Geyse sobre a Finalíssima Feminina, a Inglaterra, o EURO Feminino e as origens
sexta-feira, 31 de março de 2023
Sumário do artigo
"Será uma grande experiência para mim, mas especialmente para o futebol feminino e para o seu desenvolvimento", diz a brasileira Geyse sobre o confronto da Finalíssima Feminina contra a Inglaterra.
Conteúdo media do artigo
Corpo do artigo
A Copa América Feminina do ano passado foi perfeita para o Brasil em todos os sentidos. A Seleção não só ergueu o troféu, como venceu os seis jogos que disputou na competição e marcou 20 golos sem sofrer nenhum.
Uma vitória por 1-0 na final contra a anfitriã Colômbia, no Estádio Alfonso López, em Bucaramanga, encerrou um torneio que, mais uma vez, estabeleceu o Brasil como a força dominante do futebol feminino sul-americano.
Geyse da Silva Ferreira, ou Geyse, como a avançada do Barcelona é mais conhecida, foi lançada nos últimos minutos dessa final em Julho do ano passado, entrando numa altura em que o Brasil defendia a magra vantagem conseguida por Debinha seis minutos antes do intervalo.
Agora, tendo visto a Inglaterra derrotar a Alemanha na final europeia, Geyse mal pode esperar por representar o seu país no Estádio de Wembley para aquela que será a primeira Finalíssima Feminina.
"É um grande jogo, não apenas para mim, mas para todos as minhas colegas de equipa que chegaram até aqui", diz. "Mal posso esperar para jogar e tentar ganhar o troféu. Será uma grande experiência para mim, mas especialmente para o futebol feminino e para o seu desenvolvimento."
"É muito importante – e ver que o futebol feminino continua a crescer é muito gratificante. Acho que um jogo como este vai abrir muitas portas para o futebol feminino. Vamos desfrutar do momento jogando num estádio lotado e aproveitar ao máximo o apoio dos nossos adeptos e dar tudo o que temos."
Actuar nos maiores palcos não é novidade para uma jogadora que deixou o seu país-natal para ingressar no Madrid CFF quando ainda era adolescente. Seguiu-se uma passagem prolífica pelo Benfica – marcou 16 golos nos primeiros quatro jogos ainda na segunda divisão portuguesa – antes de regressar à capital espanhola. Em Junho de 2022, mudou-se para o Barcelona após terminar como melhor marcadora da primeira divisão local, contribuindo com quase metade dos golos apontados pelo Madrid durante essa temporada.
Não é de admirar que a dianteira tenha entrado na Copa América do Verão passado cheia de confiança.
"Conquistar o que nos propusemos a fazer na Copa América, que era ganhá-la, foi fruto de um trabalho diário", afirma. "Participar na primeira Finalíssima contra a Inglaterra, que é uma das melhores seleções do mundo, é realmente uma grande ocasião. Vamos para o jogo cheias de vontade e ansiosas de levar o troféu para casa."
Haverá alguns rostos familiares de ambos os lados nessa noite, com Geyse a ter alinhado ao lado de Lucy Bronze e Keira Walsh pelo seu clube na presente época. O Barcelona possui um registo 100 por cento vitorioso na Liga F até agora na campanha actual, tendo apontado 101 golos e sofrido apenas cinco.
No futebol internacional, porém, Geyse sabe que existem poucos desafios maiores do que enfrentar uma equipa da Inglaterra invicta sob o comando da técnica Sarina Wiegman, e ainda para mais em solo inglês. Será que a brasileira teve tempo para assistir ao UEFA Women's EURO do ano passado?
"Sim. Foi uma grande competição, mais forte do que a Copa América", afirma. "Pessoalmente, preferia jogar um EURO do que uma Copa América, mas não posso com o meu país! Terei de ficar com a Copa América, mas, de qualquer forma, é uma competição muito boa."
Poucos adeptos da Inglaterra discordariam e a própria selecionadora do Brasil, Pia Sundhage, terá tido mais do que um interesse passageiro no torneio do Verão passado, com o seu país de origem, a Suécia, a chegar às meias-finais antes de perder ante a mais tarde campeã.
Com o Mundial deste Verão na Austrália e na Nova Zelândia também a aproximar-se, a Finalíssima dá início a um grande ano de testes internacionais para Geyse, que percorreu um longo caminho desde que chutou uma bola pela primeira vez na sua praia local em Maragogi, na costa leste do Brasil.
"Comecei a jogar futebol com amigos na praia e depois uma oportunidade através do meu professor de educação física para ir jogar numa equipa", refere. "Aceitei a oferta e a partir daí surgiram mais oportunidades."
"Antigamente era um pouco difícil porque eu tinha que me levantar cedo e ir para a capital jogar futebol, mas hoje em dia acho que o futebol feminino está mais valorizado. Cada passo que damos no futebol feminino dá-nos a alegria de que podemos mostrar que somos capazes de triunfar. Seria uma honra representar novamente o meu país e ganhar mais um troféu para o Brasil."