In the Zone: Análise ao Bayern 7-1 Salzburgo
quarta-feira, 16 de março de 2022
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O painel de Observadores Técnicos da UEFA analisa a retumbante vitória do Bayern sobre o Salzburgo.
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O Bayern Munique pode olhar com confiança para a sua décima presença nos quartos-de-final da UEFA Champions League nas últimas 11 temporadas, após a forma categórica como eliminou o Salzburgo nos oitavos-de-final.
Neste artigo apresentado pela FedEx, o painel de Observadores Técnicos da UEFA avalia como o Bayern desmontou o Salzburgo, dominando a posse de bola e pressionando alto, a caminho de marcar sete golos na segunda mão e batendo o campeão austríaco com um resultado total de 8-2.
Golos
1-0: Robert Lewandowski (pen, 12)
Um toque de primeira do avançado polaco libertou Kingsley Coman para um cruzamento que Maximilian Wöber abordou de forma imprudente ante Lewandowski, que depois converteu o castigo máximo.
2-0: Robert Lewandowski (pen, 21)
Num livre que passou a penálti após intervenção do VAR, quase tudo foi igual ao 1-0: falta de Wöber sobre Lewandowski e este a bater Philipp Köhn com um remate rasteiro para o lado direito do guarda-redes.
3-0: Robert Lewandowski (23)
Este tento foi uma lição de determinação. Lewandowski não dominou bem mas imediatamente pressionou Rasmus Kristensen e depois Omar Soulet foi forçado a aliviar à pressa. A bola sobrou para Müller e este fez um passe a rasgar para Lewandowski, que no duelo com Köhn viu o guardião chutar contra si e deixar a baliza à sua mercê.
4-0: Serge Gnabry (31)
A pressão coordenada foi vital neste lance. Mohamed Camara foi pressionado à entrada da área por Leroy Sané e Coman e perdeu a bola. O francês serviu Gnabry, que dominou e atirou por baixo de Köhn.
5-0: Thomas Müller (54)
Uma excelente jogada colectiva que envolveu oito jogadores e uma circulação de bola paciente, terminando com Müller a enganar o marcador directo com uma finta de corpo e rematando forte e cruzado.
5-1: Maurits Kjærgaard (70)
O Salzburgo roubou a bola num lançamento lateral adversário e contra-atacou pelo centro do terreno, com Brenden Aaronson a servir o dinamarquês, que desferiu um forte remate junto ao ângulo, sem hipóteses para Neuer.
6-1: Thomas Müller (83)
Mais um lance construído de forma colectiva e que contou com duas tabelinhas envolvendo Müller, primeiro com Lewandowski e depois com Sané, que assistiu para o nº25 bisar de forma fácil.
7-1: Leroy Sané (85)
Na tentativa de sair a jogar, o Salzburgo perdeu a bola. Müller recuperou-a, combinou com Benjamin Pavard e passou a Lewandowski, que com um toque de calcanhar isolou Sané para o fecho das contas.
Melhor em Campo: Robert Lewandowski
Foi a classe individual e habilidade técnica de Lewandowski que deixaram o Salzburgo praticamente eliminado ao fim de apenas 23 minutos. "Nos duelos individuais foi demasiado forte para os centrais do Salzburgo", avaliou o Observador Técnico da UEFA. Além disso, participou na construção das jogadas e ainda assistiu para golo.
Tácticas
Bayern
Julien Nagelsmann manteve o habitual trio defensivo, com Niklas Süle (4) ao centro, Pavard (5) descaído na direita e Lucas Hernández (21) mais sobre a esquerda. Joshua Kimmich (6) e Musiala (42) ocuparam o centro do terreno e fizeram a ligação entre defesa e ataque, onde cinco jogadores ofensivos tinham liberdade para trocar de posições.
Deste quinteto, Gnabry (7) e Coman (11) ofereceram largura e profundidade, enquanto Müller (25) e Sané (10) ocupavam o espaço entrelinhas. Lewandowski (9) foi o ponta-de-lança, mas várias vezes recuou para receber e lançar os colegas nas costas da defesa adversária.
Sem a bola, a táctica do Bayern foi praticamente igual. Tal foi o seu domínio que quando perdia a bola estava bem dentro do meio-campo austríaco. Assim, pressionou rapidamente e recuperou 11 bolas no terço ofensivo, oito das quais terminaram com remates (o segundo maior registo na edição 2021/22 do torneio).
Salzburgo
Os visitantes esquematizaram-se em 1-4-3-1-2 com e sem bola. Às vezes a formação parecia muito estreita, pois procuravam tornar compactas as áreas centrais do relvado. Com 28 por cento de posse de bola, procurou defender a partir de um bloco médio/baixo durante a maior parte do jogo e a sua ameaça centrou-se no facto de recuperar a bola e contra-atacar de imediato. Foi dessa forma que podiam ter marcado duas vezes nos primeiros cinco minutos, frente a uma defesa do Bayern exposta, e foi assim que acabaram por apontar o seu único golo.
Destaques
Montado num 1-3-2-4-1, o Bayern dominou a partida, registando 752 passes e finalizando com 72 por cento de posse de bola. Levou a melhor sobre o Salzburgo em todos os aspectos. O primeiro lance no vídeo no topo da página mostra como os seus três centrais conseguiram contornar os dois avançados do Salzburgo, com Pavard e Hernández descaindo para os flancos para esticar jogo.
À sua frente, Kimmich e Musiala conseguiram contornar a pressão de Aaronson, do Salzburgo, que estava sozinho na posição de nº10, enquanto o quinteto ofensivo do Bayern tentava jogar entrelinhas aproveitando a largura fornecida por Gnabry e Coman. Essa capacidade para encontrar espaço entrelinhas foi personificada na perfeição por Müller, que procurava constantemente receber a bola nessas zonas.
A estrutura ofensiva do Bayern também permitiu que estivesse bem posicionado aquando da perda da bola, o que permitiu reagir rapidamente e pressionar, como se viu bem no golo de Gnabry. Já Sané exemplificou da melhor forma essa vontade de trabalhar arduamente sem bola, pois para além de um golo e duas assistências ainda registou seis recuperações.
Quanto ao Salzburgo, perante a pressão alta do Bayern, tentou construir desde trás. Contudo, por vezes isso foi-lhe prejudicial, como evidenciado nas 11 recuperações do Bayern no terço ofensivo e no sétimo golo sofrido, onde tentou construir pelo lado esquerdo, a partir de um pontapé-de-baliza.
A principal ameaça ofensiva do Salzburgo acontecia quando conseguia recuperar a bola e contra-atacar de imediato, explorando a forma distendida como o Bayern estava no relvado. Desta vez, a reacção rápida dos bávaros à perda de bola impediu que isso acontecesse muitas vezes, mas certamente este desequilíbrio entre defesa e ataque dará que pensar a Nagelsmann antes do quartos-de-final.
Declarações dos treinadores
Julian Nagelsmann, treinador do Bayern
"Foi sem dúvida um jogo muito bom. Tecnicamente foi incrível da nossa parte. Marcámos sete golos e podiam ter sido mais, pois criámos várias ocasiões com um futebol vistoso mas que não foram aproveitadas.
Matthias Jaissle, treinador do Salzburgo
"Foi uma noite realmente horrível e estamos muito desiludidos. Não conseguimos dar seguimento à exibição da primeira mão mas ainda assim podemos estar orgulhosos do percurso que fizemos".