Preservar os valores do futebol - Michel Platini

Caros amigos do futebol,

O ano de 2011, que agora chega ao fim, foi talvez um dos mais contrastantes e ricos em oportunidades de aprendizagem que já vivi enquanto Presidente da UEFA.

Foi um daqueles anos em que sentimos profundamente o peso e a magnitude das responsabilidades que temos sobre os nossos ombros, mas que, ao mesmo tempo, nos confere ainda mais força. Porque a causa justa – por mais complicada que seja – é sempre a mais evidente.

Ser presidente não é ter uma organização ao nosso serviço, mas sim estar ao serviço dessa organização, ao serviço da modalidade, ao serviço do futebol.

Vi sempre a minha responsabilidade como sendo a de proteger o jogo, e 2011 revelou-se um ano em que o futebol necessitou de ser especialmente protegido. Foi um ano que sublinhou a importância do nosso organismo como preservador dos valores, da estabilidade e da equidade deste desporto.

Foi um ano em que várias das nossas federações nacionais tiveram de tomar medidas corajosas para preservarem a justiça e a integridade desta nossa querida modalidade. Um ano no qual tivemos de nos mostrar sólidos e defender os nossos valores – muitas vezes sozinhos – de forma a garantir o respeito pelas regras e pela equidade das nossas competições, evitando assim que o futebol se tornasse refém daqueles que visam apenas o lucro. Foi um ano em que, infelizmente e ao custo de algumas agonias, ficou demonstrada a necessidade de um futebol transparente e bem gerido, aspectos tão importantes no que toca ao respeito, algo que para mim é fundamental.

Contudo, 2011 irá também ficar na memória como um ano em que assistimos a excepcionais momentos de futebol. Foram tantos que seria complicado mencioná-los a todos, desde as provas mais pequenas às maiores. Ainda assim, se tivesse de escolher um, seria a excepcional final da UEFA Champions League, em Wembley. Foi não só um jogo memorável, mas lembrou-nos também a razão pela qual nós estamos aqui, para servir o futebol e os jogadores, sem os quais nada disto seria possível e que tornam tudo isto possível.

Fico feliz por, durante mais três anos, estar ao serviço das nossas 53 federações nacioanis e dar seguimento à vasta e maravilhosa tarefa de proteger o futebol europeu e ajudá-lo a desenvolver-se em conjunto.

É por essa razão que todos na UEFA se juntam a mim para desejar um maravilhoso 2012. Vai ser um ano chave para o futebol europeu. A fase final do EURO, na Polónia e na Ucrânia, significará o colocar em prática de anos de esforços, coroados por um torneio que promete ser único. Mas será também um ano em que espero que entremos numa nova era a nível do futebol de clubes, graças ao fair play financeiro, apoiado por todos e que é um símbolo da nossa união e da capacidade de assumirmos, em conjunto, as nossas responsabilidades no que toca ao preservar da modalidade.

Obrigado a todos – jogadores, treinadores, árbitros, federações nacionais, clubes e adeptos – os verdadeiros actores do futebol, que tanto fazem para manter intacta a magia deste nosso desporto.

Desejo-vos um Feliz Ano Novo!