2000-2007: Caminhar para o futuro
quinta-feira, 30 de junho de 2005
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Desde o início dos anos de 1990, o futebol europeu sofreu uma série de mudanças drásticas. A modalidade adoptou uma orientação mais comercial e registaram-se desenvolvimentos consideráveis em termos políticos, sociais e legais. O futebol passou a ser não apenas um importante fenómeno social para se tornar num espectáculo altamente lucrativo, com somas avultadas de dinheiro em jogo e muitos accionistas e grupos económicos envolvidos.
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Desde o início dos anos de 1990, o futebol europeu sofreu uma série de mudanças drásticas. A modalidade adoptou uma orientação mais comercial e registaram-se desenvolvimentos consideráveis em termos políticos, sociais e legais. O futebol deixou de ser apenas importante fenómeno social para se tornar num espectáculo altamente lucrativo, com somas avultadas de dinheiro em jogo e muitos accionistas e grupos económicos envolvidos.
Encarar as mudanças
Como organismo gestor do futebol europeu, a UEFA teve que encarar estas inúmeras alterações e desenvolvimentos de frente. A organização começou a transformar-se, de forma gradual, de um órgão administrativo para um organismo com a preocupação moderna do negócio e uma filosofia corporativa - com a preocupação de conduzir a sua actividade como um negócio, mas, ao mesmo tempo, protegendo a integridade do desporto e gerindo todas as partes com interesses divergentes no futebol.
Crescimento significativo
De 1987 em diante, a UEFA registou um crescimento assinalável, entre 15 a 25 por cento por ano, em termos de pessoal e orçamento. Também se sentiram os efeitos, particularmente do ponto de vista legal, de uma Europa sem fronteiras; assuntos relacionados com as transmissões televisivas e o aparecimento de técnicas de marketing cada vez mais sofisticadas e agressivas; os clubes de futebol a serem cotados nos mercados bolsistas; o maior envolvimento dos órgãos políticos no futebol; a crescente influência e poder dos clubes de topo da Europa. O crescimento comercial do futebol, bem como os desafios legais e políticos daí resultantes, que confrontavam a organização, aumentaram a pressão da UEFA para se adaptar sem sofrer atrasos e questionar-se a si própria sobre como desejaria existir dentro destas novas realidades. Uma das decisões tomadas, em 1995, foi a de se mudar mais para oeste na Suíça, para a cidade de Nyon, após se ter encontrado sediada em Berna durante três décadas. Nasceu, assim, no Outono de 1999, a nova sede da UEFA - a Casa do Futebol Europeu - nas margens do Lago Genebra.
Novas prioridades
Em Dezembro desse mesmo ano, o Comité Executivo da UEFA decidiu avançar com a reestruturação do órgão máximo do futebol europeu. A hierarquia administrativa da UEFA foi submetida a uma revisão completa, foram definidas novas prioridades e o secretariado administrativo da UEFA foi renomeado para Administração da UEFA, passando a ser dirigido por um Chefe Executivo, então Gerhard Aigner, que se manteve no cargo até Dezembro de 2003. Foi dividido em sete secções, cada uma encarregue de áreas específicas do futebol e das actividades diárias da UEFA. A administração continuou a trabalhar juntamente com os comités da UEFA e com painéis de especialistas para resolver todas as questões do futebol moderno.
Intensificação do diálogo
Por esta altura, foi igualmente reconhecido que os clubes e as Ligas profissionais deveriam ter uma maior representação nas actividades da UEFA. O órgão máximo do futebol europeu procedeu, então, a uma intensificação do diálogo com os clubes e as respectivas Ligas, preservando ao mesmo tempo a sua ligação de longa data com as federações nacionais. Era evidente que, para manter a credibilidade, tanto a nível desportivo como comercial, a UEFA tinha de representar todo o espectro da família do futebol - e aqui teriam necessariamente de estar incluídos os principais clubes, que geram consideráveis receitas através da sua participação nas principais competições europeias. O lançamento do Fórum dos Clubes Europeus, no Verão de 2002, levou a uma ainda maior intensificação do diálogo entre a UEFA e os maiores clubes europeus, pouco mais de 100 dos quais se encontravam representados no Fórum.
Celebração do jubileu
A nomeação de Lars-Christer Olsson para o cargo de Chefe Executivo, para substituir Gerhard Aigner, colocou dois suecos à frente dos destinos da UEFA no início de 2004. Lennart Johansson foi eleito para um quarto mandato como Presidente da UEFA, no congresso de Estocolmo, de Abril de 2002, depois de 12 anos de liderança em que viu a UEFA tornar-se numa organização empresarial moderna. O duo escandinavo estava à frente da UEFA durante as celebrações do 50º aniversário do organismo, em 2004, durante o qual foram levados a cabo uma série de eventos e actividades especiais dentro da comunidade do futebol europeu.
Luta legal
O período seguinte ficou marcado pela contínua luta da UEFA por uma maior segurança legar para o desporto e pelo reconhecimento da natureza específica do desporto dentro do panorama da legislação da União Europeia, de forma a assegurar o bem-estar futuro da modalidade. O diálogo com a UE concentrou-se em assuntos concretos com os quais se depara o desporto e em como as instituições europeias, os estados-membro da UE e as autoridades do futebol europeu podem criar uma extensa rede legal para o desporto europeu em geral e para o futebol em particular.
Organização do EURO e combate ao doping
Dentro da UEFA, foi criada uma empresa afiliada, a UEFA Euro 2008 SA, para tratar dos assuntos ligados à organização do UEFA EURO 2008TM, na Áustria e Suíça. Foi dado um passo em frente no combate ao doping, com a implementação de uma nova unidade anti-dopagem, criada dentro da administração da UEFA, e a política de testes dentro e fora da competição foi ampliada em todas as competições da UEFA.
Sucesso das competições
Nas competições de blues, a UEFA Champions League - a mais prestigiante prova europeia de clubes, anteriormente denominada Taça dos Campeões europeus - festejou o seu 50º aniversário e continuou a afirmar-se como uma enorme atracção desportiva e comercial, com o sucesso a nível comercial e dos media a crescer graças a memoráveis momentos de futebol protagonizados pelos melhores jogadores do mundo. O formato introduzido em 2003/04 - uma só fase de grupos e eliminatórias a partir dos oitavos-de-final - revelou-se positivo. Ao mesmo tempo, trabalhou-se na tentativa de melhorar a imagem da Taça UEFA, com a introdução de uma fase de grupos composta por 40 equipas, decididamente um passo em frente. No panorama das selecções nacionais, o UEFA EURO 2004TM, realizado em Portugal, bateu todos os recordes e confirmou a extraordinária natureza imprevisível do futebol, com a inesperada vitória da pouco favorita Grécia.
Licenciamento dos clubes
O sistema de licenciamento de clubes da UEFA foi introduzido na temporada de 2004/05, com o objectivo de criar uma estrutura para que os clubes sejam dirigidos de uma forma mais eficiente. O sistema tem, também, por objectivo elevar os padrões de qualidade do futebol europeu - igualmente a nível económico e financeiro - através da instalação de ferramentas financeiras apropriadas, bem como da adaptação das suas infraestruturas desportivas, administrativas e legais, de forma a enquadrarem-se nos requisitos da UEFA.
Campanhas da UEFA
A UEFA desenvolveu ainda um incansável trabalho no desenvolvimento de campanhas sociais e humanitárias. Juntou-se à Rede pan-Europeia Contra o Racismo no Futebol (FARE) na tentativa de erradicar o racismo e a intolerância existentes no futebol, dentro e fora dos relvados. Desenvolveu, também, parcerias com outros organismos específicos, vincando a sua crença de que o futebol pode, de facto, ser usado em benefício da sociedade.
Projecto dos relvados artificiais
Com o futebol a caminhar seguro no novo milénio, as autoridades começaram a procurar formas de permitir que os jogos fossem disputados ao mais alto nível sobre superfícies artificiais. Após uma série de estudos piloto, a UEFA decidiu, em Novembro de 2004, que os jogos das suas competições poderiam passar a ser disputados em relvados artificiais a partir da temporada de 2005/06.
Lado-a-lado com as novas tecnologias
No novo milénio, a UEFA procurou acompanhar a rápida evolução dos novos meios de comunicação, com o lançamento, em 201, de uma nova empresa subsidiária para lidar com as novas formas de comunicação, a UEFA New Media - mais tarde rebaptizada como UEFA Media Technologies SA - e com a afirmação definitiva do uefa.com, visto por muitos como um dos mais completos sites de futebol de todo o mundo.
Pelo bem do futebol
Lennart Johansson, que liderou o desenvolvimento do organismo desde 1990 até 2007, na qualidade de Presidente da UEFA, resumiu a filosofia da UEFA para o novo milénio: "É normal que a UEFA, como um todo, se dote com as modernas estruturas organizacionais, capazes de responder às actuais e futuras exigências do mercado. De facto, só com conhecimento técnico, eficiência e capacidade de gestão moderna e bem-sucedida a todos os níveis é que a UEFA pode continuar a promover e a desenvolver ainda mais a dupla missão de solidariedade e sentido comercial, tudo para bem do futebol".