O UEFA.com funciona melhor noutros browsers
Para a melhor experiência possível recomendamos a utilização do Chrome, Firefox ou Microsoft Edge.

Relatório de desempenho do licenciamento de clubes

Licenciamento de clubes

O terceiro relatório da UEFA de avaliação de desempenho do licenciamento de clubes surge num período importante, em que começam a ser implementadas as regras de "fair play" financeiro criadas pela UEFA para garantir a estabilidade do futebol.

Este relatório avalia a situação financeira dos clubes europeus
Este relatório avalia a situação financeira dos clubes europeus ©Getty Images

A UEFA publicou o terceiro relatório de avaliação de desempenho do licenciamento de clubes do futebol europeu, que engloba os resultados financeiros de cerca de 650 clubes dos escalões principais das 53 federações membro da UEFA.

O Panorama do Futebol dos Clubes Europeus é um documento com pouco mais de 100 páginas e que foi publicado em quatro línguas: inglês, francês, alemão e russo. O relatório surge num momento importante para o futebol europeu de clubes, em que começam a ser implementadas as regras de "fair play" financeiro criadas pela UEFA, que visam limitar os problemas que afectaram os clubes europeus.

O relatório de 2010 contém os números dos relatórios financeiros de 664 clubes, 90 por cento de todos os emblemas dos escalões principais. Grande parte dos dados foram recolhidos directamente das informações prestadas pelos clubes à respectiva federação nacional como requisito do processo de licenciamento de clubes.

Este relatório também aborda matérias que não são de natureza financeira, mas que são importantes para o futebol europeu, como os resultados recentes do licenciamento de clubes e a evolução do licenciamento, informações sobre a dimensão e a estrutura dos campeonatos nacionais; número médio e tendência das assistências aos jogos; rede de estádios e taxa de ocupação; ligação entre os recursos financeiros e os sucessos desportivos e as diferenças existentes nos períodos de transferências nos diversos países. O relatório está bastante ilustrado, com muitos gráficos e diagramas, com o fornecimento de perguntas e respostas, como por exemplo: estarão os adeptos a perder importância? Uma questão que é respondida com a análise das percentagens de vitórias nos diversos campeonatos europeus.

A segunda metade do relatório analisa em detalhe as finanças dos clubes a nível europeu, nacional e individual. Começa com uma mensagem positiva pois, apesar do período de recessão económica, as receitas do futebol continuam a crescer. As receitas totais dos clubes dos escalões principais aumentaram 4,8 por cento em 2009, atingindo um recorde de 11,7 mil milhões de euros. No entanto, também são apontados vários sinais de dificuldades financeiras, já que o aumento das despesas foi de 9,3 por cento, revelando-se bem superior ao do crescimento das receitas, o que afectou a rentabilidade dos clubes e contribuiu para um prejuízo conjunto recorde de 1.179.000.000 de euros, quase o dobro de 2008.

Mais de metade dos principais clubes europeus tiveram prejuízos, com 28 por cento dos emblemas a apresentarem perdas preocupantes, gastando o equivalente a 12 euros por cada 10 de receita. Mais de um em cada oito dos auditores dos clubes manifestaram dúvidas sobre a possibilidade de os mesmos sobreviverem a este ritmo de prejuízos, tanto mais que estão muitas vezes dependentes do contributo dos seus proprietários e de contabilidades precárias.

Os salários dos jogadores representam as maiores despesas suportadas pelos clubes de futebol e a percentagem da receita destinada aos gastos com pessoal aumentou de 61 para 64 por cento neste período. As transferências de jogadores também sofreram uma redução devido à falta de liquidez resultante do aumento das dificuldades financeiras dos clubes que dependem das receitas das vendas de jogadores para equilibrarem as contas.

Este impacto negativo sentiu-se especialmente em muitos clubes que são tradicionais exportadores de talentos, como os emblemas franceses, holandeses e portugueses. Estima-se que cerca de 800 milhões de euros de transferências vão ficar por pagar por mais de 12 meses. O relatório afirma que os investimentos no futebol jovem continuam baixos, com os principais clubes a preferirem apostar em jogadores experientes, o que leva a maiores salários e à contratação de jogadores formados noutros clubes.

A média de espectadores nos estádios manteve-se estável ou diminuiu na maioria dos campeonatos nacionais, reflectindo o período de dificuldades económicas e a falta de novos investimentos numa área onde apenas 19 por cento dos clubes possui o seu próprio estádio. Esta situação tem um impacto directo nas receitas geradas pelos clubes de futebol. A maioria dos clubes não tem controlo sobre algo que potencialmente seria o seu maior património e que só pode explorar nos dias de jogos.

O relatório explica que os desafios financeiros que acabámos de descrever são comuns aos clubes dos escalões principais das 53 federações membro da UEFA, mas acrescenta que a situação é ainda pior na base da pirâmide do futebol, onde o risco de insolvência e de falência é muito maior do que nas divisões superiores.

Neste contexto, o relatório concluiu que a implementação faseada dos novos Regulamentos de Licenciamento de Clubes e Fair Play Financeiro da UEFA visam incentivar os clubes a gerir melhor as suas finanças e a alcançarem um equilíbrio sustentável entre receitas, despesas e investimentos. O relatório afirma que, se as novas regras foram aplicadas hoje, vários clubes não as conseguiriam cumprir, com destaque para a regra de equilíbrio, que é a base do conceito de "fair play" financeiro. O relatório sublinha que os clubes precisam de se adaptar imediatamente, para melhor prepararem o futuro.

As iniciativas financeiras da UEFA estão reservadas às competições europeias, mas o relatório expressa o desejo que medidas e exigências semelhantes possam ser aplicadas a nível nacional, com o objectivo de recolher benefícios a longo prazo.

O relatório conclui que a implementação das novas regras vai motivar muitos clubes a organizarem as suas finanças. O organismo europeu considera que o combate sistemático destes problemas é a única forma de garantir uma competição justa, para além da disciplina financeira e da estabilidade a longo prazo.

Seleccionados para si