Como Kasper Hjulmand uniu uma nação à volta da Dinamarca no EURO 2020
Segunda-Feira, 5 de Julho de 2021
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Kasper Hjulmand sente que ser treinador da Dinamarca vai para lá do futebol, como explica o repórter da equipa, Sture Sandø.
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"Se não se consegue lidar com a pressão, não se deveria ser treinador de uma selecção nacional." Estas foram algumas das primeiras palavras de Kaspar Hjulmand quando assumiu o comando da Dinamarca, antes dos jogos da UEFA Nations League em Setembro de 2020, contra a Bélgica e a Inglaterra. "Tenho uma visão para alcançar grandes feitos", acrescentou, acabado de substituir Åge Hareide, "E estou ansioso por começar. Farei o meu melhor pela equipa e pela Dinamarca."
Inglaterra - Dinamarca: cobertura em directoÉ difícil imaginar agora que se passou menos de um ano desde que Hjulmand tomou conta da equipa, quando uma das grandes surpresas na sua primeira convocatória da Dinamarca foi a chamada de Joakim Mæhle. O lateral-direito, na altura com 23 anos, tinha apenas feito alguns jogos nas selecções jovens da Dinamarca e estava a jogar na Bélgica pelo Genk. Em Julho de 2021, e já futebolista da Atalanta, Mæhle é uma das principais estrelas dos Vikings no EURO 2020, uma amostra de como a equipa evoluiu desde a chegada de Hjulmand.
Treinador bem-sucedido na Liga dinamarquesa ao serviço do Lyngby e do Nordsjælland, Hjulmand não era suposto estar no cargo nesta fase final. Fora escolhido antecipadamente para substituir Hareide após o EURO 2020 se tivesse ocorrido na data prevista, mas o adiamento do torneio devido à pandemia da COVID-19 fez sair o seu antecessor e, por consequência, entrar o novo timoneiro. Com os jogos da Nations League e da qualificação para o Campeonato do Mundo da FIFA no horizonte, Hjulmand assumiu de pronto o comando com a tarefa de levar a Dinamarca também a este EURO.
Herdou uma equipa invicta há 34 jogos e, neste contexto, a introdução de novas ideias poderia ter gerado alguma controvérsia, mas Hjulmand convenceu rapidamente os jogadores. Sob as suas ordens, a Dinamarca ganhou e perdeu, mas o mais importante, depois de várias excelentes exibições nesta fase final, é que dá gosto e entusiasma ver jogar esta. A vitória mais notável, sobre o País de Gales, por claros 4-0, foi a primeira da Dinamarca na fase a eliminar de um grande torneio desde que derrotou a Nigéria, por 4-1, no Campeonato do Mundo de 1998.
Mas não foram apenas os jogadores que Hjulmand inspirou. No ano entre o anúncio como sucessor de Hareide e o seu primeiro encontro com a equipa, Hjulmand não se limitou a pensar em como incorporar Andreas Christensen, Simon Kjær e Jannik Vestergaard na defesa da Dinamarca. Tratou igualmente de contactar com músicos, executivos, o mestre de cerimónias reais da Dinamarca e até o ex-primeiro-ministro Helle Thorning-Schmidt, entre outros, para aprofundar a sua compreensão sobre a identidade nacional da Dinamarca.
Hjulmand via o trabalho de treinador da selecção como algo mais do que simplesmente dirigir uma equipa de futebol, e talvez o actual sucesso da Dinamarca em campo se deva a esses pensamentos importantes e a essas reflexões. Hjulmand trabalha muito, conhece o seu futebol e tem bons jogadores à disposição, mas os seus feitos também resultaram de ter conquistado uma nação inteira.
"Não estou motivado por definir o objectivo de ficar entre os seis primeiros ou de chegar aos quartos-de-final; isso é apenas definir metas", explicou antes da vitória da Dinamarca nos quartos-de-final contra a República Checa. “A minha motivação vem de dizer aos outros para sonharem em grande e não terem medo de dizer que é isso que sonhamos. Nos nossos sonhos de criança, acabamos sempre com o troféu e deixamos a nação orgulhosa, mas para fazer isso é preciso dedicação, cortar a direito e muito trabalho. Só nessa altura será possível realizar os nossos sonhos."
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