Mircea Lucescu fala sobre a vida de treinador
sexta-feira, 28 de outubro de 2016
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"Adoro futebol desde criança e não tinha muitas alternativas", afirmou Mircea Lucescu, treinador do Zenit, ao falar ao UEFA.com sobre a carreira que iniciou há 43 anos.
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Mircea Lucescu é o treinador mais experiente na UEFA Europa League esta época. O romeno de 71 anos falou ao UEFA.com sobre a sua filosofia, as aventuras no estrangeiro e a troca do Shakhtar pelo Zenit após 12 anos em Donetsk.
Sobre a vida no futebol...
É uma vida intensa. É muito difícil encontrar o que acontece no futebol em qualquer outra actividade. A qualidade de um treinador depende apenas dos últimos resultados. É uma profissão muito difícil. Adoro o futebol desde criança, não tinha muitas alternativas. Éramos vários irmãos e extremamente pobres. Nasci no final da guerra, a única coisa com que tínhamos para brincar era com uma bola de futebol. Tudo que o consegui foi graças ao futebol e estou extremamente grato a este desporto.
O que o motiva a continuar...
Comecei a treinar aos 28 anos, já lá vão 43. A minha paixão pelo futebol permiti-me manter este entusiasmo. Sempre tive jogadores muito jovens, seja no Corvinul Hunedoara, na selecção da Roménia, no Dínamo Bucareste ou em Itália, no Brescia, onde treinei o Andrea Pirlo quando ele tinha apenas 16 anos. Acumulei muita experiência como jogador e como capitão da Roménia, sabia que a tinha de transmitir à próxima geração.
As aventuras no estrangeiro...
Saí da Roménia logo que foi possível, após a queda do comunismo. Em 1990 saí de um país comunista onde havia regras muito rígidas. O campeonato italiano era bastante difícil, mas adaptei-me bem e tudo ficou mais fácil. Passei depois pelo Galatasaray e pelo Beşiktaş, onde ganhei campeonatos. Depois, após um longo período de estudo que durou cerca de três anos, decidi mudar-me para Donetsk.
Os 12 anos no Shakhtar...
Foi um período extraordinário, com grandes resultados e com um estádio que estava sempre cheio. Fomos muito cuidadosos no desenvolvimento da equipa, na verdade tive quase cinco equipas diferentes no período que estive na Ucrânia, o que diz tudo. Sempre tive a preocupação de substituir os jogadores na equipa, por isso é que o Shakhtar nunca teve problemas por perder alguns dos jogadores mais valiosos.
O novo desafio no Zenit...
A minha filosofia sempre foi desenvolver um certo tipo de jogador. Joguei como avançado, por isso a minha filosofia sempre foi praticar um futebol de ataque. No Zenit tentámos mudar um pouco o estilo de jogo, de forma a ter uma abordagem mais colectiva. As coisas estão a correr muito bem, porque o Shakhtar continua a ganhar, usando os jogadores que eu deixei, e o Zenit está a tentar manter um nível que agrada a todos os que nos rodeiam.