Como é que a UEFA prepara os sorteios da Champions League e da Europa League
quinta-feira, 12 de dezembro de 2019
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Parece tudo muito simples mas como é que a UEFA se prepara para os sorteios? Antonio Giachino e Michael Heselschwerdt explicam.
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Parece tudo muito fácil e simples na TV. Pedro Pinto na apresentação, responsáveis da UEFA que se juntam a ele no palco, muitas vezes na companhia de ex-glórias do futebol europeu que definem a sorte de cada equipa. É, sem dúvida, uma operação simples mas de grande exigência.
Mas e o trabalho que acontece nos bastidores para garantir que o sorteio decorre sem problemas? Antes do sorteio dos oitavos-de-final da UEFA Champions League, na segunda-feira, e dos sorteios dos 16 avos-de-final da UEFA Europa League e dos oitavos-de-final da UEFA Youth League em Nyon, um dos principais dirigentes da divisão de competições de clubes, Antonio Giachino, e o director das competições de clubes, Michael Heselschwerdt, explicam.
Quanto tempo demora a preparação dos sorteios como os de segunda-feira?
Antonio: Eu tento dividir os preparativos ao longo de duas semanas. Não é possível preparar tudo de véspera. Começamos depois da quinta jornada a começar a pensar em todos os cenários possíveis: quem se pode apurar, quem pode ser eliminado, quem pode ir da Champions League para a Europa League e assim em diante, pelo que tudo começa no final de Novembro.
Os oitavos-de-final da UEFA Champions League e os 16 avos-de-final da UEFA Europa League são os mais difíceis de organizar do ponto de vista logístico. Temos muitas bolas de sorteio para preparar e muitos cenários possíveis, e há ainda a situação de decorrer no mesmo dia o sorteio do "play-off" da UYL [UEFA Youth League].
Do ponto de vista do calendário, a data dos jogos dos oitavos-de-final da UCL [UEFA Champions League] e dos 16 avos-de-final da UEL [UEFA Europa League] é determinada pela sua posição final na fase de grupos. Os vencedores dos grupos na UCL e UEL jogam a segunda mão em casa.
Leve-nos dos preparativos do início até ao fim.
Antonio: É bastante exaustivo. Antes de mais, temos de analisar todos os clubes que se podem apurar. Aí começamos a pensar na melhor maneira de preparar tudo com base nessas equipas. Em seguida, pensamos em todos os materiais necessários para o sorteio - as bolas de sorteio, as taças, as tiras de papel. Trabalhamos com a logística de modo a garantir que tudo esteja disponível.
Existem 1.440 bolas para serem preparadas para os sorteios de segunda-feira, o que é bastante. Temos que preparar três conjuntos para o sorteio. Um primeiro para os ensaios que decorrem no dia do sorteio. Preparamos outro para os sorteios e depois um extra, caso algo aconteça.
Michael: Não é preciso dizer que acompanhamos todos os jogos e discutimos as possíveis implicações no sorteio [estádios, encontros na mesma cidade] e o calendário para o final da fase de grupos, mas, para mim, a preparação mais exaustiva começa normalmente na semana anterior. O Antonio prepara os rascunhos dos discursos e as estatísticas de cada clube para os ler e para entrarmos no modo sorteio.
No que diz respeito aos últimos preparativos, revejo tudo na noite anterior por uma questão de segurança. De manhã, começamos com os ensaios, que são muito importantes, por isso temos mais ou menos uma hora para encontrar alguma coisa e dizer: "Precisamos de tratar disto ou daquilo."
Como é que se garante que o sorteio é justo?
Antonio: Pedimos a presença de auditores no dia do sorteio. Primeiro, eles verificam se o fechar das bolas é feito correctamente e de acordo com os procedimentos do sorteio. Depois eles são os responsáveis pelos conjuntos de bolas até elas serem colocadas nas taças, já no palco. No essencial, eles são responsáveis por garantir que nenhum dos materiais seja comprometido.
Sente-se nervoso com a possibilidade de cometer um erro?
Antonio: Estou confiante porque acredito na minha capacidade de conduzir o sorteio, mas sempre que alguém me pergunta se está tudo bem, eu respondo: "Vamos esperar até final do sorteio para aí eu dar a resposta". O diabo está sempre atrás da porta e os erros podem acontecer facilmente.
Michael: Aprendemos com outros sorteios realizados na UEFA e com outras organizações, formas de minimizar erros. Estabelecemos vários procedimentos, identificando factores críticos que influenciam negativamente a organização dos sorteios. Esses procedimentos permitem-nos continuar a prestar estes serviços.
Consegue imaginar uma altura em que o sorteio será feito por computador?
Michael: Isso poderia acontecer porque tornaria o sorteio mais simples, mas, na minha opinião, os clubes gostam de ver a sua equipa sorteada, gostam de estar lá, de ver as bolas do sorteio. Eu acho que faltaria alguma coisa se fosse apenas um carregar de um botão e pronto, todos os jogos são conhecidos.