O UEFA.com funciona melhor noutros browsers
Para a melhor experiência possível recomendamos a utilização do Chrome, Firefox ou Microsoft Edge.

Nani recorda EURO 2016: “Dificuldades deram-nos força para vencer”

Em entrevista ao UEFA.com, Nani revisitou os momentos fantásticos vividos em França, onde foi peça importante de uma selecção que mostrou uma “atitude incrível” para chegar à final e ganhar.

Nani comemora um dos golos apontados por Portugal no EURO 2016
Nani comemora um dos golos apontados por Portugal no EURO 2016 Getty images

Golo à Islândia para provar valor

Era um jogo pelo qual aguardava com muita expectativa. Na altura sentia-me em óptima forma e estava desejoso de mostrar a minha qualidade, da qual algumas pessoas duvidavam, pois após sair do Manchester United tinha alinhado em equipas menos prestigiadas. Fiquei extasiado por marcar o primeiro golo de Portugal no torneio, abrindo caminho para o que viria a ser uma campanha memorável, tanto para mim como para a equipa. Nunca deixei de acreditar na minha qualidade e dei mostras disso nesse jogo.

Nani recorda embate com a Islândia em UEFA.tv


Tudo ou nada com a Hungria e sonho a ganhar forma

Sabíamos da importância desse jogo. Apesar de podermos ter a tentação de só atacar, o treinador disse-nos para sermos pacientes e equilibrados, pois o empate até podia ser suficiente. No fim de contas, fica para a história um grande jogo, cheio de emoção e golos, alguns deles de belo efeito.

Fiquei emocionado com o golo que marquei e nem sabia muito bem como o celebrar. Mas festejei com paixão e emoção, por causa de nos recolocar na luta pelo resultado e também para agradecer aos nossos adeptos, que sempre estiveram lá para nós, nos bons e nos maus momentos, e que mais uma vez estavam a puxar por nós.

Nani celebra após marcar à Hungria
Nani celebra após marcar à HungriaAFP via Getty Images

Este jogo acabou por nos fortalecer ainda mais a nível mental. Muitas pessoas pensavam que o nosso grupo ia ser fácil e não foi bem assim. Frente à Hungria recuperámos duas vezes de desvantagem e mostrámos uma enorme força de vontade, que não íamos cair sem dar luta, transformando algumas críticas que nos faziam em motivação. Esse jogo foi o momento em que começámos a acreditar que podíamos ser campeões e que podíamos jogar de igual para igual com qualquer adversário.

Portugal a subir de forma na fase a eliminar

Com o passar do tempo fomos ficando cada vez mais fortes e o jogo com o País de Gales foi o ponto alto dessa subida de rendimento. Tínhamos muitos bons jogadores e uma equipa fantástica. Dito isto, sabíamos que se dessemos o nosso máximo, se seguíssemos à risca as indicações do treinador, mostrando a nossa qualidade e jogando em conjunto, as hipóteses de triunfo seriam maiores. Contávamos com um Cristiano [Ronaldo] em excelente forma e provou isso logo a abrir, o que nos incentivou e deu confiança para o jogo. Jogámos de forma fantástica, a nível individual e colectivo.

Ao início, pelo facto de ser uma meia-final, havia algum nervosismo. Mas após o Ronaldo inaugurar o marcador, ficámos mais moralizados e conseguimos criar mais ocasiões de golo, e eu acabei por marcar o segundo. Foi um dos mais importantes da minha carreira, por causa do significado e da ocasião, e também por estar a alinhar numa posição desconhecida para mim, a de avançado-centro.

O motivador Fernando Santos

Nani também marcou frente ao País de Gales
Nani também marcou frente ao País de GalesGetty Images

O nosso treinador sempre pensou positivo, logo desde o dia em que assumiu o cargo, incutindo essa mentalidade na equipa. O que ele disse numa conferência de imprensa, de que só regressava a casa a 11 de Julho, foi mais um factor de motivação. Nós, os jogadores, já estávamos com um estado de espírito positivo, cientes de que, como equipa, tínhamos melhorado bastante e que éramos um conjunto muito competente. Já tínhamos comentado entre nós que aquela era uma ocasião única para ganhar um título, mas essas palavras do treinador deram-nos algo mais.

A nossa equipa era uma das mais jovens em prova e muitos dos jogadores nem sequer tinham disputado finais de clubes, quanto mais de selecções. A pressão era naturalmente grande, mas ouvir as palavras de uma pessoa experiente como ele era tudo o que precisávamos. Teve várias reuniões connosco e fez-nos acreditar cada vez mais em nós e nas nossas capacidades.

Resumo do EURO 2016: Portugal 1-0 França

Final com a França, lesão de Cristiano Ronaldo e palavras de esperança

A lesão do Cristiano [Ronaldo] teve um impacto imenso. Quando o vi cair fiquei um pouco apreensivo mas pensei que ia passar, que a lesão seria tratada e ele voltaria ao relvado. Mas quando ele depois me diz que não aguenta mais, fiquei arrepiado e triste. Mas depois respondi: "Não te preocupes, vamos ganhar isto por ti". No momento em que me colocou a braçadeira, vieram-me as lágrimas aos olhos e fiquei zangado. Ao mesmo tempo, tive uma sensação estranha e só tinha vontade de dizer aos meus colegas "Vamos lá! Agora temos de jogar ainda melhor". Não o fiz, mas penso que toda a equipa percebeu o que aquele momento significou. Lutámos por ele e ajudámos a ganhar o título, um tributo merecido a um jogador que tinha dado muito à equipa e ao país e que até então no torneio estava a ser decisivo.

No jogo propriamente dito, houve três momentos que para mim foram marcantes: o remate ao poste do [André-Pierre] Gignac e um falhanço do [Antoine] Griezmann com a baliza à mercê. Nessa altura disse para mim que íamos ganhar. Fosse no tempo regulamentar, no prolongamento ou nos penalties, íamos ganhar. O livre do Raphaël Guerreiro à barra também foi importante para nos fazer acreditar, pois estávamos a mostrar atitude e personalidade, apesar de não atacarmos tanto como a França.

Golo de Éder e explosão de alegria

Nani no centro dos festejos após a final no Stade de France
Nani no centro dos festejos após a final no Stade de FranceGetty Images

Eu estava mais encostado ao flanco quando o Éder recebeu a bola no meio. Quando o remate partiu, vi a bola fazer um efeito um pouco estranho, como que a planar na relva. E quando ela entra na baliza... Foi uma explosão de alegria, o melhor momento do torneio! Foi tão bom proporcionar esta alegria ao nosso povo, que acreditava na conquista do título e o manifestou várias vezes ao longo do torneio. O facto de ter sido frente à França, com quem tínhamos contas a ajustar, e no seu reduto, tornou as coisas ainda mais especiais.

A sensação de pegar no troféu

Senti-me o homem mais feliz do Mundo, porque ganhar um título ao serviço da selecção é o sonho de qualquer jogador e vestir a camisola do seu país é algo único. Costumo festejar os meus golos pela selecção de forma muito apaixonada, porque nessas ocasiões não importa se jogamos no Sporting, FC Porto ou Benfica. Nessas ocasiões, todos estão do nosso lado, o país inteiro está connosco.