Futsal EURO 2022: Tendências tácticas da fase de grupos
sexta-feira, 28 de janeiro de 2022
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Higuita, do Cazaquistão, deu muito que pensar aos observadores técnicos presentes no UEFA Futsal EURO 2022.
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Os observadores técnicos do UEFA Futsal EURO 2022 reflectem sobre o que se passou na fase de grupos.
A primeira fase de grupos do Campeonato da Europa de Futsal com 16 equipas tem sido um sucesso, explica Miguel Rodrigo: "Qualquer expansão em termos de números levanta sempre questões sobre uma potencial quebra de qualidade. Mas os quatro estreantes – Bósnia e Herzegovina, Finlândia, Geórgia e Eslováquia – responderam de forma positiva aqui nos Países Baixos. Foram corajosos. Estão preparados para ir para cima dos adversários e correr riscos, em vez de se concentrarem na defesa."
O que é o futsal? Guia para principiantes
O futsal, modalidade reconhecida pela FIFA, é uma espécie de futebol de salão jogado num campo de dimensões reduzidas (a palavra é uma contracção do espanhol "fútbol sala"). É jogado entre duas equipas, cada uma com cinco jogadores em campo ao mesmo tempo, suplentes rotativos e com uma bola mais pequena do que a do futebol, que é mais dura e salta menos.
O espaço reduzido existente significa que os jogadores devem ter muita técnica e habilidade. É um desporto profissional por direito próprio com campeonatos nacionais e internacionais, sendo também considerado uma ferramenta de desenvolvimento para o futebol de 11.
Rodrigo, bicampeão da Ásia durante uma memorável passagem de sete anos à frente da selecção nacional de futsal do Japão, está no UEFA Futsal EURO 2022 como observador técnico ao lado de Mato Stanković, que liderou a Croácia em três edições do Futsal EURO e actualmente é treinador na Arábia Saudita.
Durante a fase de grupos, ambos reflectiram sobre o ritmo acelerado dos jogos (provocando maior prevalência de marcação homem a homem); a versatilidade estrutural das equipas para jogarem com ou sem pivot como ponto de referência do ataque; ou uma tendência de executar os lances de bola parada com menos toques. A tendência mais atraente, no entanto, tem sido uma mudança radical do trabalho do guarda-redes.
Nos últimos anos, Leonardo Leite, do Cazaquistão, mais conhecido como Higuita, tem sido uma excepção espectacular à regra geral dos guarda-redes centrados exclusivamente em fazer defesas ou proteger esse sector. A sua capacidade para mudar o jogo fazendo jogadas de bola corrida e rematando de efectuando remates fortes de longe à baliza, com base no torneio a decorrer nos Países Baixos, criou uma nova escola.
"As equipas estão a implementar sistemas diferentes utilizando o guarda-redes como jogador de campo", comenta Stanković. "O objectivo é surpreender o adversário e perturbar o seu ritmo. Ao mesmo tempo, o desafio é fazer isso da forma mais simples possível e minimizar os riscos."
O elemento de risco que é deixar a baliza desprotegida acrescentou algo à fase de grupos. A perda da posse de bola por parte da Bósnia e Herzegovina, quando jogava com guarda-redes avançado, permitiu à Geórgia chegar ao empate e alterar a tendência do jogo.
Mesmo o próprio Higuita, muitas vezes autorizado a avançar na quadra enquanto os adversários recuam para uma formação defensiva, foi pressionado e desarmado, permitindo que Denis Totošković colocasse a Eslovénia a vencer por 1-0 no jogo de abertura do Grupo B. Higuita fez depois as pazes no encontro seguinte, fazendo a sua habitual rápida incursão pelo meio do campo antes de desferir um potente remate e marcar o golo do empate 2-2 do Cazaquistão diante da estreante Finlândia.
Este é um dos tópicos aos quais os observadores estarão atentos à medida que o torneio avança para os oitavos-de-final – e que irá constar do Relatório Técnico da UEFA a ser feito após o UEFA Futsal EURO 2022.