Reviravolta do Milan motiva Boateng

O US Lecce chegou ao intervalo da recepção ao AC Milan com três golos de vantagem e a maioria dos adeptos italianos já falava na maior surpresa do fim-de-semana.

Ninguém deu importância à entrada de Kevin-Prince Boateng ao intervalo, mas o médio-ofensivo fez um "hat-trick" e recolocou os visitantes na disputa pelos três pontos, com Mario Yepes a consumar a reviravolta a sete minutos do final. Quatro dias depois de marcar um golo fantástico na UEFA Champions League, com um disparo fortíssimo a 25 metros da baliza na recepção ao FC BATE Borisov, o internacional ganês voltou a superar-se e apontou três golos em 14 minutos, ajudando os "rossoneri" a ganhar um jogo que parecia irremediavelmente perdido.

No final do encontro, Boateng estava satisfeito com o resultado e com a exibição. "Este triunfo é fundamental", afirmou. "A recuperação foi incrível. Sinto uma enorme satisfação e vou ficar com a bola do jogo como troféu. Fui suplente devido a um problema num joelho, mas o treinador decidiu dar-me uma oportunidade".

Antes da deslocação a Lecce, Boateng nunca tinha marcado mais do que um golo num jogo, mas a aposta de Massimiliano Allegri no jovem de 24 anos foi recompensada com uma exibição avassaladora. "Felizmente joguei muito bem", afirmou. "Quero dedicar o 'hat-trick' ao meu filho. Esta não é uma resposta às críticas de que fui alvo, pois isso não é necessário. Só quero fazer o melhor possível e mostrar as minhas qualidades".

O resultado veio exorcizar alguns fantasmas do Milan, um clube onde a palavra reviravolta faz sempre lembrar a derrota frente ao Liverpool FC na final da UEFA Champions League de 2005, quando os italianos deixaram fugir uma vantagem de três golos para perder o jogo no desempate. No entanto, os "rossoneri" também conseguiram algumas boas recuperações, incluindo um memorável triunfo no derby de Milão em 2003/04, quando, depois de chegarem ao intervalo do encontro com o FC Internazionale Milano a perder por 2-0, conseguiram chegar à vitória com golos de Jon Dahl Tomasson, Kaká e Clarence Seedorf.

O treinador Allegri sabe, por experiência própria, que nunca se deve comemorar um triunfo sobre o Milan antes do apito final. A 13 de Setembro de 1992, quando alinhava no meio-campo do Pescara Calcio, o médio inaugurou o marcador no primeiro minuto e abriu caminho para a sua equipa conseguir uma vantagem de 4-1 sobre o clube que actualmente orienta, mas um fantástico "hat-trick" de Marco van Basten levou os visitantes a um triunfo por 5-4. Quase 20 anos depois dessa desilusão, Allegri teve motivos para comemorar.