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Relatório Técnico da UEFA Champions League: Cinco atrás... e à frente

A análise dos Observadores Técnicos da UEFA sobre a época 2021/22 da UEFA Champions League centra-se na maior utilização da defesa com cinco jogadores e no forte contra-ataque também com cinco elementos.

O Atlético jogou por vezes em 1-5-5-0 contra o Manchester City
O Atlético jogou por vezes em 1-5-5-0 contra o Manchester City AFP via Getty Images

"Várias vezes falamos sobre sistemas tácticos e muitas vezes esquecemos que um sistema defensivo com um comportamento muito diferente tem um efeito completamente diferente."

Esta citação de Roberto Martínez, seleccionador da Bélgica e observador de jogos da UEFA, consta de uma análise das defesas com três e cinco jogadores na UEFA Champions League da época passada referida no recém-publicado Relatório Técnico da competição de 2021/22.

Leia o Relatório Técnico na íntegra (em inglês)

As palavras de Martínez são pertinentes para destacar como uma formação táctica pode significar muitas coisas, dependendo do modo como como é aplicada. As formações mais comuns em 2021/22 foram 1-4-3-3, 1-4-2-3-1 e 1-4-4-2, e 17 das equipas que participaram na fase de grupos iniciaram pelo menos um jogo com três ou cinco defesas – e os treinadores adoptaram abordagens variadas.

Das equipas que jogaram regularmente com três ou cinco defesas, o Atlético merece destaque no relatório técnico pela sua abordagem nos quartos-de-final frente ao Manchester City, quando, como refere o documento, "a sua formação em 1-5-3-2 tornou-se às vezes num 1-5-5-0". Com isso, limitou o City a fazer dois remates à baliza na derrota por 1-0 na primeira mão.

Na segunda parte da partida da segunda mão, o Atlético fez 13 remates. Os espanhóis tinham conseguido apenas um na etapa inicial, mas, de repente, nas palavras de Martínez, "eram uma equipa diferente", gerando mais debate.

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Como destaca o relatório, os homens de Simeone mostraram na eliminatória anterior, contra o Manchester United, o potencial de ataque do seu sistema quando por vezes, para citar o relatório, "ambos os laterais jogaram quase como avançados na construção de jogo".

Defesas-centrais a avançar

O papel dos centrais na defesa é outro ponto de discussão, com o Benfica a chamar a atenção dos observadores pela maneira como fazia avançar um dos seus centrais nos seus jogos da fase de grupos sob o comando do então treinador Jorge Jesus. Citando a reportagem: "Um dos três centrais deixou a linha defensiva para desafiar um médio adversário na tentativa de atrapalhar a táctica do adversário. Com isso, o seu sistema tornou-se num 1-4-3-3 e foi um estratagema que Jan Vertonghen, em particular, executou de forma eficaz."

No caso do Chelsea, que apresentou uma estrutura em 1-3-4-2-1, destacou-se a forma como um dos seus centrais exteriores – César Azpilicueta ou Antonio Rüdiger – se adiantou para apoiar os ataques.

Leia o Relatório Técnico na íntegra (em inglês)

Cinco a atacar

Não são apenas os cincos de trás que estão sob o microscópio do relatório, mas também os cincos da frente. Os observadores da UEFA dão o exemplo do Bayern, de Julian Nagelsmann, a equipa mais concretizadora da da época passada, com 31 golos, que jogou num 1-3-2-5 ofensivo – ou em "Cinco Pistas". O relatório explica: "Eles tinham cinco avançados a trabalhar no terço final – dois alas, dois atacantes entre as linhas e Robert Lewandowski na ponta.

A flexibilidade das equipas significa hoje que outras acabaram também numa formação semelhante, nomeadamente o campeão inglês Manchester City, cujo inicial 1-4-3-3 se transformou num 1-2-3-5 quando tinha a posse da bola, envolvendo, como salienta o relatório, "uma linha de dois centrais seguidos pelo pivot único Rodri e centrais ao seu lado, jogando nos espaços.

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O City beneficiou do facto de Kevin De Bruyne e Bernardo Silva terem trabalhado entre linhas quando a bola estava do lado deles, e o relatório procura explicar o impacto desses números 8, que, "quando a bola ia para o seu lado, procuravam rapidamente uma sobrecarga com o avançado na linha lateral ou tentavam correr para a área nas costas da defesa, entre o lateral e o central. Alternativamente, se um dos números 8 fazia isso, tinha o efeito de arrastar um central adversário para fora de modo a criar espaço para a entrada de um extremo."

Equilíbrio

Um ponto final em relação aos cinco da frente é o acto de equilíbrio necessário para garantir que a sua defesa não fica exposta. No Bayern, o antigo central do clube, Willy Sagnol, é citado pela vulnerabilidade aos contra-ataques, evidenciada na derrota nos quartos-de-final diante do Villarreal. "Se perdem a bola pelo lado direito ou esquerdo, têm problemas na transição defensiva", disse.

Roberto Martínez observou também uma possível solução no uso de laterais invertidos, como o City de Pep Guardiola. "Às vezes pensamos que o lateral invertido é para dar a linha extra de passe, mas não é", afirmou ele. "É para estar pronto a recuar no caso de perda da bola, pois pode defender a posição mais rapidamente numa área central e impedir o avanço do adversário".

Leia o Relatório Técnico na íntegra (em inglês)