Entrevista a Jürgen Klopp: Treinador do Liverpool fala sobre a final da UEFA Champions League com o Real Madrid e deixar o legado certo
quarta-feira, 25 de maio de 2022
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"É verdade que queremos a desforra de 2018, mas esse não pode ser o pensamento principal", diz o treinador do Liverpool ao UEFA.com sobre a missão da sua equipa em Paris.
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Após se juntar ao Liverpool vindo do Borussia Dortmund em 2015, Jürgen Klopp tem comandado a equipa durante um período emocionante, no qual ganhou a UEFA Champions League 2018/19 e o campeonato inglês após um jejum de 30 anos.
Enquanto os "reds" se preparam para enfrentar o Real Madrid, que os derrotou na final da Champions League de 2018, o treinador de 54 anos reflecte sobre a sua sorte mista em finais importantes e quais são as coisas verdadeiramente importantes na vida.
Sobre a derrota com o Real Madrid na final de 2018
Primeiro é preciso dizer que se trata de um clube e uma equipa de classe mundial, que sabe o que é disputar jogos decisivos e ganhá-los. Em relação a 2018, as duas equipas mantêm o núcleo-duro, principalmente no meio-campo. A retaguarda do Real mudou muito e no ataque, apesar de ter perdido o Cristiano [Ronaldo], continua a ter o [Karim] Benzema, agora acompanhado pelo Vinícius Júnior e o Rodrygo. No fim de contas, continua a ser uma equipa com bastante qualidade.
Sem dúvida que é bom ter experiência de finais. Disse isso após vencermos o Tottenham em 2019: nas finais que já tinha disputado, as minhas equipas jogaram melhor mas perderam. Então, era necessário aprender a vencer, e entretanto já conseguimos melhorar esse aspecto. Estamos mais experientes e isso é bom.
Sobre a suposta "vingança" do Liverpool
Jogámos e perdemos. Tão simples quanto isso. Mas sabíamos que era preciso reagir, compensar essa desilusão, e foi o que fizemos, logo na época seguinte. O engraçado é que o Real e Madrid estão sempre envolvidos no nosso percurso recente na competição: perdemos com o Real Madrid em Kiev [em 2018], fomos campeões em Madrid [em 2019], ainda que tenha sido no estádio do Atlético, e agora voltamos a jogar contra o Real Madrid.
Há a sensação de que queremos desforra. Não nego, mas esse não pode ser o pensamento principal. Se encararmos o jogo a pensar em vingança não seremos bem sucedidos. Não é essa a nossa forma de estar. Chegámos à final sendo competitivos e mostrando qualidade e é essa fórmula que temos de repetir.
Sobre Carlo Ancelotti
Só recentemente é que me apercebi dos avançados que ele teve ao seu serviço, e então pensei: "Há algum avançado de classe mundial que ele não tenha treinado?" É uma loucura. Além disso, é uma pessoa muito agradável e simpática. Tem uma carreira repleta de sucessos e consegue inspirar as equipas para conseguirem feitos incríveis.
Sobre o legado que quer deixar no Liverpool
Não sei o que quero que as pessoas pensem sobre mim. O que quero fazer pelo clube é criar uma estrutura e uma cultura para o presente e o futuro, porque a estrutura e a mentalidade certas não devem depender das pessoas, mas sim do clube. Se as coisas estão certas, então está-se no caminho correcto e deve-se manter assim no futuro. É esse o meu objectivo, na realidade, mas só o conseguirei ganhando de forma regular.
As pessoas nunca me perguntam que tipo de legado quero deixar num clube, mas uma vez perguntaram-me o que gostaria de ter inscrito na minha lápide. Basta-me algo como "Ele era um tipo porreiro". Seria o suficiente, a sério, porque tudo o resto é de menor importância. Na verdade essa é a minha única preocupação: a de não precisar de passar por cima de outras pessoas para ter sucesso. Nunca aconteceu e não é agora que vai começar a acontecer.