No66) e Tsimikas (No21). O primeiro comentou depois que os anfitriões tinham sido instruídos a "serem flexíveis, mover-se e criar confusão", e as suas rotações no flanco direito eram dignas de registo: Henderson (No14) recuava para lateral-direito e Alexander-Arnold flectia para dentro, deixando o flanco aberto para Salah (No11) atacar.
No centro, Jota (No20) deambulou como "falso Nº9", enquanto Mané (No10) ocupou posições entre o lateral e o defesa-central esquerdo. Sem bola, os pupilos de Jürgen Klopp mantiveram a mesma disposição táctica mas procuraram empurrar o jogo para as laterais, por forma a recuperarem a bola nessas zonas e lançar transições rápidas.
Atlético de Madrid
Em posse, o Atlético instalou-se em 3-4-2-1 e procurou lançar a bola rapidamente para os três atacantes e usar mudanças de flanco para libertar os laterais. Sem bola, mudaram para um 5-3-2, defendendo de forma estreita e compacta, com Joaquín Correa (No7) a recuar para formar um meio-campo a três plano, ao lado de Koke (No6) e De Paul (No5), e um dos centrais laterais a pressionarem Mané e Jota no espaço entrelinhas quando estes recuavam.
Essa estrutura defensiva em 5-3-2 visa explorar fragilidades adversárias em contra-ataque, mas o Atlético teve de mudar assim que se viu reduzido a dez jogadores. Simeone mudou para um 4-4-1, que envolvia um meio-campo a quatro plano para cobrir as distâncias e na esperança de tirar dividendos lançando Luis Suárez (No9) no contra-ataque.
Destaques
A maior intensidade do Liverpool foi crucial para a sua superioridade. Atacaram rapidamente e criaram um ímpeto irresistível. Ao contra-pressionar rapidamente após perderem a posse de bola, conseguiram manter os ataques no meio-campo adversário, e também se deve destacar a variedade na abordagem, com o uso de rotações nos flancos para criar lances de um-contra-um e Jota a recuar para zonas entrelinhas para causar problemas. Jota foi eleito Melhor em Campo, mas Alexander-Arnold, com a 10ª e 11ª assistências na competição, também deu nas vistas, graças a uma capacidade ímpar para cruzar e à abordagem ofensiva e defensiva em transições.
A expulsão de Felipe aos 36 minutos mudou o ritmo do jogo. A vencer por 2-0, o Liverpool manteve a posse de bola, administrando bem o jogo através da sua disciplina e intensidade. Deu poucas hipóteses de contra-ataque ao Atlético: um único erro na segunda parte, quando o suplente Thiago Alcántara perdeu a bola para De Paul, resultou numa oportunidade para o suplente Héctor Herrera, mas tirando isso as oportunidades dos visitantes foram escassas. Na verdade, exceptuando o golo anulado a Suárez, não fizeram um único remate à baliza.
O Atlético ainda não manteve a baliza a zeros em jogos fora esta temporada, mas isso não se deve à acção do guarda-redes Jan Oblak, que com a sua abordagem confiante, distribuição e tomada de decisão sólida, impressionou os observadores da UEFA. Esta é uma equipa conhecida pela sua habitual forte organização defensiva e boas opções de contra-ataque.
Na primeira parte houve um claro exemplo do objectivo do Atleti em explorar o espaço deixado pelos centrais do Liverpool: De Paul roubou a bola e João Félix solicitou Suárez pelo lado direito, mas o contra-ataque não resultou devido a um mau passe do uruguaio. A expulsão de Felipe não ajudou, pois o ala Yannick Carrasco, por exemplo, não mais conseguiu reproduzir algum do seu trabalho madrugador entrelinhas.
Análise dos treinadores
Jürgen Klopp, treinador do Liverpool: "O jogo foi quase perfeito, tal como queríamos: marcámos nos momentos certos. Eles tiveram mais ascendente do que no jogo anterior, na forma como começaram, mas defendemos bem e, tenho de o dizer, o Trent fez dois passes incríveis que possibilitaram os golos".
Diego Simeone, treinador do Atlético: "Eles tiveram um óptimo começo e foram muito poderosos. Não conseguimos jogar o jogo que queríamos e tivemos que trabalhar com um homem a menos. Eles foram muito precisos. O Alexander-Arnold fez um cruzamento fantástico, já para não falar que o Liverpool joga a uma velocidade que tira o que de melhor os seus jogadores têm para dar".