Como Luis Enrique devolveu fórmula vencedora ao Barça
domingo, 17 de maio de 2015
Sumário do artigo
O Barcelona alcançou o 23º título no reduto do Atlético um ano depois de o ter perdido para os "colchoneros": o UEFA.com examina o impacto do treinador Luis Enrique.
Conteúdo media do artigo
Corpo do artigo
Como Josep Guardiola antes dele, Luis Enrique levou o FC Barcelona ao título na primeira época no comando da equipa, sabendo galvanizá-la depois de uma temporada 2013/14 sem troféus, ao mesmo tempo que deixou marca indelével. E, tal como o seu antigo companheiro de clube, o treinador espanhol poderá terminar a época de estreia com uma "tripla" de troféus.
"Fizemos tudo bem, esquecemos rapidamente as tristezas e estivemos à altura nos palcos mais difíceis", disse Gerard Piqué sobre a excelente época do Barça. "Os adeptos estão rendidos e entusiasmados com os troféus que podemos conquistar."
Apesar de os catalães terem estado perto do título na época passada, Luis Enrique teve uma enorme tarefa para renovar uma equipa que havia estagnado e perdera identidade. Sob o comando do antecessor, Gerardo Martino, o Barça terminou o campeonato com 87 pontos, marcou 100 golos e sofreu 33, mas esta época - quando falta ainda um jogo - Luis Enrique já vai em 93 pontos, 108 golos marcados e apenas 19 sofridos, uma notável melhoria em todas as frentes.
Provavelmente o maior feito do técnico no seu pequeno, mas bem-sucedido percurso, foi o facto de ter colocado a equipa a jogar tão bem num estilo de jogo tão diferente. Martino reconheceu que os adversários achavam que estava mais fácil contrariar o estilo de jogo de passe curto do Barcelona e falou da necessidade de um Plano B, mas nunca o conseguiu concretizar.
Enrique, contudo, descobriu uma fórmula vencedora. O Barcelona continua a ter mais bola, mas agora é mais objectivo, fazendo um jogo mais directo apoiado num tridente do mais alto quilate, composto por Lionel Messi, Neymar e Luis Suárez, que, juntos, somam uns abismais 115 golos.
Com esta nova abordagem, virada para os avançados, o Barcelona cilindrou adversários, vencendo 5-2 no reduto do Athletic Club, 8-0 no do Córdoba CF, 6-0 em casa de Levante UD e Elche CF, ao mesmo tempo que também goleava com frequência em Camp Nou. De salientar ainda a capacidade de alcançar importantes resultados em deslocações a recintos tradicionalmente complicados, como Piqué referiu, como aconteceu nos triunfos à beira do fim frente ao RC Celta de Vigo e Valencia CF.
O sucesso do Barcelona esta época deve-se também muito ao registo no que toca a lesões. Enquanto o Real Madrid CF e o FC Bayern München viram as suas aspirações comprometidas com as perdas de peças-chave, o conjunto de Luis Enrique manteve-se apto para competir durante a maior parte da época e o treinador conseguiu levar todo o plantel ao Estadio Vicente Calderón. A frescura com que o Barça tem sido capaz de preparar este exigente final de temporada contrasta claramente com o arrastar do final da anterior, e tem alicerces na rotação feita no começo da época e com um regime de condição física por ele implementado.
Habitual praticante de concursos de "Iron Man", o asturiano trabalhou a equipa de forma mais exigente que nunca, como o defesa Adriano confirmou: "Ele está sempre em cima de nós, a exigir mais e isso dá-nos confiança. Tem muito carácter e isso tem sido bom para nós."
Outro aspecto importante que o técnico de 45 anos melhorou é a abordagem às bolas paradas. O Barcelona perdeu o campeonato da época passada com um cabeceamento de Diego Godín, na sequência de um canto, mas, nesta campanha, sofreu apenas quatro golos em lances de bola parada em todas as competições. O adjunto Juan Carlos Unzué merece o crédito por ter desenvolvido uma nova maneira de abordar esses lances nas duas áreas, com o Barça a marcar 14 vezes, mais do que em qualquer uma das últimas seis temporadas. Alguns desses golos ocorreram em momentos decisivos, como o cabeceamento de Jérémy Mathieu que deu o triunfo por 2-1 sobre o Real Madrid, em Março e também sobre o Celta, perto do final, também da autoria do francês.
"Somos uma equipa mais madura e sabemos agora lidar melhor com as situações adversas", acrescentou Piqué. "Melhorámos o nosso jogo, não temos tanta bola como antes e não somos mais como uma equipa de andebol. Somos mais directos e tomamos partido dos nossos avançados. Somos também mais sólidos na defesa."