O UEFA.com funciona melhor noutros browsers
Para a melhor experiência possível recomendamos a utilização do Chrome, Firefox ou Microsoft Edge.

In the Zone: Análise ao Nápoles 4-2 Ajax

A equipa de Observadores Técnicos da UEFA analisa mais uma exibição cheia de golos do Nápoles na fase de grupos, esta conseguida graças à actuação dos seus laterais e extremos.

As investidas do Nápoles pelas laterais

O Nápoles, líder do Grupo A, ampliou sua série de vitórias para nove jogos no conjunto de todas as competições na quarta-feira, com mais quatro golos marcados ao Ajax.

Napoli 4-2 Ajax: Como tudo aconteceu

Neste artigo de análise levado até si pela FedEx, o painel de Observadores Técnicos da UEFA destaca a ameaça ofensiva daquele que é o melhor ataque competição, com 17 golos e que garantiu a passagem aos oitavos-de-final com a quarta vitória no grupo.

Golos

Resumo: Nápoles 4-2 Ajax

1-0: Hirving Lozano (4)

Depois de a bola do lado direito, o extremo mexicano puxou para dentro, passou a Piotr Zieliński e continuou a correr para as costas da defesa do Ajax, onde voltou a receber o esférico. A finalização, depois, foi excelente, com um cabeceamento a levar a bola a sobrevoar Remko Pasveer.

2-0: Giacomo Raspadori (16)

Zieliński esteve novamente envolvido na criação do segundo golo, combinando com Khvicha Kvaratskhelia na esquerda, antes de o georgiano passar a bola para Raspadori, que deu dois toques no esférico antes de rematar colocado com o pé esquerdo. O atacante de 22 anos do Nápoles tornou-se, com este golo, no terceiro jogador italiano a marcar em cada um dos seus três primeiros jogos na UEFA Champions League, depois de Alessandro Del Piero e Fabrizio Ravanelli (ambos em 1995).

2-1: Davy Klaassen (49)

Calvin Bassey fez bem o seu papel de lateral e cruzou da esquerda para o quarto golo da temporada de Klaassen, que com um cabeceamento forte, a oito metros do alvo, não deu hipóteses a Alex Meret.

3-1: Khvicha Kvaratskhelia (62, pen)

Com o habitual batedor de grandes penalidades, Matteo Politano, no banco, Kvaratskhelia converteu o seu primeiro penálti pelo Nápoles – na sequência uma mão de Jurriën Timber na grande área do Ajax – rematando certeiro ao canto direito.

3-2: Steven Bergwijn (83, pen)

Depois que Juan Jesus derrubar Brian Brobbey na grande área do Nápoles, Bergwijn converteu o consequente penálti com eficácia, rematando com força e precisão para bater Meret, apesar de o guardião da casa ter adivinhado o lado do disparo.

4-2: Victor Osimhen (90)

Um passe de Daley Blind para o seu guarda-redes ficou curto e o suplente Osimhen interceptou-o, captando a bola e colocando-a no fundo da baliza deserta.

Melhor em Campo: Khvicha Kvaratskhelia

O internacional georgiano vive uma temporada de estreia de sonho com a camisola azul do Nápoles. Marcou em cinco de últimos seis jogos por clube e seleção e a assistência para o golo de Raspadori foi a sua terceira nesta fase de grupos. Ao todo, nesta época, esteve diretamente envolvido em 12 golos no conjunto de todas as competições (sete golos, cinco assistências), mais do que qualquer outro jogador da Serie A.

O observador técnico da UEFA disse sobre o jogador de 21 anos: "Ele foi perigoso desde o início, fazendo a assistência para um golo e convertendo o penálti do decisivo terceiro golo. A sua velocidade e capacidade de drible criaram boas oportunidades de golo para a sua equipa".

Formações tácticas

Nápoles

O Nápoles apresentou-se em 4-3-3
O Nápoles apresentou-se em 4-3-3

A jogarem em 4-3-3, os comandados de Luciano Spalletti tiveram uma abordagem muito ofensiva, com os dois laterais, Giovanni Di Lorenzo (22) e Mathías Olivera (17), a subirem frequentemente – por vezes ambos ao mesmo tempo. No meio-campo, Stanislav Lobotka (68) jogou mais fixo, controlando o jogo, enquanto André-Frank Zambo Anguissa (99) e Zieliński (20) surgiram mais vezes junto dos atacantes. Mais à frente, os avançados Kvaratskhelia (77) e Lozano (11) deram largura, embora ocasionalmente surgissem no meio. O ponta-de-lança Raspadori (81) procurou sobretudo desmarcar-se nas costas da defesa do Ajax.

A defender o Nápoles mudava para um 4-5-1 compacto, com quatro defesas mais junto uns dos outros de forma a impedir que o Ajax penetrasse na sua defesa.

Ajax

O Ajax jogou no seu 4-3-3 habitual
O Ajax jogou no seu 4-3-3 habitual

Os visitantes montaram o seu habitual 4-3-3, que se transformava em 4-1-4-1 quando era altura de defender. A turma de Amesterdão tentou sair a jogar a partir do seu guarda-redes Pasveer (22), com os laterais a procurarem atacar – Bassey (3) com mais sucesso. No meio-campo, Edson Álvarez (4) pautou o jogo mais recuado, enquanto Klaassen (6) e Kenneth Taylor (8) se juntavam ao ataque.

O Ajax defendeu com uma linha relativamente alta, deixando espaço nas costas. Quando a bola era ganha, tentava fazê-la chegar rapidamente aos médios e, depois, a Bergwijn (7), que tinha a missão de partir em velocidade para cima da defesa da casa nas transições e contra-ataques.

Destaques

O que mais saltou à vista do observador da UEFA foi o jogo ofensivo do Nápoles. Quando a bola era ganha, a formação napolitana passava rapidamente para o ataque, com o menor número de toques possível, e seus jogadores da alas e da frente fizeram excelente uso do espaço que lhes era concedido pela defesa do Ajax nas transições e contra-ataques.

A sua qualidade nas zonas mais amplas e a capacidade de usar esse espaço para penetrar nas costas foram fundamentais, como o vídeo acima mostra em vários exemplos, destacando em particular a forma como os seus jogadores construíram o jogo, em conjunto com médios mais ofensivos.

O primeiro vídeo é do primeiro golo, de Lozano, e mostra como este entra pela direita na sua da fabulosa combinação com Zieliński, que faz a assistência.

As excelentes jogadas de entendimento do Nápoles resultaram também no segundo golo, apresentado no segundo vídeo. Zieliński está novamente envolvido e pode ver-se como ele se movimenta para o meio antes de tabelar com o lateral Matías Olivera e depois combinar com Kvaratskhelia, que se desmarca pela a esquerda antes de assistir Raspadori.

Foi uma jogada que Zieliński tentou várias vezes, permitido ao Nápoles criar perigo. Quanto a Kvaratskhelia, tentou por 10 vezes o um para um – o mesmo número de Kylian Mbappé e apenas superado, nesta semana, pelas 12 tentativas de Neymar (e, para que conste, a sua taxa de sucesso de 40% foi a maior das três).

O terceiro clipe, por fim, mostra como o Nápoles envolveu os seus laterais nas suas jogadas ofensivas. No vídeo, trabalham bem para permitir um cruzamento de Giovanni Di Lorenzo, o lateral-direito, que Osimhen não consegue aproveitar.

Giacomo Raspadori festeja com os colegas
Giacomo Raspadori festeja com os colegasGetty Images

Já para o Ajax foi mais uma noite difícil contra o adversário que o havia vencido por 6-1 em Amsterdão uma semana antes. O Nápoles, pressionando alto nos pontapés de baliza e com bastante agressividade meio-campo, não deixou os visitantes jogar seu jogo de passe curto habitual. A defender, os seus homens mais recuados tiveram muitas dificuldades perante a velocidade e a técnica dos jogadores mais abertos do Nápoles nos flancos.

Ainda assim, houve pontos positivos. Tanto Blind como Klaassen afirmaram que a equipa mostrou mais resiliência do que no jogo da primeira volta, em Amesterdão, com este último a referir: "Estávamos determinados a não seguir o mesmo caminho da semana passada".

O observador da UEFA elogiou ainda o trabalho de Klaassen – pela forma como soube ligar o jogo quando o Ajax atacou – e Bergwijn, cuja velocidade o tornou sempre perigoso em situações de um-contra-um e contra-ataques. Foi, em grande parte, graças a eles que o Ajax se tornou na primeira equipa a marcar mais do que um golo ao Nápoles desde o Verona, a 15 de Agosto, na jornada inaugural da presente edição da Serie A.

Análise dos treinadores

Luciano Spalletti, treinador do Nápoles
"É importante ser sempre corajoso quando se tem a posse de bola. O futebol, na Champions League, é assim, como se viu esta noite".

Alfred Schreuder, treinador do Ajax
"Pode parecer um pouco estranho, tendo acabado de perder por 4-2, mas acho que fizemos um bom jogo. Tenho de admitir que são adversários fortes. Vê-se isso na forma como jogam, no ritmo que colocam no jogo e em tudo o que fazem".