Entrevista com Casemiro
quarta-feira, 25 de novembro de 2020
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O brasileiro do Real Madrid fala ao UEFA.com da carreira, de golos e vitórias na Champions League, deixando ainda elogios ao Inter.
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Quatro vezes vencedor da UEFA Champions League pelo Real Madrid, o centro campista brasileiro Casemiro fala ao UEFA.com sobre a carreira, recorda golos e vitórias e volta a elogiar o Inter e o seu treinador antes de novo confronto com os italianos no Grupo B.
Sobre o começo de carreira
Fui um dia tentar entrar numa das equipas da formação do São Paulo. Estavam mais de 400 crianças à experiência e havia muitos atacantes e médios, mas poucos médios-defensivos e foi aí que surgiu a ideia de jogar a médio-defensivo. Claro que essa não era a posição em que eu estava a jogar, mas ficou a ser a partir daquele momento. Na academia onde comecei fui sempre um jogador com muita vontade: estava sempre com muita vontade de jogar, fosse qual fosse a posição que estivesse disponível. A posição não importava para mim: eu jogava a guarda-redes, defesa-lateral ou defesa-central. Eu só queria jogar futebol e divertir-me.
Sobre a evolução na posição
Bem, em primeiro lugar, digo sempre que um jogador de futebol, quer tenha 35, 38, 40 anos, seja qual for a sua idade, vai aprender algo de novo todos os dias. Nos treinos, todos os dias, em cada jogo, um jogador de futebol está sempre a aprender alguma coisa, mesmo que sejam pequenos detalhes, está sempre a aprender. Isto funciona assim tanto na vida como no futebol. O papel do médio-defensivo foi sempre bastante comum no passado, em especial no Brasil. Tivemos muitos jogadores com essas características, como Mauro Silva, Gilberto Silva, Dunga. Eles sentiam-se confortáveis a desempenhar esse papel, "o de número 5", como dizemos no Brasil. Assim, não apenas o médio-defensivo, todos os jogadores são importantes, mas ele está no centro de tudo. O meio-campo é fundamental para o equilíbrio de uma equipa.
Sobre estudar os adversários
Todos os jogadores devem estar constantemente a aprender, a analisar as coisas boas e as menos boas que fazem. Eu gosto de ver os meus jogos como gosto de ver o dos meus adversários: o seu plano de jogo, as suas tácticas preferidas... Vejo especialmente os seus médios e atacantes, como gostam de jogar, as suas possíveis falhas, a forma como gostam de receber a bola.
Sobre Zinédine Zidane
É muito fácil falar sobre Zidane, quer como jogador quer como treinador. Como jogador, apesar de nunca lhe ter dito directamente, sempre foi o meu ídolo, porque jogava no meio-campo e, apesar das suas qualidades serem completamente diferentes das minhas, sempre gostei muito do seu estilo de jogo. Foi sempre o meu ídolo, e não apenas ele: Ronaldo [Nazário], Roberto Carlos, Raúl. Outros jogadores também, como Steven Gerrard, Paul Scholes, Frank Lampard. Acho que temos que apreciar [Zidane] pelo que ele fez como jogador e pelo que está a fazer agora como treinador. Daqui a 20, 30 anos os seus feitos serão ainda recordados porque o que ele está a fazer agora resistirá ao teste do tempo e será falado quando se falar da história do Real Madrid.
Sobre o importante golo na final com a Juventus
Para ser completamente honesto, é indescritível. É mesmo indescritível. Juro que nunca imaginei que iria jogar uma final da Champions League e muito menos marcar numa final da Champions League. Mesmo assim, quando se entra em campo numa final da Champions League, olhando para mim, não é meu costume destacar-me. Na realidade não gosto de o fazer. Claro, todos os jogadores querem marcar e eu também, mas se eu tiver de fazer o trabalho sujo para o Karim [Benzema], o Vinícius [Júnior], o [Eden] Hazard, que está num bom momento – ou para alguém como o Cristiano [Ronaldo] brilhar – fico muito contente por eles.
Sobre os problemas do Real Madrid esta época
Bem, primeiro, sabemos que não é um grupo fácil. O Shakhtar tem jogadores brasileiros formidáveis, de grande qualidade, muito bons. O Borussia [Mönchengladbach] tem estado muito bem na Alemanha, com um treinador com ideias muito claras e jogadores de grande qualidade. E, claro, o Inter é uma grande equipa, que sempre teve uma forte tradição e tem um treinador que é tacticamente excepcional e muito claro na forma como vê o jogo.
Sabemos que são jogos difíceis, mas contra o Shakhtar infelizmente não pontuámos, contra o Borussia conseguimos empatar e depois ganhámos ao Inter. Mas diria que o trabalho mental e a concentração que mantivemos ao longo do jogo foram muito importantes. Estávamos a jogar contra o Inter de Milão, com um grande treinador... temos que respeitar isso e valorizar essa vitória, que foi muito importante para nós.