A nova aventura de Hodgson

Apenas 11 semanas após guiar o Fulham FC à final da UEFA Europa League, em Hamburgo, Roy Hodgson regressa à competição, agora ao leme do Liverpool FC.

A Arena Filipe II, em Skopje, pode estar bem longe da dimensão da Arena de Hamburgo, onde o Fulham lutou ao máximo para evitar o triunfo do Club Atlético de Madrid, mas Hodgson espera que o embate da sua nova equipa ante o FK Rabotnicki, a contar para a terceira pré-eliminatória, represente o arranque de uma campanha de sucesso.

Para Hodgson, uma nova jornada na sua carreira começou a 1 de Abril, quando aceitou o desafio de substituir Rafael Benítez no comando técnico do Liverpool. O triunfo dos "reds" na UEFA Champions League de 2005, sob as ordens de Benítez, parece já uma memória distante, mas Hodgson mostra-se empenhado em voltar a erguer o moral do clube.

O seu poder de persuasão ajudou já a convencer o internacional inglês Joe Cole a rumar a Anfield. A chegada do médio, aliada às prometedoras contratações do sérvio Milan Jovanović e de Danny Wilson, parece indiciar que esta será para o Liverpool uma temporada bem mais positiva do que a anterior.

"Este clube baseia-se no sucesso. Sinto aqui uma grande vontade de vencer e essa é uma excelente base para começar a trabalhar", referiu Joe Cole. "A profunda experiência e a forte organização são outros aspectos muito positivos, tal como a qualidade dos restantes jogadores que aqui se encontram. Estou convicto de que vamos fazer melhor do que na temporada passada", frisou o antigo médio do Chelsea FC, de 28 anos.

Cole vai ficar de fora do encontro da primeira mão, quinta-feira, tal como os colegas que estiveram ao serviço da selecção inglesa no último Mundial, Steven Gerrard, Jamie Carragher e Glen Johnson, que vão também falhar a viagem à ARJ da Macedónia, onde Hodgson irá apostar numa equipa mais jovem. O ponta-de-lança Fernando Torres, recém-consagrado campeão do Mundo na África do Sul, deverá regressar aos treinos no Liverpool na segunda-feira, mas quem parece não querer actuar sob as ordens de Hodgson é o argentino Javier Mascherano, cujo futuro no clube se encontra incerto. O técnico inglês faz questão de salientar que o seu trabalho de reconstrução da equipa está, ainda, no início.

"Roma e Pavia não se fizeram num dia", lembra. "É importante salientar sempre que estamos a começar tudo de novo. Trata-se de uma espécie de nova era, quando um novo treinador e novos jogadores chegam a um clube, e as coisas não se arranjam da noite para o dia. É necessário muito trabalho e é para isso que aqui estou".

O encontro ante o Rabotnicki - que em macedónio significa " clube dos trabalhadores " - com um dos gigantes do futebol europeu está a gerar grande entusiasmo na região, tendo os 22 mil bilhetes à disposição esgotado num só dia. O Liverpool solicitou cinco mil bilhetes para serem distribuídos pelos grupos de adeptos do clube espalhados pelos países vizinhos como a Grécia, a Bulgária e a Albânia, para além dos milhares de adeptos que deverão viajar de Inglaterra.

Esta não é, contudo, a ocasião em que estes vão ver a sua equipa entrar em cena mais prematuramente na Europa. Três vezes vencedor da Taça UEFA, em 2005 o Liverpool iniciou a defesa do seu quinto título de campeão europeu frente ao The New Saints FC na primeira pré-eliminatória da UEFA Champions League, a 13 de Julho. Mas mais cedo ainda começou o Fulham na temporada passada, em que ultrapassou uma odisseia de dez meses, 19 jogos e oito países para chegar à primeira final europeia da história do clube.

O caminho de Hodgson no Liverpool adivinha-se igualmente sinuoso. Esta é a primeira vez que o muito viajado técnico de 62 anos orienta um dos principais clubes do seu país e a determinação de deixar a sua marca é grande.