Flexibilidade táctica e substituições oportunas no EURO 2020
quinta-feira, 14 de outubro de 2021
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Os observadores técnicos da UEFA discutem como a flexibilidade táctica e as substituições oportunas foram fundamentais para o sucesso.
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Flexibilidade táctica e substituições oportunas foram a chave para o sucesso na fase final, de acordo com o relatório técnico do UEFA EURO 2020.
Neste extracto, os observadores técnicos da UEFA consideram a frequência das mudanças de formação durante o jogo e a arte de reorganizar a equipa.
Banda elástica
Do ponto de vista do treinador, a flexibilidade táctica foi uma das características mais marcantes do EURO 2020 - não apenas de jogo a jogo, mas também durante cada encontro. Depois de assistir aos primeiros 20 minutos de País de Gales - Dinamarca, com Gareth Bale e Aaron Ramsey em foco, poucos teriam previsto um resultado final de 0-4. Depois, Kasper Hjulmand mudou Andreas Christensen do centro da defesa para o meio-campo, alterando o 1-3-4-2-1 inicial para um 1-4-3-3. A Dinamarca retirou o controlo do jogo ao País de Gales - e manteve o sistema - mudando para 1-3-5-2 para proteger a vantagem de 2-0.
A lesão do defesa-central Serhiy Kryvtsov aos 35 minutos, no jogo dos quartos-de-final da Ucrânia frente à Inglaterra, levou Andriy Shevchenko a mudar de um 3-4-3 para o 4-3-3 - uma alteração que teve um efeito positivo. Contra a Suíça, a França começou com 3-5-2, mas aos 36 minutos Didier Deschamps mudou para 4-4-2 com um diamante no meio-campo; após o intervalo, foi um 4-4-2 mais clássico, abrindo caminho para a três golos gauleses em 19 minutos. "Embora Griezmann tenha descaído para a direita em vez de trabalhar atrás dos dois da frente, acho que foi o melhor que vimos da França durante o torneio", disse Corinne Diacre. "Contudo, deixou espaços na defesa e foram concedidos dois golos usando a mesma formação."
Willi Ruttensteiner acrescentou: "A Suíça fez várias adaptações no decorrer dos jogos. Durante o jogo em Baku contra o País de Gales, a flexibilidade táctica foi tão alta que era difícil dizer se estavam a jogar com três ou quatro defesas. Demonstraram flexibilidade táctica em diferentes situações do jogo e deram um bom exemplo de que não é o sistema que serve para defender ou atacar, é sobre os jogadores e os princípios tácticos que o treinador idealiza."
"Como técnicos da selecção nacional", comentou Mixu Paatelainen, "precisamos de tempo para trabalhar os mecanismos das diferentes formações - o que nem sempre é o caso. Portanto, os jogadores são a chave. Eles jogam nesses sistemas nos seus clubes? Nesse caso os jogadores estão mais confortáveis, o que permite que o treinador seja flexível."
Tempos de mudança
A questão da flexibilidade táctica foi entrelaçada com a opção de fazer cinco substituições - ou seis nos oito jogos que foram para prolongamento. "Os treinadores devem receber muito crédito", disse Packie Bonner, "pela sua capacidade de se adaptarem e fazerem mudanças." Fizeram-no de formas diferentes. Roberto Mancini, por exemplo, apostava geralmente em jogadores mais frescos para posições no meio-campo e no ataque, em vez de mexer na estrutura da sua equipa. "As unidades mais frescas trouxeram os golos da vitória", disse Ruttensteiner após o jogo entre Itália e Áustria. "A Áustria estava a dominar naquela fase, parecia mais fresca do que a Itália e pressionava muito. Então Mancini acertou em mudar e Franco Foda acertou em não mudar. O treinador tem que ter cuidado para que a equipa não perca o ímpeto quando se operam mudanças."
Gareth Southgate, com várias opções no banco da Inglaterra, por vezes fazia mudanças para alterar a personalidade da sua equipa e não a forma de jogar. Aitor Karanka citou a partida contra a Alemanha como exemplo. "Jack Grealish, quando entrou, fez a diferença. Ele joga mais no meio, criando dúvidas entre o lateral e o central. Isso fez com que Luke Shaw tivesse mais espaço para atacar - e foi assim que nasceu o primeiro golo."
Houve, no entanto, uma história de pouca sorte. Kasper Hjulmand, que utilizou todas as 31 opções em seis jogos da Dinamarca, fez a sua sexta alteração quando faltavam 15 minutos do prolongamento da meia-final contra a Inglaterra - mas uma lesão de Mathias Jensen deixou-o com um homem a menos quando perseguia a reviravolta no marcador.