"Salvaguardar o futuro do futebol"
terça-feira, 22 de março de 2011
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O presidente Michel Platini destacou no XXXV Congresso Ordinário da UEFA os feitos dos últimos quatro anos e a responsabilidade em proteger o futebol para as gerações futuras.
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Proteger o futebol e mostrar paixão e amor por este jogo são, segundo o Presidente da UEFA, Michel Platini, os princípios que devem nortear a UEFA e a família do futebol europeu, para garantir o bem-estar da modalidade.
No discurso perante o XXXV Congresso Ordinário da UEFA, em Paris, esta terça-feira, Platini destacou os progressos realizados desde que foi eleito, em 2007, e apelou à comunidade do futebol para ajudar a moldar o futuro do desporto de uma forma positiva.
Platini recordou os compromissos e as promessas que realizou há quatro anos e que foram concretizadas, como o alargamento das responsabilidades do Comité Executivo da UEFA, o regresso dos comités ao centro das actividades da UEFA e aumento de influência e de estatuto das 53 federações nacionais.
Os programas KISS e do Grupo de Estudos permitiram reforçar o intercâmbio entre as diferentes federações e, apesar da crise económica, aumentaram os pagamentos de solidariedade para os membros, especialmente no âmbito do programa de assistência HatTrick.
No que toca às competições, Michel Platini recordou ao congresso que o UEFA EURO 2016 vai ser disputado por 24 selecções, que as alterações nas regras de acesso à UEFA Champions League permitiram que mais federações e campeões nacionais estejam presentes na fase de grupos e que foi criada a UEFA Europa League. "Estas reformas permitiam preservar, e até aumentar, a universalidade das competições", sublinhou.
A unidade da família do futebol foi restabelecida, devido ao diálogo entre a UEFA, federações, Ligas, clubes e jogadores - "sempre com o interesse do futebol em mente" -, enquanto as relações com a FIFA foram excelentes.
O papel social do futebol foi reforçado com o lançamento da campanha Respeito e o desenvolvimento das actividades de responsabilidade social da UEFA. "Fizemos reformas para combater o racismo nos estádios e intensificámos a luta contra o doping. Decidimos atacar o complexo problema da corrupção associada às apostas no futebol e adoptámos uma política de tolerância zero em relação a jogadores, árbitros e dirigentes," sublinhou Michel Platini.
"Intensificámos e melhorámos as relações com as instituições europeias e, em conjunto, lançámos o grande projecto do fair play financeiro, que visa proteger o futebol de clubes." O Presidente explicou que este projecto pretende evitar o desaparecimento de grandes clubes devido a gestões financeiras imprudentes.
Virando-se para o futuro, Platini congratulou-se com o prestígio da UEFA Champions League ao nível dos clubes e sublinhou o grande desafio que é a promoção das provas de selecções. "Temos a obrigação de as recolocar no lugar que merecem," destacou. O Presidente da UEFA explicou que o diálogo é fundamental nesta iniciativa para reavivar o prestígio das competições de selecções.
Relativamente à questão do fair play financeiro, Platini recordou aos delegados que, em 2009, os clubes profissionais da Europa tinham acumulado prejuízos líquidos de 1,2 mil milhões de euros. "Existe uma enorme quantidade de dinheiro no futebol, mas também temos um problema ético em relação à forma como este dinheiro é gerido e utilizado." O fair play financeiro é um projecto fundamental que nos vai permitir moralizar certas práticas no nosso desporto." Michel Platini prometeu coragem e firmeza na aplicação das disposições do fair play financeiro da UEFA.
O líder da UEFA pediu apoio das autoridades públicas e políticas para ajudarem o organismo a fazer face a problemas como a violência e as fraudes nas apostas. "Nem com a melhor boa vontade do Mundo seremos capazes, sozinhos, de erradicar estes problemas, por isso lanço daqui este apelo aos chefes de Estado e aos governos, assim como aos responsáveis das instituições europeias... Meus senhores, tomem as medidas necessárias."
Michel Platini explicou que a UEFA está a trabalhar com a FIFA num projecto que visa promover a formação de jovens jogadores e proteger a identidade dos clubes. A importância e influência das mulheres no futebol também foram apontadas como prioridades.
"As principais acções a implementar nos próximos quatro anos são a renovação do prestígio das competições de selecções, implementação definitiva das medidas de fair play financeiro, luta contra a violência e as fraudes nas apostas e o fim da discriminação institucional," prometeu o presidente da UEFA.
Platini pediu à família do futebol para contribuir de forma decisiva para o bem-estar da modalidade. "Tudo é possível. O importante é continuar a acreditar e manter intacta a nossa paixão por este desporto, já que é apenas um jogo, mas, ao mesmo tempo, temos de agir segundo conceitos de transparência, responsabilidade, excelência e unidade. É desta forma que conseguiremos ter um futebol mais moral, justo e humano."
"Temos o grande dever de pensar a próxima geração, de pensar no futebol que queremos deixar para os nossos filhos e netos," concluiu Michel Platini. "Temos de continuar a ter coragem para tomar as decisões necessárias para proteger o futebol da forma como o amamos. Somos os tutores deste futebol e os guardiões de um ideal, todos devíamos sentir orgulho por isso. Eu sinto-me orgulhoso."