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Jorge Jesus, treinador do Benfica, em discurso directo no UEFA.com

O treinador do Benfica, Jorge Jesus, fala do clube, da sua carreira e da relação entre o treinador e o artista.

Jorge Jesus quer voltar a dar ao Benfica a hegemonia do futebol em Portugal para tentar outros voos da Águia a nível internacional
Jorge Jesus quer voltar a dar ao Benfica a hegemonia do futebol em Portugal para tentar outros voos da Águia a nível internacional AFP via Getty Images

Em palavras exclusivas ao UEFA.com, o treinador do Benfica, Jorge Jesus, de 67 anos, fala em reconquistar a hegemonia do futebol em Portugal e de tentar outros voos na Europa com o clube, abordando igualmente a sua carreira e a relação entre o futebol e a arte e entre o treinador e o artista.

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A identidade do Benfica

O capitão do Benfica, José Águas (à esquerda), com o troféu conquistado em Berna em 1961 que quebrou a hegemonia do Real Madrid na prova
O capitão do Benfica, José Águas (à esquerda), com o troféu conquistado em Berna em 1961 que quebrou a hegemonia do Real Madrid na provaGetty Images

O Benfica é um clube internacional e, em Portugal, é chamado de “clube do povo”. Tem um grande impacto a nível social e em termos desportivos também. Na década de 1960, o Benfica conquistou duas Taça dos Campeões Europeus [nota: em 1961 e 1962] que lhe permitiram ter uma projecção internacional.

O Benfica tem essa identidade e história. Não apenas uma história desportiva, mas também uma história social. É essa identidade do clube que temos de igualar em campo. A parte desportiva tem de se igualar à grandeza do clube. E como se consegue isso? Com obras como o centro de treinos, um dos melhores do Mundo. Conquistando títulos... Podemos ter uma grande base de adeptos, mas sem títulos… Isto tem de estar ligado: ter um clube que corresponda aos feitos desportivos do passado e que, nos dias de hoje, seja uma referência em termos de recursos humanos e sociais em Portugal. E, claro, não podemos falar de um grande clube apenas em termos de futebol. O aspecto social tem grande impacto em fazer do Benfica um grande clube.

Os objectivos no Benfica

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Estamos a tentar voltar a fazer do Benfica uma grande equipa, líder do futebol português. E para isso é preciso conquistar títulos – provar que somos os melhores em Portugal para depois podermos procurar outras coisas a nível internacional. Não conseguimos fazer isso nos últimos anos, por isso temos de reivindicar essa posição como nossa. Estou habituado a estar nesse lugar.

A identidade do Benfica em campo

A nossa identidade é fazer um Benfica forte, com uma forma de jogar própria. Neste início de época, criámos essa força e os nossos adversários sabem que é difícil vencer-nos. É assim que criamos a nossa identidade. Temos uma forma de jogar, de atacar e de defender que não é fácil [de lidar]. Não é fácil parar o Benfica no ataque e não é fácil marcar ao Benfica. Aos poucos, vamos construindo a nossa identidade e ficando cada vez mais fortes. Temos também jogadores com grande capacidade individual, que são reconhecidos e apreciados na Europa. Sem jogadores com identidade própria não podemos formar uma equipa forte.

A mudança de desafios ao longo da carreira

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Todos mudamos ao longo dos anos. Isso acontece em todas as profissões. Não sou hoje o mesmo treinador que era há 20, dez ou cinco anos. Tento sempre encontrar novas abordagens para as minhas ideias porque sou um treinador criativo. Não sou um imitador. Tenho criado o meu próprio trabalho ao longo dos anos, evoluí e quero continuar a evoluir. As nossas experiências de vida ajudam-nos também a entender o que fazemos melhor e o que não fazemos tão bem para podermos crescer e evoluir.

A intensidade com que vive a carreira

Não me é fácil relaxar fora do campo. Quase não acontece quando ganho e menos ainda quando perco. No dia do jogo, na noite a seguir, quer ganhe ou perca, não durmo. E quando perdemos, desde que não perceba porque não ganhámos… E às vezes há jogos, como o contra o Portimonense [única derrota da época, por 1-0, em casa, na Liga portuguesa], em que passo os dois dias seguintes a tentar compreender por que não marcámos golos quando fizemos 24 remates, sete ou oito à baliza! Não consegui descansar durante dois dias e mal dormi.

O futebol e a arte, o treinador e o artista

Jesus e os jogadores do Benfica após a primeira derrota da época frente ao  Portimonense
Jesus e os jogadores do Benfica após a primeira derrota da época frente ao PortimonenseAFP via Getty Images

Para mim, o futebol é uma arte, por isso considero que a minha maneira de pensar é semelhante à dos artistas. Um treinador tem de ter arte, tem de ser criativo. E um jogador também – o seu talento, a sua arte, fazem a diferença. Tento compreender as pessoas que trabalham no mundo da arte, longe do futebol, para sentir a razão por terem feito o que fizeram.

Falou-se [certa vez] da Paula Rego por causa de um quadro dela que eu vi... Um treinador é como um pintor. Quando alguém pinta um quadro faz várias combinações prévias para criar a pintura que tem em mente. O mesmo acontece com um treinador. O treinador tem de misturar muito, criar um perfil e uma ideia de jogo para poder desenvolver com os seus jogadores. É por isso que digo que um treinador tem em si muita arte e criatividade.

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