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In the Zone: Análise ao Manchester City 4-3 Real Madrid

O painel de observadores técnicos da UEFA analisa a fantástica vitória do Man. City sobre o Real Madrid.

In the Zone: Jogadores do Man. City dão largura ao jogo

A emocionante vitória do Manchester City por 4-3 na primeira mão das meias-finais sobre o Real Madrid foi um espectáculo de futebol de ataque oferecido pelas duas equipas.

Do ponto de vista da equipa de Josep Guardiola, o destaque vai para como ataca em largura usando os seus extremos e para o seu jogo de transição electrizante e altamente eficaz. Quanto ao Real Madrid, mostrou mais uma vez a qualidade individual dos seus jogadores de classe mundial, capazes de momentos de brilhantismo que podem virar qualquer jogo, como sublinha o painel de Observadores Técnicos da UEFA neste artigo apresentado pela FedEx.

Como tudo aconteceu: Man. City 4-3 Real Madrid

Golos

Resumo: Man. City 4-3 Real Madrid

1-0: Kevin De Bruyne (2)
Na construção da jogada, o City trabalhpu a bola da direita para a esquerda, com o esférico a regressar ao flanco inicial, onde Mahrez produziu um momento de magia e cruzou na perfeição para a entrada de rompante De Bruyne, que com uma cabeçada maravilhosa faz o resto.

2-0: Gabriel Jesus (11)
Depois de um desarme de Éder Militão, que tentou desarmar Phil Foden na esquerda, o jovem do City conseguiu recuperar o esférico e passar a De Bruyne, com este a cruzar na direcção de David Alaba, com Gabirel Jesus a rodar sobre o austríaco e a marcar o seu 20º golo na UEFA Champions League. Alaba, que estava em dúvida para o encontro devido a uma lesão muscular, daria depois lugar a Nacho ao intervalo.

2-1: Karim Benzema (33)
Após um passe precipitado do guarda-redes Ederson, pressionado por Vinícius Júnior, bola sobrou para Luka Modrić, que ultrapassou Mahrez e tocou para Ferland Mendy. Na esquerda, este cruzou para a área do City, onde Benzema finalizou de forma excepcional, desviando a bola junto do poste mais distante.

3-1: Phil Foden (53)
Fernandinho interceptou um passe de Mendy destinado a Vinícius Jr e o City arrancou para um contra-ataque rápido. Mahrez desmarcou Fernandinho na direita e este cruzou com conta, peso e medida para o centro, onde Foden cabeceou certeiro

3-2: Vinícius Júnior (55)
O brasileiro redimiu-se do lance do terceiro golo do City com um lance individual fantástico. Depois de receber a bola de Mendy na esquerda, girou sobre Fernandinho e arrancou em velocidade até à grande área do City antes de finalizar com classe, com um remate rasteiro à saída de Ederson.

4-2: Bernardo Silva (74) 
O brasileiro redimiu-se do lance do terceiro golo do City com uma jogada individual fantástica. Depois de receber um passe de Mendy na esquerda, de costas para Fernandinho deixou para trás o compatriota com um toque de classe e arrancou em velocidade sem que ninguém o conseguisse acompanhar. Na cara de Ederson finalizou com categoria.

4-3: Karim Benzema (82)
Benzema tinha falhado dois penáltis num encontro da Liga espanhola com o Osasuna, seis dias antes, mas mostrou um sangue-frio extraordinário, bateu Ederson com uma conversão ao estilo de Paneneka, após mão na bola de Aymeric Laporte na grande área do City.

Melhor em campo: Bernardo Silva

O médio português do City levou o prémio individual não apenas por seu fantástico golo, o quarto da sua equipa, mas também pelo muito trabalho tanto defensivamente como com a forma como segurou a bola e se desmarcou constantemente, desorientando o posicionamento do Real. Fez 25 passes no último terço, com 92,3% de precisão (De Bruyne, por comparação, conseguiu 30 passes com 88,6% de precisão).

Sistemas tácticos

Man. City
A equipa da casa apresentou-se em 4-3-3 e contou com os Mahrez (26) e Foden (47) nas alas, mais abertos e os médios De Bruyne (17) e Bernardo (20) a avançarem para a posição 8, com o último a recuar mais vezes para receber a bola e criar um duplo pivô ao lado de Rodri (16). Os laterais jogaram geralmente atrás da bola e nos espaços, criando uma forma de ataque em 2-3-5. Na frente, Jesus (9) actuou como falso avançado.

Sem bola, City mudou para um 4-4-2, com De Bruyne ao lado de Jesus na frente. Mahrez tentou sempre pressionar a defesa adversária, enquanto entre os médios Bernardo era mais agressivo do que Rodri na pressão.

Real Madrid
O Real Madrid alinhou em 4-3-3 com e sem bola. Os homens de Carlo Ancelotti não foram particularmente agressivos na pressão alta, enquanto com bola os seus jogadores do meio-campo baixaram frequentemente para receber a bola lponge do bloco defensivo adversário.

O Real Madrid mudou depois para um 4-2-3-1 a meio da primeira parte, com Modrić a assumir um papel de número 10 mais definido, permitindo à sua equipa jogar melhor no meio-campo. Isso foi perceptível também sem a posse de bola, pois permitiu que Modrić pressionasse o pivô do City, Rodri.

Destaques

O vídeo acima oferece um exemplo de como o City ataca com a largura adequada através dos seus alas, enquanto os seus defesas ficam posicionados entre espaços. O exemplo vem do lance do qual nasce o segundo golo e destaca John Stones e Oleksandr Zinchenko – os laterais titulares à direita e esquerda, respectivamente – atuando por dentro, enquanto Mahrez e Foden ficam mais abertos.

Parando a acção, vemos a forma de ataque do City claramente definida, com quatro defesas mais Rodri à frente deles, e cinco jogadores na frente - daí a referência do observador da partida a um 2-3-5. Quando retomamos a acção, vemos Zinchenko dentro do círculo central quando recebe a bola de Rodri e a toca para Foden, enquanto o City trabalha o lance da direita para a esquerda.

Outra característica destacada pelo observador da UEFA foram as excelentes transições ofensivas do City. Tanto Mahrez quanto, em particular, De Bruyne destacaram-se neste capítulo, com o belga envolvido na maioria dos momentos perigosos que o City criou. A capacidade de De Bruyne de correr em velocidade com a bola e de fazer excelentes passes finais ou cruzamentos tornam-no fundamental nessas transições defesa-ataque. Terminou a partida com três oportunidades de golo criadas (total igualado apenas por Benzema na noite de terça-feira).

O City teve um excelente início de jogo, com pressão alta no campo e uma excelente qualidade de passe. Ao longo dos 90 minutos, foi excelente quando se tratou de pressionar como equipa ao perder a bola. Mostrou ainda a sua capacidade de sair a jogar perante perante a pressão adversária, mesmo que esta não tenha sido perfeitamente coordenada.

O facto de o City viajar para a Espanha com apenas uma pequena vantagem mostrou mais uma vez a mentalidade resiliente do Real Madrid. Segundo o observador da UEFA, a importância de Benzema merece destaque a este respeito, pois mostrou a força da sua personalidade ao pressionar e exigir mais dos companheiros. Sua capacidade de fazer golos fica bem patente olhando para o seu total de xG ("expected goals") na prova, que é de 7,31, levando ele já 14 nesta campanha europeia.

Construindo o jogo a partir de trás, o Real Madrid procurou criar ataques através da sua qualidade de passe e visão de jogo, juntamente com a capacidade de um contra um dos seus extremos, Rodrygo e Vinícius Júnior, com este último a gerar o maior número de dribles (oito) entre todos os jogadores das primeiras mãos destas meias-finais.

Modrić teve um papel fundamental pela sua notável capacidade técnica individual – chamando a atenção pela forma como reconhece o espaço, recebe a bola e varia os seus passes. Com ele e Toni Kroos, outro jogador de muito técnico, o Real Madrid tem a capacidade de manter a posse de bola e ligar o seu jogo mesmo sob pressão. Sem a posse de bola, no entanto, esteve muitas vezes no limite e sentiu a falta de Casemiro no meio-campo defensivo. Os "merengues" contam tê-lo de volta de lesão para a segunda mão, na próxima quarta-feira.

AValiação dos treinadores

Josep Guardiola, treinador do Man. City: "Foi um jogo fantástico para ambos os lados. Fizemos muitas coisas boas. Infelizmente, sofremos golos e não conseguimos marcar mais. Fizemos um jogo fantástico contra uma equipa incrível."

"Estou muito orgulhoso e incrivelmente feliz com a forma como actuámos. Fizemos tudo o que podíamos para vencer e tivemos coragem com e sem a bola."

Carlo Ancelotti, treinador do Real Madrid: "Estes jogadores não perdem nunca a cabeça quando as coisas estão difíceis. Os primeiros 20 minutos foram muito complicados, mas depois disso conseguimos – devagar – voltar ao jogo e manter as possibilidades de qualificação em aberto. Agora vamos contar com magia do Bernabéu do nosso lado."

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