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In The Zone: Rafa Benítez reflecte sobre a vitória fora do Paris sobre o Arsenal

Rafa Benítez, Observador Técnico da UEFA, explica como a mobilidade dos médios e a constante mudança de posições ajudaram o Paris a vencer fora o Arsenal na primeira mão das meias-finais da UEFA Champions League.

Os jogadores do Paris festejam o golo madrugador de Ousmane Dembélé em Londres
Os jogadores do Paris festejam o golo madrugador de Ousmane Dembélé em Londres Getty Images

“O Paris Saint-Germain beneficia da mobilidade dos seus médios. Mudam de posição a toda a hora com os médios e os extremos ou avançados.” As palavras são do Observador Técnico da UEFA, Rafa Benítez, que, após a vitória do Paris Saint-Germain no campo do Arsenal, na primeira mão das meias-finais da UEFA Champions League, identificou a fluidez do meio-campo dos parisienses como um factor fundamental.

No artigo que se segue, apresentado pela FedEx, Benítez analisa essa mobilidade e o papel desempenhado pelo autor do único golo do jogo, Ousmane Dembélé, na vitória por 1-0 na noite de terça-feira. O antigo treinador espanhol reflecte igualmente sobre os atributos necessários para jogar desta forma – e as questões que coloca aos adversários.

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Semelhanças com o golo em Anfield

Para começar, o golo de Dembélé, logo aos quatro minutos, fez lembrar o remate certeiro do mesmo jogador na vitória por 1-0 sobre o Liverpool, nos oitavos-de-final. Como disse Luis Enrique, o treinador do Paris: “Se olharmos para o golo que marcámos em Anfield e o compararmos com o primeiro golo [aqui], são muito semelhantes e fico muito feliz quando os meus jogadores tentam jogar dessa forma."

In the Zone: a mobilidade e fluidez do Paris

A semelhança foi o movimento no início da jogada, como mostra o clipe do golo no início do vídeo acima. Mikel Arteta foi generoso nos elogios à forma como foi construído – “mérito deles, porque saem de uma situação que está completamente fechada”, disse sobre o Paris – e o treinador do Arsenal continuou a citar o posicionamento de Dembélé, baixando para o meio. “Eles trazem o 'nove' para muito, muito longe da referência dos defesas-centrais”, revelou.

Como foi o jogo

À medida que o vídeo se desenrola, o movimento de outros jogadores também é crucial. Primeiro, Vitinha é mostrado a afastar Mikel Merino do meio para ajudar a abrir espaço para Dembélé. Depois, quando a sequência avança, Fabián Ruiz arrasta o lateral-direito do Arsenal, Jurriën Timber, para zonas interiores, deixando a ala livre para Khvicha Kvaratskhelia.

Outro exemplo da fluidez do ataque do Paris pode ser visto no segundo vídeo. À medida que constroem o jogo, o lateral-direito Achraf Hakimi ocupa um espaço no meio-campo, perto de Dembélé, o falso nove. “O PSG joga com três na defesa e tem Hakimi a jogar um pouco mais por dentro”, explica Benítez.

A partir daí, há uma rotação entre Kvaratskhelia e Ruiz na esquerda, com o primeiro a entrar para criar espaço para o seu colega receber.

“Eles sabem passar a bola, sabem segurar a bola, sabem encontrar os jogadores entre as linhas”, acrescentou Benítez sobre o meio-campo parisiense, elogiando particularmente Vitinha, o Melhor em Campo. “Vemos o Vitinha a manter o equilíbrio, protegendo os centrais, e quando eles recuperam a bola, ele está sempre disponível, fazendo o passe e dando apoio a todos eles."

As reflexões técnicas de Rafa Benítez

Os jogadores do Paris pressionam Martin Ødegaard, do Arsenal
Os jogadores do Paris pressionam Martin Ødegaard, do ArsenalArsenal FC via Getty Images

Como um meio-campo móvel desafia os adversários

“Com João Neves, Fabián Ruiz e Vitinha, se eles se movimentarem, cada um deles pode ir para a direita ou para a esquerda ou ser mais ofensivo ou defensivo e a outra equipa tem de os seguir. Por isso, quando um médio adversário segue o Fabián, por exemplo, pode deixar algum espaço e isso levanta a questão de quem controla esse espaço. E também temos o Dembélé, que pode sair e receber a bola, pelo que esta mobilidade e troca de posições cria dúvidas na outra equipa."

Ensinar uma abordagem fluída...

“É preciso dar aos jogadores a sensação de controlo do espaço. Por exemplo, se o Vitinha avançar, o João Neves tem de saber que ele saiu daquela zona. Por isso, os jogadores têm de perceber o jogo. Em todos os espaços têm de ter um dos vossos jogadores para poderem fazer a ligação com eles. Quando se ensina isto aos jovens jogadores, eles têm de ver onde está o espaço – 'Precisamos de um jogador aqui para podermos continuar a passar e a fazer movimentar a bola'. A consciência é uma coisa, pois podem surgir problemas se deixarmos espaços em branco, e também precisamos de jogadores com qualidade para controlar e passar a bola."

...e saber como travá-la

“Em termos de defender, se seguirmos uma abordagem um contra um em qualquer parte do campo, o jogador mais esperto, mais rápido ou mais forte terá vantagem. Uma alternativa a seguir os jogadores é a marcação à zona e a equipa a trabalhar como uma unidade. Outra opção seria uma mistura com alguma marcação homem a homem para os melhores jogadores da equipa adversária. Todos os sistemas têm prós e contras. Ao trabalhar por zonas, se um jogador sair da sua zona, outro jogador irá segui-lo, o que significa que está a cobrir o espaço em todo o lado. No entanto, a troca de adversários é um desafio maior perto da grande área, pois se errarmos aí o risco é maior."

Gianluigi Donnarumma (à esquerda) e Vitinha no jogo de Londres
Gianluigi Donnarumma (à esquerda) e Vitinha no jogo de LondresDeFodi Images via Getty Images

Vitinha dita a lei

“O triângulo entre os defesas-centrais e o médio-defensivo é fundamental para proteger a zona central e, no Liverpool, tive médios-defensivos como Xabi Alonso, Javier Mascherano e Lucas Leiva, que davam equilíbrio à equipa e, ao mesmo tempo, protegiam os defesas-centrais. Quando o Paris não tinha a bola, o Vitinha estava sempre disponível à frente dos centrais; além disso, quando eles precisavam de ajuda, ele recuava para um dos lados lado para receber a bola."

“O fundamental nesta posição é jogar sempre com a cabeça levantada. É preciso ver atrás de nós antes de receber e ter a certeza de que estamos atentos ao que se passa à nossa volta. Um jogador nesta posição também precisa de jogar de ter saber jogar com os dos dois pés – direito e esquerdo – porque muitas vezes tem de passar a bola ao primeiro toque, ou controlá-la rapidamente e passá-la para o outro lado."

“Nos treinos, sugiro que se comece por trabalhar em espaços pequenos, para ter a certeza de que todos sabem o que fazer quando estão sob pressão, mas também é preciso trabalhar em espaços maiores, para ter a certeza de que não jogam sempre curto, mas que podem jogar longo, se necessário. No caso do Vitinha, ele pode jogar curto, mas também pode fazer passes penetrantes, com bolas atrás dos defesas. Em última análise, um jogador com visão e consciência do espaço é fundamental.”