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Roger Schmidt sobre a Champions League, engenharia mecânica e os problemas da língua

"É entusiasmante e um enorme prazer para mim", diz o treinador do Benfica, Roger Schmidt, isto numa altura em que a sua equipa entra em 2023 com uma invencibilidade que já dura há 28 jogos.

Roger Schmidt tem brilhado no Benfica apesar de não falar português
Roger Schmidt tem brilhado no Benfica apesar de não falar português AFP via Getty Images

Contratado como treinador do Benfica em Maio, Roger Schmidt protagonizou um extraordinário arranque em Lisboa, com a equipa encarnada a conquistar o seu grupo da UEFA Champions League e a liderar a Liga portuguesa mercê de uma invencibilidade em todas as competições que já dura há 28 jogos (23 vitórias e cinco empates).

Tendo jogado nas ligas inferiores enquanto trabalhava como engenheiro mecânico, Schmidt foi progredindo como treinador, comandando o Salzburgo, o Bayer Leverkusen e o PSV Eindhoven antes de assumir o comando do Benfica. O técnico de 55 anos falou com o UEFA.com e abordou a sua carreira.

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Sobre a adaptação no Benfica

Veja todos os golos do Benfica na fase de grupos da Champions League

A qualidade de vida em Portugal, e particularmente em Lisboa, é muito elevada. Eu já sabia disso. O que eu não sabia é que as pessoas fazem-nos sentir em casa de uma forma muito rápida. Não foi preciso muito tempo para haver um excelente entendimento entre mim e os meus jogadores, sendo que também fizemos algumas boas contratações. O sucesso gera confiança e, com isso, acabamos por entrar no ritmo certo.

Como é que se transmite ideias complicadas aos jogadores num novo idioma? Eu não consigo fazer isso! Não consegui aprender português num tão curto espaço de tempo. É óbvio que agora estou, passo a passo, a trabalhar nisso, mas acho que o inglês funciona muito bem em Portugal: quase todos os portugueses falam inglês e, na minha experiência de treinar no estrangeiro ao longo dos últimos anos, a tradução nunca foi um problema.

Sobre a fase de grupos da Champions League

O Benfica levou a melhor sobre o Paris para conquistar o Grupo H
O Benfica levou a melhor sobre o Paris para conquistar o Grupo HAFP via Getty Images

Tivemos claramente um sorteio complicado, já que nos calhou a Juventus, o Paris e o Maccabi. Para começar, não era importante para nós terminar em primeiro ou segundo, mas é óbvio que, na recta final, sentimos, principalmente depois dos dois jogos contra o PSG, que o primeiro lugar era alcançável. Era improvável na última jornada, já que o Paris não podia vencer a Juventus e nós tínhamos de bater o Maccabi. Obviamente, tivemos um pouco de sorte ao marcar os golos na altura certa. Faz uma grande diferença ser primeiro ou segundo no sorteio e também jogar em casa na segunda mão.

Mostrámos que somos capazes de concentrar-nos num jogo de cada vez e, claro, faremos isso também na fase a eliminar. Temos pensado jogo a jogo durante toda a temporada; tentamos dar o nosso melhor em todas as competições e jogar da melhor forma possível. Só é possível fazer isso quando se encara sempre o próximo jogo como o mais importante.

Sobre como o seu trabalho como engenheiro mecânico influenciou a sua carreira no futebol

Schmidt levou o Salzburgo à dobradinha na Áustria em 2013/14
Schmidt levou o Salzburgo à dobradinha na Áustria em 2013/14AFP via Getty Images

Podemos retirar algo de tudo o que fazemos nas nossas vidas. Como engenheiro, era uma tarefa muito diferente, mas a ideia de trabalhar em projectos e trabalhar em equipa para concluir esses projectos e fazê-los funcionar é muito semelhante ao futebol. Acho que essas experiências ajudam-nos sempre na vida e é por isso que eu realmente gostava de jogar futebol naquela época e trabalhar, ao mesmo tempo, como engenheiro.

Não foi uma desvantagem para mim começar a trabalhar como treinador um pouco mais tarde – passando pelas várias fases, começando como treinador no futebol amador e acumulando experiências. No futuro, essa experiência ajuda, especialmente quando se treina futebol profissional ao mais alto nível.

Sobre misturar a juventude com a experiência

Nicolás Otamendi e António Silva têm formado a dupla de centrais do Benfica
Nicolás Otamendi e António Silva têm formado a dupla de centrais do BenficaAFP via Getty Images

A dupla de centrais formada pelo Nico Otamendi e pelo António Silva é o reflexo da nossa equipa: um jogador que passou pelos vários escalões da nossa academia e um jogador que já jogou pelo Manchester City e pela selecção argentina, e que conquistou muito. O grande desafio é juntar com sucesso todas essas diferentes vivências.

Dominar esse desafio, acompanhar esses jogadores e liderá-los tem muito a ver com o facto de já se ter passado por essas situações e ser possível envolvermo-nos com esses jogadores e acompanhá-los. É claro que um jogador jovem precisa de mais informações e conselhos tácticos, ao passo que um jogador experiente só necessita de instruções específicas. Mas é entusiasmante e um enorme prazer para mim.

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