Mourinho atinge o estrelato

Por Paul Saffer

Ao lado das estrelas da edição de 2003/04 da UEFA Champions League, como Fernando Morientes, Frank Lampard ou Walter Pandiani, perfila-se um homem que num espaço de dois anos se afirmou como um dos mais admirados e pretendidos técnicos do futebol europeu.

Treinador em foco
José Mourinho era, até há 18 meses atrás, pouco conhecido fora dos limites da Península Ibérica. Todavia, o antigo tradutor de Sir Bobby Robson é, nos dias de hoje, um dos treinadores mais em foco do Velho Continente. Desde que assumiu o comando técnico do FC Porto, em Janeiro de 2002, o reinado de Mourinho redundou num sucesso estrondoso. Consumada a participação na competições europeias, seguiu-se, na época passada, a "dobradinha" interna e a conquista da Taça UEFA. Na presente temporada, os "dragões" celebraram o bicampeonato e garantiram a presença na final da Liga dos Campeões, que se joga na próxima quarta-feira.

Triunfo em Old Trafford
O momento em que Mourinho percebeu que a vitória na mais importante competição de clubes da Europa estava ao alcance da sua equipa, surgiu no dia 9 de Março. Nessa ocasião, em Old Trafford, na segunda mão da primeira eliminatória da segunda fase da competição, o FC Porto tentava anular a vantagem do Manchester United FC, oferecida pelo golo apontado fora de casa. E quando já quase ninguém acreditava, Costinha acorreu a um ressalto e colocou a equipa portista nos quartos-de-final da prova (3-2 no total da eliminatória).

Sinal decisivo
"Quando triunfámos em Manchester, começámos a pensar que a partir do momento que chegámos aos quartos-de-final, poderíamos alcançar as meias-finais e, de seguida, chegar à final", afirmou o técnico, de 41 anos de idade. "Agora, estamos na final e podemos vencer, mas no início o nosso objectivo na competição era, simplesmente, passar à segunda fase".

"Não há formula secreta"
Como pôde, então, um conjunto maioritariamente alicerçado  em elementos formados no clube ter êxito numa competição onde, nesta época, fracassaram equipas como Real Madrid CF, AC Milan e Chelsea FC? "Não existe nenhuma fórmula secreta", insistiu Mourinho. "Temos, simplesmente, uma grande equipa, com um excelente grupo de jogadores, que trabalharam e cresceram juntos durante o último par de anos".

Ascensão pessoal
A ascensão pessoal de Mourinho tem sido impressionante. O técnico não foi um futebolista de alto nível, trabalhou com Bobby Robson no Sporting, no FC Porto e no FC Barcelona e, após uma passagem conturbada pelo Benfica, alcançou o primeiro sucesso como treinador principal ao serviço da União de Leiria. Foi precisamente durante o percurso em Leiria que Mourinho despertou a atenção do FC Porto, o que lhe permitiu trilhar novamente os caminhos do sucesso.

Empatia face ao Mónaco
Agora, o FC Porto tem pelo caminho o AS Monaco FC, outra equipa que ultrapassou grandes obstáculos sob a liderança de um jovem treinador, Didier Deschamps. Mourinho defende que os dois clubes têm muito comum. "Ambos os clubes possuem grandes valores, mas jogam como uma verdadeira equipa, o que é muito importante".

"As promessas realizam-se"
O técnico português tem, seguramente, uma enorme cumplicidade com os seus jogadores, como referiu ao uefa.com o ponta-de-lança Benni McCarthy: "Aprendemos que, se confiarmos em José Mourinho e cumprirmos com o que nos pede, o que ele promete começa a realizar-se". E não existirão quaisquer recriminações se o FC Porto for derrotado no último jogo.

Abordagem tranquila
"Não é justo colocar qualquer das equipas sob pressão, já que os nossos jogadores não serão melhores ou piores por vencerem ou perderem esta final", observou Mourinho. "Mas, no entanto, reconhecemos que este jogo representa muito para nós e para o nosso país".

"Momento de júbilo"
E José Mourinho acrescentou: "Poucas são as coisas que me dariam maior prazer do que vencer a Liga dos Campeões. Exceptuando algumas situações familiares que transmitem enorme alegria, como casamentos ou o nascimento de uma criança, penso que o triunfo na Liga do Campeões será um dos momentos mais importantes das nossas vidas. E falo em meu nome, em nome da equipa e dos adeptos do FC Porto. Pode ser um momento de júbilo".