A "noite memorável" do Inter em Madrid
quarta-feira, 22 de dezembro de 2010
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Os protagonistas da vitória do Inter sobre o Bayern na final da UEFA Champions League relembram esse triunfo mais de seis meses depois, com José Mourinho a recordar: "Chorei porque era a hora de dizer adeus."
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Seis meses passaram desde que o FC Internazionale Milano conquistou a UEFA Champions League, mas, para os jogadores que colocaram fim à longa espera do clube milanês pela conquista do seu terceiro título de campeão, a memória do triunfo em Madrid está tão fresca como se o jogo da final tivesse sido ontem.
Desde 1965 que o Inter não conquistava o mais desejado troféu do futebol europeu de clubes e, depois de deixar pelo caminho o poderoso Chelsea FC e o FC Barcelona, então detentor do título, marcou encontro com o FC Bayern München na final, onde não deixou escapar a oportunidade.
"Lembro-me de [José Mourinho] afirmar que estávamos ali porque merecíamos estar na final e que não queria regressar a Milão sem sentir o sabor da vitória", recordou Maicon ao UEFA.com. O lateral-direito e os seus colegas asseguraram mesmo que o técnico português não regressasse a casa de mãos a abanar.
A formação da Serie A ganhou vantagem à passagem do minuto 35, quando Diego Milito desviou um alívio de Júlio César para Wesley Sneijder. O ponta-de-lança argentino correu, depois, mais rápido que todos para receber o bem medido passe de devolução do colega, finalizando da melhor forma e colocando a sua equipa a vencer por 1-0.
"É difícil descrever", afirmou Milito. "Foi um bom golo. Primeiro, há que destacar o passe efectuado pelo Wesley; não tinha muito tempo para pensar no que fazer e decidi não chutar de imediato. Vi o guarda-redes movimentar-se e, então, rematei. Felizmente, a bola entrou."
Sneijder contou, também, a sua versão da história: "Lembro-me muito bem desse momento. Recebi a bola de costas para a baliza e rodei rapidamente. Vi o Milito a desmarcar-se e passei-lhe a bola com conta, peso e medida, no momento certo. Foi extraordinário. Um momento fantástico."
O bom trabalho do Inter quase caía por terra devido à acção de Thomas Müller no arranque do segundo tempo, mas uma intervenção brilhante de Júlio César, com uma defesa por instinto num remate à queima-roupa, segurou a vantagem. "A segunda parte tinha começado há poucos instantes", relembra o guardião internacional brasileiro. "Foi um lance de um-para-um e consegui efectuar uma defesa importante, que nos manteve na frente do marcador."
Milito acrescentou: "O meu coração parou por um segundo, mas ele fez uma defesa espectacular que segurou a nossa vitória". Por mais importante que essa intervenção tenha sido, contudo, foi o segundo golo de Milito, a 20 minutos do apito final, que selou o triunfo milanês.
Num lance de contra-ataque, o internacional argentino recebeu um passe de Samuel Eto'o e, depois de correr até à entrada da área contrária, deixou Daniel Van Buyten pelo caminho antes de desferir um remate que não deixou quaisquer hipóteses de defesa a Hans-Jörg Butt. "Estava já tão cansado que nem tinha forças para perceber o que tinha acabado de fazer, mas depressa compreendi que a final tinha ficado praticamente decidida. Estávamos a jogar bem e sabíamos que aquele segundo golo os ia deixar bastante abatidos."
O mesmo pensamento passou pela cabeça de Maicon: "Olhei para o céu, depois para a minha família no estádio e, por fim, para o Milito. Ele merecia desfrutar ao máximo daquele momento, pois tinha trabalhado bastante para ele. Aquele segundo golo decidiu o jogo." Sneijder concordou: "Senti que estava mesmo tudo decidido e o nosso adversário ficou com a mesma sensação."
Pouco depois, começaram os festejos a sério. "Não há muito a dizer sobre isso", confessou Maicon. "Para um jogador como eu, que passou por grandes dificuldades no início da carreira, ultrapassar esses obstáculos e chegar à Europa e a um clube tão grande como o Inter, com o objectivo de ganhar grandes títulos, e depois conquistar a UEFA Champions League... Foi o melhor momento da minha vida."
Para Júlio César as emoções foram similares. "Quando Mourinho chegou ao clube, disse-lhe para me fazer beijar aquela Taça", recordou. "Aquele foi o momento mais feliz da minha carreira. Todos os jogadores sonham com a oportunidade de beijar aquele troféu e eu tive oportunidade de o fazer, juntamente com os meus colegas. Foi um momento fantástico, que nunca irei esquecer."
Quanto a Mourinho, o apito final do encontro no Santiago Bernabéu coincidiu com o fim de uma era. "Chorei porque estava a dizer adeus", explicou o treinador que rumou ao Real Madrid CF. "Sucedeu o mesmo no FC Porto. A vitória na final da UEFA Champions League foi o meu último jogo à frente do clube. É a melhor maneira de deixar uma equipa e um trabalho, com a sensação de dever cumprido. Com a emoção da vitória, mais a de dizer adeus aos meus jogadores, foi uma noite incrível para mim - uma das minhas melhores noites no futebol."