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"Pelo prazer de jogar"

Numa altura em que faltam escassos dias para o arranque do Europeu de Sub-19, o seleccionador de Portugal, Edgar Borges, partilhou as suas ambições com o uefa.com.

Numa altura em que faltam escassos dias para o arranque do Campeonato da Europa de Sub-19, o seleccionador de Portugal, Edgar Borges, falou com o uefa.com, tendo, entre outros assuntos, abordado os objectivos para a prova e a actualidade do grupo por si comandado.

uefa.com: Como encara a participação neste Campeonato da Europa, por sinal uma prova tradicionalmente difícil?

Edgar Borges: Por natureza, sou uma pessoa que gosta de desafios, tal como acredito que os desafios trazem consigo a capacidade de moldar o carácter das pessoas, preparando-as para as dificuldades. Não posso deixar de sentir um orgulho especial por participar numa competição em representação do meu país.

uefa.com: E os jogadores? Qual é o sentimento deles?

Edgar Borges: Tal como eu, também eles partilham do mesmo sentimento. E fazem-no independentemente das situações, seja um jogo de carácter amigável, ou a contar para uma prova oficial, como é o caso. A sua dedicação à selecção nacional é total. Em todos os jogos dão o seu melhor e isso é motivo de satisfação para eles e para mim enquanto treinador. Além do mais, existia uma dívida a ser saldada. Há três anos, quando a grande maioria alinhava na selecção de Sub-17, foram privados de ir à fase final do Campeonato da Europa da categoria, depois de terem perdido frente à Croácia no último jogo da Ronda de Elite. Desde essa altura, têm trabalhado com afinco para conseguirem atingir a fase final de um Europeu. E agora conseguiram-no. Se, em 2003, choraram de tristeza, agora as lágrimas foram de alegria. Eles mereciam este feito.

uefa.com: Como é sabido, este tipo de provas de selecções podem servir de montra para os jovens futebolistas. Acha que os seus jogadores estão preocupados com esse facto?

Edgar Borges: De modo nenhum. A partir do momento em que integram os estágios da selecção, os nossos jogadores só têm o seu pensamento focalizado na equipa das "quinas". E nada mais. Os assuntos relacionados com os respectivos clubes ficam para segundo plano. Estes jovens jogadores estão aqui pelo puro prazer de jogar. É isso que lhes interessa acima de tudo.

uefa.com: O que é que pode adiantar acerca da competição?

Edgar Borges: Como já fiz questão de referir várias vezes, trata-se de uma prova onde, por tradição, impera o equilíbrio. A fase de qualificação é uma das etapas mais difíceis, pois em cada Ronda de Elite só passa o primeiro classificado. Nesta fase final, o lote de equipas presente reflecte o que se passou anteriormente, por isso digo que estas são as oito melhores equipas da Europa no momento. No início, partem todas em pé de igualdade, e depois no final logo se vê. A vitória final depende de inúmeros factores.

uefa.com: E quanto aos adversários que calharam em sorte a Portugal?

Edgar Borges: Todos eles possuem características específicas. Não se pode dizer que há um favorito assumido, apesar de a Espanha ter tradições neste tipo de provas. Assemelham-se bastante a nós na maneira de jogar. A Grécia é um oponente que não deve ser menosprezado sob pena de causar uma surpresa, tal como aconteceu com a equipa sénior em 2004. Por outro lado, a Áustria, país anfitrião, é provavelmente o adversário menos conhecido, mas que acredito que vai surgir motivado pelo factor casa e por ter tido um tempo de preparação superior às restantes selecções, visto ter obtido a qualificação directamente enquanto país organizador. Em suma, devemos respeitar todos os adversários. Estes jogos podem ser decididos por pequenos pormenores que, no fim, fazem a diferença, como uma bola que não entrou ou uma grande penalidade não assinalada. Temos que estar preparados para isso, mas sem nunca abdicar da nossa identidade de jogo.

uefa.com: O que representa para si esta primeira qualificação para a fase final de uma prova, ao cabo de tantos anos ligado ao futebol?

Edgar Borges: Apesar de possuir uma ligação de muitos anos à actividade do futebol, a experiência na Federação Portuguesa de Futebol ainda é curta. Contudo, não posso negar que é um feito que me deixa particularmente satisfeito.

uefa.com: Esta selecção regista três ausências de vulto. Acha que o conjunto se vai ressentir quando entrar em campo?

Edgar Borges: De facto, os jogadores que não podem dar o seu contributo a esta selecção por estarem a disputar o Mundial de Sub-20 (Rui Patrício, Bruno Pereirinha e Fábio Coentrão) foram elementos preponderantes durante a campanha de qualificação. É óbvio que gostaria de contar com todos, mas não sinto esta equipa mais fragilizada por isso. Os jogadores convocados sabem que têm a minha confiança e tudo vão fazer para dignificar a camisola que vestem. Isto é uma situação para a qual todos os treinadores devem estar preparados, até porque faz parte do processo de evolução natural dos jogadores. Se o seu valor é reconhecido, existe sempre a possibilidade de participarem nos trabalhos dos escalões superiores, e foi o que sucedeu. Por um lado estou triste por não puder contar com todos, mas por outro fico contente por ver que o trabalho que é desenvolvido nos escalões jovens da selecção é reconhecido.

uefa.com: Desde que foi criado o Europeu de Sub-19, esta é só a segunda participação de Portugal, sendo que a melhor classificação foi um segundo lugar. Espera melhorar essa marca?

Edgar Borges: Seria bom sinal e um aproveitamento excelente das participações de Portugal, mas não concordo inteiramente com a afirmação. Estamos perante contextos diferentes. Muita coisa mudou desde essa primeira participação [em 2002/2003]: os jogadores são outros, os adversários também. Resta-nos desenvolver o nosso trabalho, como sempre o fizemos e quem sabe se, no final, não podemos estar a comemorar a conquista do título europeu da categoria?