In the Zone: Como a vontade do Atleti levou a melhor sobre o Leverkusen

Na conferências de imprensa pós-jogo, Diego Simone falou em vários factores que considerou cruciais para a vitória o Atlético de Madrid sobre o Leverkusen, garantida já perto do fim.

Foi interessante não se ter focado na técnica ou no talento – que são comuns na UEFA Champions League – mas sim em certas coisas menos glamorosas, mas não menos essenciais. "Pode-se ver o trabalho árduo, a liderança, a determinação, o saber sofrer e o ser capaz de ler o jogo", disse, orgulhoso dos seus pupilos.

Como mostraremos nesta análise trazida pela FedEx, este foi um jogo de futebol onde a mentalidade e a vontade foram fundamentais. Sim, o Atleti teve o toque de inspiração de Julián Alvarez, mas como o vídeo abaixo mostrará, a sua atitude foi tão ou mais fundamental para que a equipa encontrasse uma forma de virar o jogo depois de ter sido inferirou ao Leverkusen durante os primeiros 45 minutos.

O primeiro vídeo centra-se na combatividade de Rodrigo De Paul. Mostra-o a ganhar a bola a Florian Wirtz numa ação típica da sua incansável contribuição numa noite em que o argentino, um dos líderes de Simeone em campo, totalizou 54 acções de pressão. Não esteve sozinho, claro, e foi revelador que os cinco melhores jogadores desse ranking em particular estivessem todos a usar camisolas vermelhas e brancas.

Se isto foi um vislumbre da agressividade do Atleti, o vídeo dois destaca a sua energia e resistência na forma de Marcos Llorente, que vemos correr para a linha lateral esquerda do Leverkusen para frustrar um possível contra-ataque. Este sprint é ilustrativo da sua contribuição geral sem bola: correu uma distância total de 8,2 km sem posse de bola – mais do que qualquer outro jogador em campo – e terminou a partida também classificado em primeiro lugar no que toca a sprints sem posse de bola (27).

Simeone usou as palavras certas para falar do excelente esforço coletivo de uma equipa do Atlético que, do 23º ao 76º minuto, jogou com menos um homem após a expulsão precoce de Pablo Barrios. "Na segunda parte, foi óptimo ver a equipa a aprender a jogar cada situação, a aprender a jogar cada duelo", disse. "Jogaram com inteligência e com bravura".

A perder por 1-0 ao intervalo, a prestação da equipa no segundo tempo foi uma demonstração aos jovens treinadores de como moldar uma disputa de acordo com a sua vontade, através do conhecimento e gestão do jogo. O treinador do Leverkusen, Xabi Alonso, admitiu que a perda de controlo da sua equipa foi "para além de razões tácticas ou futebolísticas". Disse que, depois de sofrer o empate, "do nada" os seus jogadores "perderam a confiança e não conseguiram recuperar a compostura". E com essa mudança de ritmo "o jogo abriu-se e foi na direção que eles queriam".

Aitor Karanka, observador da UEFA no Metropolitano, concordou com Alonso no ponto em que o "aspecto emocional" foi decisivo. Disse: "O Atlético ganhou precisamente por esse aspecto emocional. O Leverkusen foi melhor quando estavam11 contra 11. Com a expulsão, o Atlético ficou mais parecido com o Atlético, uma equipa sempre confortável sem bola. E quando se tem jogadores na frente como [ Antoine] Griezmann e Alvarez, as hipóteses que têm, mesmo que sejam poucas, serão perigosas. Esperava-se que o Atlético defendesse, mas foi com tudo e, com o apoio dos adeptos, conseguiu virar o jogo.

"Resumindo, o Atlético levou o Leverkusen para um jogo que este não queria", acrescentou Karanka. "Houve momentos em que os jogadores do Leverkusen, em vez de se concentrarem em jogar, que é o que sabem e fazem tão bem, envolveram-se em batalhas. E numa disputa psicológica, se é que podemos chamar assim, o Atlético, no seu estádio, será sempre muito mais forte do que qualquer adversário."

Para a equipa de Madrid, o resultado foi a oitava partida esta temporada em que recuperaram e venceram com um golo perto do final. Alguns desses ingredientes menos vistosos – empenho, determinação, corrida intensa – voltam a aparecer no terceiro e último vídeo, que mostra a preparação para o golo do empate de Alvarez. Numa sequência de 30 segundos, os jogadores do Atleti são vistos a correr para impedir um contra-ataque antes de avançarem a bola para o outro lado, onde Alvarez acaba por marcar. Como Simeone resumiu depois: "A história do clube é esta."