Aleksander Čeferin para os ministros do Desporto da UE: são necessárias protecções concretas para fortalecer o modelo desportivo europeu
terça-feira, 26 de novembro de 2024
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Aleksander Čeferin, Presidente da UEFA, sublinhou a necessidade de acções concretas para defender o modelo desportivo europeu, durante um discurso no Conselho dos Ministros do Desporto da UE.
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Dirigindo-se aos representantes dos 27 estados-membro da UE, em Bruxelas, na manhã de terça-feira, o Presidente Čeferin instou os decisores políticos europeus a salvaguardarem legalmente o modelo e os seus princípios fundamentais.
"Durante 70 anos, o modelo desportivo europeu foi construído com base em princípios de competições abertas, promoção e despromoção com base no mérito desportivo, solidariedade financeira e reconhecimento do impacto social do desporto", afirmou o Presidente Čeferin. "Estes princípios têm orientado a UEFA desde a sua fundação".
Os ministros do desporto da UE sinalizaram o seu forte apoio político ao modelo com uma declaração conjunta em Fevereiro deste ano e esta semana realizaram um debate sobre a prestação de apoio político adicional, sendo o tema uma das principais prioridades do novo mandato da Comissão Europeia para o período 2024-2029.
O Presidente da UEFA foi convidado a dirigir-se ao Conselho pela Hungria, detentora actual da Presidência da UE, e durante o seu discurso encorajou os ministros e a Comissão Europeia a tomarem medidas concretas para implementar a resolução do Conselho, em 2021, para proteger o modelo "daqueles que procuram destruí-lo para seu próprio proveito e lucro egoísta".
Presidente Čeferin sobre o poder único do modelo desportivo europeu…
"É um modelo que promove a saúde dos nossos cidadãos, constrói instalações para as nossas crianças e alimenta as esperanças e os sonhos dos adeptos, atletas e clubes – sejam grandes ou pequenos, quer ganhem, percam ou simplesmente gostem de participar.
"Estou orgulhoso que a UEFA e o futebol europeu se baseiem neste modelo. Contudo, não o poderíamos fazer sozinhos. Os governos nacionais desempenham um papel vital neste esforço, garantindo que as crianças têm a oportunidade de jogar, que as comunidades beneficiam das instalações desportivas e que os valores de inclusão e participação sejam adoptados por toda a sociedade.
"O desporto é muito mais do que 'dinheiro' e 'mercados'. O desporto não é um bem à venda em leilão. O futebol não é um 'produto'. Perguntem a qualquer adepto e verão qual é a sua resposta!"
Sobre como os intervenientes devem trabalhar em conjunto para proteger o futebol europeu…
"Sempre que tentamos reforçar este modelo solidário, estamos expostos a ameaças e pressões de operadores que querem mais para si e partilhar menos com os outros.
"Lembram-se do clamor quando um projeto separatista egoísta pôs em risco o modelo desportivo europeu no futebol?
"Em alguns desportos isso já aconteceu, mas não podemos nem vamos deixar que isso aconteça ao futebol europeu. Por isso, vamos trabalhar em conjunto para criar salvaguardas jurídicas concretas para as principais características do modelo desportivo europeu no futebol.
"Em primeiro lugar, a ligação entre as competições europeias e nacionais deve ser totalmente protegida. O desempenho anual nas ligas nacionais deve continuar a ser o único critério de qualificação para as competições europeias. Permitir que esta ligação seja quebrada ou distorcida de qualquer forma seria uma traição devastadora às ligas nacionais – aspecto icónico do património europeu. Para ligas e clubes de futebol mais pequenos, é uma questão existencial.
"Em segundo lugar, o equilíbrio entre as competições de selecções e as competições de clubes deve ser preservado. Este equilíbrio sustenta todo o modelo de solidariedade e o desenvolvimento do futebol nos vossos países. Se não mantivermos um equilíbrio saudável entre as competições de selecções e as competições de clubes, então estaremos a pôr em perigo todo o desenvolvimento ao nível das raízes do futebol.
"Em terceiro lugar, o modelo unificado do futebol europeu deve ser totalmente defendido. Todos devemos compreender que é do interesse público continuar a proteger este modelo unificado.
"O futebol europeu é uma das maiores histórias de sucesso da Europa. É forte e resiliente. Temos as competições, clubes e jogadores mais populares – adorados e seguidos por adeptos no Mundo inteiro.
"No entanto, precisamos de mais segurança jurídica para proteger e sustentar esta história de sucesso. A lei deve ser utilizada para apoiar o modelo desportivo europeu – e não ceder à vontade daqueles que procuram destruí-lo para seu próprio proveito e lucro egoísta".
Sobre a missão sem fins lucrativos da UEFA no centro do desporto europeu…
"As nossas principais competições não visam obter lucro. Têm a ver com solidariedade, redistribuição e desenvolvimento. Estas não são palavras da moda. A solidariedade não é uma doação de caridade. Para a UEFA, a solidariedade é a nossa razão de ser.
"A UEFA não tem fins lucrativos. Redistribuímos 97 por cento dos nossos rendimentos líquidos, fazendo com que regressem ao futebol. Sim, 97 por cento. O que sobra é utilizado para cobrir custos e sustentar áreas vitais do desporto – a nível feminino, jovens e futsal. E quando geramos mais dinheiro, distribuímos mais dinheiro. Quem mais faz isto?
"Quem mais compromete uma parte tão grande das receitas para objectivos fundamentais como o financiamento popular, o desenvolvimento do futebol feminino e o apoio às competições jovens?
"Isto não é um custo. É um investimento. Um investimento no jogo e um investimento nas pessoas e nas comunidades. É um investimento no interesse público".
Sobre a importância de ouvir e liderar…
"A UEFA é democrática e pluralista. Na UEFA, Malta está ao mesmo nível da Alemanha. A República da Moldávia está lado-a-lado com a França. O diálogo empenhado, sincero e inclusivo está no centro de tudo o que fazemos. Porque sabemos que para liderar bem é preciso ouvir. Por isso, a UEFA deu voz a todos os intervenientes relevantes – ligas, clubes, jogadores e adeptos.
"Há apenas um mês, a UEFA e a FIFPRO Europe, o sindicato dos jogadores de futebol europeus, assinaram uma parceria histórica para incluir a representação dos jogadores na governação do futebol europeu. Os jogadores estão agora no centro do futebol e a sua opinião é tida em conta quando se tomam decisões.
"Esta abordagem reflecte um modelo de governação moderno, onde as decisões são tomadas de forma colaborativa e inclusiva".