In the Zone: como o Arsenal castigou o Monaco
quinta-feira, 12 de dezembro de 2024
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Gareth Southgate, observador de jogos da UEFA, analisa como os Gunners ameaçaram nas transições com velocidade, inteligência e penetração.
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O Arsenal de Mikel Arteta soma e segue na UEFA Champions League, graças a uma impressionante vitória por 3-0 sobre o Monaco, que lhe permitiu subir ao terceiro lugar da classificação.
Neste artigo apresentado pela FedEx, Gareth Southgate, observador de jogos da UEFA, em parceria com a unidade de análise da UEFA, destaca o impacto decisivo dos instintos de pressão e da capacidade de penetração inteligente do Arsenal nas transições.
O primeiro vídeo revela um aspecto fundamental do papel de Gabriel Martinelli numa exibição na primeira parte que poderia ter rendido maiores dividendos do que a magra vantagem dada pelo golo de Bukayo Saka, aos 34 minutos.
O avançado esquerdo brasileiro reage rapidamente a uma mudança do flanco de jogo, forçada pela forma compacta como o Arsenal se apresentou vertical e horizontalmente.
Após roubar a posse de bola, o extremo encontra imediatamente o seu compatriota Gabriel Jesus a atacar o espaço entre os dois defesas-centrais do Monaco. "O Arsenal devia ter três ou quatro golos de vantagem ao intervalo", disse Southgate. "Mostrou uma pressão tipicamente excelente e qualidade de passe". O antigo seleccionador de Inglaterra citou o remate de Jesus como "uma das três oportunidades de um-para-um na primeira parte criadas por perdas de bola do Monaco em zonas perigosas, ou através de passes a rasgar".
A bela defesa de Radosław Majecki foi a segunda do guarda-redes polaco num duelo individual com Jesus em apenas dois minutos.
O Nº9 do Arsenal revelou-se uma ameaça ao longo do jogo, recebendo a bola quatro vezes entre linhas, até que Kai Havertz o substituiu aos 73 minutos. Jesus também fez 16 incursões para defender – apenas atrás de Saka, que liderou nesse capítulo, com 21, mas que cumpriu os 90 minutos.
O segundo vídeo mostra a apurada inteligência de jogo do capitão do Arsenal. "Martin Ødegaard dá início a várias jogadas do Arsenal, com e sem bola", explicou Southgate.
Mais uma vez, o Arsenal mantém a forma compacta, apesar de uma mudança do flanco de jogo. O passe atrasado do lateral-direito Vanderson, do Monaco, para Soungoutou Magassa, foi pouco acutilante e espoletou um gatilho para Ødegaard actuar, com o norueguês a avançar para roubar a posse de bola com uma acção inteligente de pressão do lado cego, deixando o médio isolado rumo à baliza.
O impressionante sentido de jogo e a capacidade de antecipação à perda da posse de bola foram características regulares dos Gunners quando pressionavam, segundo Southgate. “Ødegaard era várias vezes influente", observou. "E Martinelli a cobrir por dentro enquanto Mikel Merino avançava para atrapalhar a acção do médio mais recuado".
A contribuição de Ødegaard não se limitou à pressão, como é evidente. "Com a bola em sua posse, tentava sempre esticar jogo, forçado o Monaco a expandir o seu 4-3-3, muito concentrado no centro do terreno", explicou Southgate.
O vídeo final ilustra a tomada de decisão inteligente de Ødegaard no último terço.
Enquanto o passe longo de David Raya cai no meio-campo do Monaco – com o 4-3-3 de cada equipa claramente visível – a formação francesa ganha a segunda bola, mas o posicionamento compacto do Arsenal permite a Ødegaard pressionar agressivamente e tirar o esférico a Lamine Camara.
Com Jesus e Martinelli a ameaçarem imediatamente o ataque ao espaço atrás da linha defensiva, que entretanto estava a recuar, Ødegaard deu uma mostra excelente de temporização, perspicácia e distribuição criativa para atrair três defesas antes de executar um passe soberbo a escapar à acção de Thilo Kehrer, capitão do Monaco.
Embora tenha sido mais uma oportunidade desperdiçada na primeira parte, o vídeo sublinha aspetos importantes dos pontos-fortes do Arsenal na transição. "O fundamental é mudar de uma mentalidade agressiva no acto de pressão para uma postura tranquila e ponderada afim de executar um passe com conta, peso e medida", explicou Southgate. "Depois é preciso levantar a cabeça rapidamente para ver se existe oportunidade de atacar e libertar a bola".
Todos os três vídeos mostram a importância do "bom trabalho individual, timing, ângulo de abordagem, agressividade" nas acções de pressão, acrescentou.
Embora Saka tenha sido eleito Melhor em Campo devido aos dois golos e uma assistência, que representaram "a contribuição ofensiva decisiva numa noite em que o Arsenal desperdiçou inúmeras ocasiões", Southgate também destacou a velocidade de pensamento e capacidade de penetração do lateral-esquerdo Myles Lewis-Skelly, de 18 anos.
“O papel de Lewis-Skelly no primeiro golo incorpora vários pontos-fortes da equipa na transição", disse. "Mostra rapidez de execução para fugir ao adversário, depois olha e avalia a situação em poucos segundos antes de efectuar o passe para Jesus".
Para Kehrer, do Monaco, perder duelos importantes custou caro. "Tivemos algumas perdas de posse durante o jogo e, por vezes, isso aconteceu em zonas vitais, onde o Arsenal criou ocasiões", disse. "Demos-lhes muitas ofertas, perdendo a bola com bastante facilidade. E o Arsenal não se fez rogado e aproveitou".