Novo formato da Champions League: fase de liga cumpre objectivo
quarta-feira, 29 de janeiro de 2025
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Mais dinâmica, mais imprevisível e com mais confrontos de topo: a mais radical reformulação da UEFA Champions League em 25 anos cumpriu a promessa de revigorar a principal competição europeia de clubes.
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A fase de liga chegou ao fim com muita emoção na Jornada 8, que teve todas as 36 equipas em acção em simultâneo com quase tudo ainda em aberto.
Fosse a enfrentar o perigo da eliminação, a lutar para avançar como uma das oito melhores equipas ou a tentar melhorar a sua classificação e evitar jogar contra equipas mais bem colocadas nas rondas a eliminar, a tensão foi elevada e o drama intenso, com o novo formato da competição a produzir uma noite para recordar.
Com tanto em jogo, os golos surgiram em catadupa. Foram marcados 64, uma média de 3,55 por jogo, com um golo a cada 90 segundos, em média. Assistir ao desenrolar da acção foi uma experiência de cortar a respiração, emocionante e muito divertida.
E o desfecho foi imprevisível do princípio ao fim. No topo da tabela, apenas três das nove equipas originais do Pote 1 do sorteio da fase de liga terminaram entre os oito primeiros: Liverpool, Barcelona e Inter. Em vez disso, Lille (pote 3) e Aston Villa (pote 4) abriram caminho rumo à qualificação directa, fugindo ao play-off. Os jogadores do Villa juntaram-se em torno de um telemóvel após o apito final do seu jogo, que terminou com uma vitória por 4-2 sobre o Celtic, à espera dos outros resultados, e a alegria nos seus rostos quando foi confirmado que tinham garantido um lugar entre os oito primeiros mostrou bem o que esse facto significou.
Houve também muita emoção do outro lado da tabela, onde o Manchester City, vencedor da Champions League em 2023, teve de derrotar o Club Brugge para chegar ao play-off. As coisas pareciam sombrias para a equipa de Pep Guardiola quando Raphael Onyedika deu a liderança à equipa belga perto do intervalo, mas três golos do City no segundo tempo valeram-lhe um lugar no play-off, com o Brugge a agarrar-se também à vaga final de qualificação.
Entretanto, em Lisboa, o Sporting recuperou de uma desvantagem e evitou a derrota já perto do fim do jogo para garantir um empate frente ao Bologna, assegurando assim o seu lugar na fase de play-off. Foi um golpe duro para o GNK Dinamo que, após uma série difícil de jogos iniciais, lutou para voltar à disputa e, se não fosse o golo de Conrad Harder no Estádio José Alvalade, teria passado em vez do Sporting após vencer o AC Milan. 2-1 no último dia.
Foi uma conclusão entusiasmante para a nova fase de liga e uma justificação para a difícil decisão de alterar o formato. Foram necessários seis anos de planeamento, testes, modelos matemáticos e algoritmos para garantir que a principal competição de clubes de futebol beneficiasse com esta mudança mas, apesar de toda a preparação meticulosa e dos milhares de simulações, o seu sucesso só poderia sempre ser julgado no campo.
À medida que a poeira assenta após uma noite emocionante de acção, é evidente que, até agora, o novo formato está a atingir os seus objectivos de aumentar a equidade e a variedade de adversários, proporcionar maior equilíbrio, mais imprevisibilidade, jogos mais disputados e mais confrontos entre as equipas de topo, bem como a produzir uma competição mais dinâmica.
Montanha-russa de emoções
A fase de liga foi bastante movimentada, com equipas a subir ou a descer de posição a cada resultado. O Borussia Dortmund, finalista do ano passado, estava em quinto após a Jornada 1, foi para o topo após a vitória clara por 7-1 sobre o Celtic na Jornada 2, depois caiu para 11º, antes de voltar ao quarto lugar após a Jornada 5. À entrada para o último jogo, contra o Shakhtar Donetsk, estava em 14º lugar. Durante o decorrer da Jornada 8 esteve brevemente na oitava posição, mas não o suficiente para garantir o prémio da qualificação directa para os oitavos-de-final. No total, na Jornada 8, 35 das 36 equipas alteraram a sua classificação pelo menos uma vez, o que demonstra a fluidez da nova fase de liga
E o Liverpool pode ter desfrutado da a sua visão do topo da tabela durante quase toda a fase de liga – caiu brevemente para o segundo lugar durante a derradeira noite antes de recuperar a primeira posição com um golo tardio da Atalanta em Barcelona – mas para a maioria das equipas foi uma autêntica montanha russa de emoções. As audiências televisivas também se mantiveram consistentemente elevadas ao longo de cada jogo – a natureza rapidamente mutável da tabela classificativa e o facto de cada golo ser importante mantiveram os espectadores colados ao apito final.
Esperar o inesperado
Enquanto alguns dos grandes nomes falharam, os mais pequenos ganharam destaque. O estreante Brest, por exemplo, deu nas vistas com a sua espectacular primeira época no futebol europeu, garantido um lugar no play-off da fase a eliminar. O novo formato oferece mais oportunidades para reviravoltas, com mais variedade de jogos e o facto de as equipas defrontarem adversários do mesmo pote dá mais oportunidades de somar pontos.
Na antiga fase de grupos, em que as equipas se defrontavam duas vezes, havia 48 confrontos diferentes; na nova fase de liga, com 36 clubes, cada equipa joga com oito adversários diferentes, o que corresponde a 144 jogos únicos. Assistimos a vários jogos emocionantes com muitos golos e reviravoltas quase impossíveis – esperar o inesperado pode ser o lema da nova fase de liga.
Confrontos de gigantes
Os grandes confrontos aumentaram na fase inicial da competição, com as equipas dos Potes 1 e 2, respectivamente, a defrontarem-se na fase de liga. Houve repetição de quatro das últimas cinco finais da Champions League, assim como outros jogos importantes. O Aston Villa assinalou o regresso da Taça dos Campeões a um Villa Park cheio de emoção ao vencer o Bayern München, que tinha derrotado na final de 1982, e o AC Milan e o Liverpool (adversários nas finais de 2005 e 2007) voltaram a encontrar-se.
“Estamos a defrontar equipas provavelmente mais difíceis do que seria normal numa fase de grupos. Normalmente, estes jogos são disputados nos quartos-de-final ou nas meias-finais.”
E, talvez mais por capricho do que por concepção, o novo formato garantiu igualmente alguns confrontos sonantes no play-off da fase a eliminar. O Manchester City, por exemplo, vai agora defrontar o Real Madrid na próxima ronda e, desta vez, uma destas equipas vai ficar de fora.
Também se verificou um aumento dos golos por jogo. Antes desta época, a campanha da fase de grupos da Champions League com a média mais elevada de golos por jogo foi a de 2019/20, com 3,21. A fase de liga desta época produziu a média mais elevada de sempre de 3,26 por partida.
Tendência competitiva
A melhoria do equilíbrio competitivo da competição está no centro da concepção do novo formato. Simplificando, as alterações asseguraram a existência de jogos mais competitivos entre equipas de força semelhante. Ao mesmo tempo, o novo sistema utilizado no sorteio da fase da liga criou uma distribuição mais justa dos adversários.
No novo formato, o facto de as equipas poderem ser sorteadas contra adversários do mesmo pote garante um maior equilíbrio e melhores hipóteses de os conjuntos menos cotados somarem pontos. Na época de 2022/23, por exemplo, quando o Viktoria Plzeň lutou bravamente contra os seus rivais de grupo Bayern, Inter e Barcelona, mas saiu com seis derrotas, o coeficiente médio dos seus adversários foi 53,5 pontos superior ao da equipa com o calendário “mais fácil”, o Chelsea. Esta época, a maior diferença média entre os adversários mais bem classificados e os menos bem classificados de qualquer equipa da fase de liga é de apenas 19 pontos de coeficiente. Isto levou a uma mistura muito mais equilibrada de equipas de diferentes potes espalhadas pela classificação. Na conclusão da fase de liga, as equipas do Pote 4 tinham melhorado a sua média de pontos para cerca de 1 por jogo, em comparação com 0,7 de média nas campanhas da fase de grupos de 2021-24.
Enquanto algumas equipas se concentram agora no play-off da fase a eliminar, outras fazem uma pausa antes dos oitavos-de-final ou regressam a casa para curar as feridas. Os seis anos de trabalho no novo formato proporcionaram um final incrível para a fase de liga inaugural – e o melhor ainda está para vir.