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Mourinho pronto para desafio especial

Acabado de conduzir o Inter a um êxito sem precedentes, José Mourinho está agora ao leme do Real Madrid e aponta baterias à conquista da sua terceira UEFA Champions League ao leme de um terceiro clube.

Mourinho pronto para desafio especial
Mourinho pronto para desafio especial ©UEFA.com

A alcunha tornou-se tão omnipresente e adequada que muito esqueceram que José Mourinho apenas se baptizou a si mesmo como "Special One" ao guiar o FC Porto à conquista da UEFA Champions League em 2004.

Mourinho chegou ao Chelsea FC depois de uma brilhante carreira no comando dos "dragões", culminada com o triunfo por 3-0 sobre o AS Monaco FC, em Gelsenkirchen. Dado o contexto, o título de "especial" não podia ser visto como ilegítimo. Agora ao leme do Real Madrid CF, no sempre exigente banco de suplentes do Santiago Bernabéu, chega mais uma vez ao comando de um clube na condição de campeão europeu.

Na última época, o técnico português viu o seu FC Internazionale Milano limpar tudo o que lhe surgiu pela frente, conquistando a Serie A, a Taça de Itália e a UEFA Champions League. Mourinho brilha porque parece capaz de transformar em ouro tudo o que toca.

Apesar de tudo, é bom escutar com atenção as suas palavras. Mourinho fez questão de deixar claro que, desde que substituiu Manuel Pellegrini no Real, a construção da equipa e do "onze" titular é um trabalho ainda em desenvolvimento.

Criar uns alicerces sólidos é, salienta, quase tão importante como prometer a conquista de troféus. Assim, o entusiasmo criado pelo sorteio da fase de grupos da edição desta temporada da UEFA Champions League - que colocou o Real no Grupo G, juntamente com AC Milan AFC Ajax e AJ Auxerre – foi encarado por Mourinho com um lamento e um cerrar de dentes.

"Para dizer a verdade, nunca fui muito feliz com sorteios", lembrou ao UEFA.com. "Acabo, sempre, por apanhar pela frente antigos campeões europeus. No Chelsea defrontei o FC Porto, depois, no segundo ano, jogámos contra FC Barcelona e Liverpool FC. No Inter encontrámos o Manchester United na fase grupos num ano e o Barcelona no ano seguinte. Estava a contar continuar esta tradição e apanhar o Inter no nosso grupo. O sorteio acabou por nos colocar pela frente Milan e Ajax, dois clubes com enorme historial e uma forte cultura futebolística, que contam no seu palmarés com vários títulos europeus".

Mourinho espera ter já conseguido deixar o seu cunho na equipa do Real quando esta receber o Ajax na capital espanhola, a 15 de Setembro, embora não possa contar com Kaká, Raúl Albiol e Fernando Gago, devido a lesões e tenha ainda Lassana Diarra, Pepe e Cristiano Ronaldo numa luta contra o tempo para recuperarem de problemas físicos.

"Jogar em casa frente a Ajax e Milan motiva jogadores e adeptos", destacou Mourinho. "Receber essas equipas no Santiago Bernabéu na fase de grupos, em vez de defrontar equipas de Israel ou Chipre, que se estreiam na competição, é mais motivador. A fase de grupos é curta. Jogam-se seis jogos em três meses. Pode perder-se um jogo, mas não se pode dar ao luxo de perder dois. Particularmente quando se tem uma equipa nova, como a nossa. Há muita pressão e será complicado".

E, como seria de esperar de Mourinho, é a recepção ao Ajax e não a visita ao heptacampeão europeu AC Milan que deixa treinador dos "Merengues" mais ansioso. "O Ajax tem uma cultura muito própria, uma filosofia única de treino e de jogo", explicou. "É, por isso, naturalmente, um adversário pouco confortável de defrontar. Tem jogadores que se apresentaram muito bem no Campeonato do Mundo, como Luis Suárez, Maarten Stekelenburg e Gregory van der Wiel, e outros jogadores de grande qualidade, como Urby Emanuelson e Eyong Enoh. Não vai, pois, ser um encontro fácil".

"A partida da quarta jornada assinalará o meu primeiro jogo em Milão após a conquista da Champions League", prosseguiu Mourinho. "Espero que jogar em San Siro, num estádio onde não perdi durante dois anos, me traga sorte. O Milan é um grande oponente, que sempre respeitei. E que também sempre me respeitou.

"Vou regressar a San Siro como treinador do Real Madrid e não como ex-treinador do Inter. Sei que se irão escrever coisas como 'Adeptos do Inter apoiam antigo treinador frente ao Milan'. Mas que importa? Vou partir para esse jogo como um profissional apostado em levar a sua actual equipa a alcançar o resultado de que necessita".

Mourinho é o décimo treinador a passar pelo comando técnico do Real desde que Vicente del Bosque completou um ciclo de quatro temporadas completas à frente da formação madrilena. Pressão por parte da direcção do clube, da comunicação social e dos adeptos é inerente ao cargo. Mas o novo técnico "merengue" não se mostra, para já, preocupado em conquistar o público. "Os adeptos não são parvos. Percebem logo se um treinador vai dar tudo o que pode ao clube".

E acrescentou: "Uma das minhas qualidades é não me preocupar comigo. Não faço questão de me proteger. Estou no futebol para dar tudo ao clube que oriento. Por vezes, acabo por dar comigo em situações problemáticas ou guerras de clubes. Não goto de usar essa palavra, mas não encontro uma melhor. Tal acontece porque, quando chego a um clube, visto de imediato a sua camisola".

"Mesmo não tendo nascido adeptos do Chelsea, do Inter ou do Real Madrid, os adeptos percebem de imediato que sou um deles. Isso, aliado aos bons resultados, normalmente leva à construção de uma boa relação. Vou dar tudo e esperar que os resultados surjam". Por norma, acabam por surgir, e é precisamente isso que torna José Mourinho tão especial.

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