Bis de Müller inspira RFA rumo ao título no EURO 1972
sexta-feira, 3 de outubro de 2003
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RFA 3-0 URSS
Dois golos de Gerd Müller inspiraram uma exibição de luxo da República Federal da Alemanha.
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A União Soviética deve ter temido o pior. Gerd Müller marcara todos os golos na vitória por 4-1 sobre a selecção de Leste no mês anterior e agora três quartos do público era alemão. E foi assim que o campo deve ter parecido à selecção soviética: a dada altura, o adversário conseguiu 30 passes consecutivos entre si. Foi o jogo do torneio, quase de sentido único, o desmantelar de uma defesa povoada e desactualizada pelos primeiros sinais do Futebol Total: uma lição.
Os três jogadores mais influentes da República Federal da Alemanha (RFA) estiveram envolvidos no primeiro golo, com Franz Beckenbauer a trazer a bola desde trás e Günter Netzer a rematar à barra. Evgeni Rudakov realizou uma espectacular defesa, mas Müller não perdoou na recarga. Um jornal inglês questionara se Müller teria apoio suficiente frente a uma defesa tão rígida, mas não se tratava bem isso.
Ele preferia alinhar sozinho no ataque, sem parceiro a invadir o seu espaço. Com os companheiros de equipa a afastarem os adversários (dois extremos e Uli Hoeness no meio-campo), Müller tinha liberdade para vaguear pela grande área. A sua conta pessoal de 68 golos em 62 internacionalizações constituiu um registo assombroso num período tão defensivo.
Marcou mais um na segunda parte, o terceiro da sua equipa, depois de Georg Schwarzenbeck ter feito uma rara aparição na área adversária e ter tentado uma combinação. Quando a bola chegou a Müller, o destino do lance já estava traçado. A equipa de Helmut Schön podia ter apontado mais golos se Netzer não tivesse sido apanhado tantas vezes em fora-de-jogo na primeira parte ou se Hoeness não tivesse acertado na barra quando o resultado ainda apresentava 0-0.
Murtaz Khurtsilava avançou no terreno para atirar à barra e obrigar Sepp Maier a uma estirada de grande nível, mas por essa altura já Herbert Wimmer, o fiel escudeiro de Netzer, tinha marcado o golo que a sua exibição merecia. Surgiu após um passe de Heynckes mas apenas graças a um erro invulgar de Rudakov, digno sucessor de Lev Yashin, detentor da mesma camisola negra e elasticidade, que não conseguiu segurar o seu aparentemente inofensivo remate rasteiro. Pouco mais coisas não foram excepcionais na exibição da RFA em Bruxelas, na Bélgica.
"Não temíamos os russos na final", afirmou Müller mais tarde. "Tudo correu bem. A equipa trabalhou, o treinador trabalhou; foi fantástico. A equipa estava em alta e ganhámos. Essa final foi o melhor do torneio."
Equipas
RFA: Maier; Beckenbauer (c), Breitner, Schwarzenbeck, Höttges; Netzer, Wimmer, Hoeness; Kremers, Müller, Heynckes
Suplentes: Kleff, Bonhof, Bella, Grabowski, Löhr,
Treinador: Helmut Schön
URSS: Rudakov; Dzodzuashvili, Troshkin, Kaplichni, Istomin; Khurtsilava (c), Kolotov, Baidachny (Kozinkevich 66), Konkov; Banishevskiy (Dolmatov 46), Onischenko
Suplentes: Pilguy, Matvienko, Muntyan
Treinador: Aleksandr Ponomarev
Árbitro: Ferdinand Marschall (Áustria)