Heróis de culto do EURO: Luigi Riva, 1968
quinta-feira, 25 junho 2020
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"Na manhã seguinte estava no aeroporto de Roma e não sabia como lá tinha chegado", disse Luigi Riva ao recordar a conquista do EURO por parte da Itália.
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Ainda o melhor marcador de sempre de Itália, Luigi Riva apontou 35 golos pelos transalpinos, sendo o mais importante e famoso o apontado na final do Campeonato a Europa da UEFA de 1968. O jogador havia fracturado o pé esquerdo um ano antes e debatia-se com uma lesão na virilha durante a fase final, prova da coragem e bravura que lhe valeu a alcunha de "Rombo di Tuono" ("Trovão").
Má sorte
Foi num amigável frente a Portugal, em Março de 1967, que Riva sofreu a primeira de uma série de lesões graves. "Jogávamos em Roma, no dia a seguir à Páscoa", recordou Riva. "Era o meu terceiro jogo pela selecção nacional, o meu primeiro como titular a avançado-centro, posição que gostava bastante."
"Perdíamos por 1-0 quando vi uma oportunidade para marcar e ataquei a bola. O guarda-redes adversário fez o mesmo, chocámos e eu fiquei pior, ao fracturar o pé esquerdo. Não lamento nada, teria repetido o lance. Se tiver hipóteses de marcar, meto o pé."
Origens humildes
Nascido em Leggiuno, uma pequena aldeia no Norte de Itália, o taciturno Riva passou quase a totalidade da carreira ao serviço do Cagliari Calcio, clube da Sardenha pelo qual marcou 164 golos na Serie A. O seu estatuto de herói na ilha confirmou-se quando o clube conquistou o Scudetto em 1970.
De volta à acção
Após a lesão contra Portugal, Riva teve de esperar seis meses até voltar a jogar pelo Cagliari. Em Novembro de 1967 regressou à selecção em grande estilo, ao estrear-se a marcar pelos "azzurri" e logo com um "hat-trick" frente ao Chipre, no apuramento para o EURO. O avançado do AC Milan, Pierino Prati, era o titular na frente de ataque quando a Itália derrotou a Bulgária nos quartos-de-final, e a seguir a União Soviética, aqui através de moeda ao ar, após um empate sem golos em Nápoles, atingindo assim a final frente à Jugoslávia, disputada em Roma, no Stadio Olimpico.
Prati, que tinha ajudado o Milan a conquistar o "scudetto" e a Taça dos Clubes Campeões Europeus, voltou a começar de início, mas depois de Itália ter conseguido um empate a um golo, o treinador Ferruccio Valcareggi chamou Riva para o jogo de repetição, 48 horas depois. O jogador correspondeu com o primeiro golo, um belo remate de pé esquerdo aos 12 minutos, com Pietro Anastasi a fazer o segundo dos transalpinos, que assim conquistaram o primeiro, e até agora único, título europeu da sua História.
Edição de coleccionador
"Não sou coleccionador de camisolas, mas guardei algumas", disse Riva mais tarde. "Uma delas é minha e estranhamente não tem o No11, mas sim o No17, aquele que Valcareggi me atribuiu para o Europeu de 1968, apesar da minha lesão na virilha. Antes do jogo de repetição e pediu-me para entrar em campo e aguentar o máximo que pudesse. Inaugurei o marcador e foi uma noite maravilhosa. Na manhã seguinte estava no aeroporto de Roma e não sabia como lá tinha chegado".