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Pančev recorda triunfo histórico de 1991

Vinte anos após o Estrela Vermelha ter vencido o Marselha na final da Taça dos Campeões, Darko Pančev recorda o ponto alto da carreira integrado numa "excelente geração".

Pančev recorda triunfo histórico de 1991
Pančev recorda triunfo histórico de 1991 ©UEFA.com

"Penso que não tínhamos medo de nenhuma equipa, independentemente do nome do adversário." Darko Pančev recordou desta forma o sentimento de invencibilidade que viveu na equipa do FK Crvena Zvezda que conquistou a Europa há duas décadas.

Pančev fez parte de uma "excelente geração" de jogadores de futebol dos Balcãs – onde se incluíam Dejan Savićević, Robert Prosinečki, Vladimir Jugovic e Siniša Mihajlović – e que se tornou na última equipa a levar a Taça dos Clubes Campeões Europeus para a Europa de Leste, depois de bater o Olympique de Marseille na final de Bari, a 29 de Maio de 1991. Foi o último título do futebol da antiga Jugoslávia antes da eclosão do conflito nos Balcãs, na década de 1990, e foi conquistado num desempate em que a última grande penalidade foi convertida por Pančev, que colocou o resultado final em 5-3.

O antigo jogador, de 45 anos, recordou o momento em que avançou para a marca de grande penalidade para bater o guarda-redes Pascal Olmeta: "Foi muito difícil caminhar do círculo central até à área, pois nesses dez segundos passaram muitas coisas pela minha cabeça, como 'não falhes, não cometas um erro', mas estava muito concentrado quando peguei na bola e a coloquei na marca dos 11 metros. Tentei concentrar-me ao máximo para ter sucesso." Pančev recordou que o Estrela Vermelha beneficiou de o campeonato jugoslavo ter nessa altura uma regra, que vigorava há três anos, que obrigava ao desempate por grandes penalidades sempre que um jogo terminava numa igualdade. "Estávamos habituados, por isso foi normal que nenhum dos cinco jogadores tivesse falhado."

O empate na final contra o Marselha foi um grande contraste em relação aos jogos anteriores do Estrela Vermelha na prova. Os jugoslavos deixaram pelo caminho o Grasshopper-Club, Rangers FC, 1. FC Dynamo Dresden e FC Bayern München, com Pančev - que nessa época apontou 34 golos e conquistou a Bota de Ouro – a marcar em todas as eliminatórias.

O clube de Belgrado marcou 19 golos nos oito jogos até à final, mas Pančev reconhece que a equipa de Ljubomir Petrović foi influenciada pela importância do desafio no Stadio San Nicola. "Trocámos demasiado a bola naquele jogo, parámos demasiado a circulação. Ficámos exaustos, as pernas pesavam como chumbo e considero que não estivemos ao nosso melhor nível, embora não tenhamos feito uma má exibição."

Vale a pena recordar que o Estrela Vermelha tinha um grupo de jogadores com enorme talento, especialmente no meio-campo, onde contava com a criatividade de Savićević, Jugović, Mihajlović e Prosinečki. Os dois primeiros voltariam a conquistar a Taça dos Campeões Europeus pelo AC Milan e Juventus, enquanto Prosinečki ajudou a Croácia a alcançar o terceiro lugar no Campeonato do Mundo de 1998. "Todos nós estávamos conscientes de que tínhamos uma excelente equipa, com jogadores extraordinários," afirmou Pančev, que tinha sido contratado pelo clube de Belgrado ao FK Vardar, em 1988.

"Estávamos em forma fisicamente e o ambiente na equipa era excelente. Considero que é muito importante existir um ambiente positivo. Se não há um espírito vencedor e amizade, uma equipa não consegue fazer grandes resultados, independentemente da qualidade dos jogadores. Penso que o Estrela Vermelha teve tudo isto, éramos verdadeiros amigos, conscientes das nossas capacidades e todos tínhamos o grande desejo de alcançar o sucesso. Foi isso que fizemos."

Pančev, que teve uma passagem infeliz pelo FC Internazionale Milano, lamenta que o conflito nos Balcãs tivesse levado ao desmembramento precoce da equipa, apesar de ainda ter conquistado a Taça Intercontinental de 1991 frente ao CD Colo Colo. Não foi apenas a carreira ao nível de clubes de Pančev que foi afectada. Um ano depois, a Jugoslávia foi impedida de participar no EURO '92, na Suécia, e o título foi conquistado pela selecção que a substituiu, a Dinamarca.

"Tive pena que a equipa do Estrela Vermelha se tenha separado, pois considero que, se tivéssemos continuado juntos, teríamos tido muito sucesso, como aconteceu com o Bayern de Munique e o Ajax, que venceram várias vezes a UEFA Champions League," lamentou Pančev. "Considero que aquela geração do Estrela Vermelha poderia ter feito o mesmo." Apesar de tudo, aquele grupo de jogadores continua a poder orgulhar-se de um triunfo importante que, 20 anos depois, ainda não foi esquecido.

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