Andrés Iniesta recorda as quatro vitórias na Champions League com o Barcelona
sábado, 6 de junho de 2020
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Andrés Iniesta fala das recordações de vencer a UEFA Champions League em 2006, 2009, 2011 e 2015.
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17/05/06: Barcelona 2-1 Arsenal
Stade de France, Paris (Eto'o 76, Belletti 80; Campbell 37)
Iniesta começou no banco, entrando para o lugar de Edmílson ao intervalo.
Fiquei furioso por não estar na equipa inicial e depois de estar no banco, a única coisa que queria fazer era entrar. Eu queria jogar e ajudar, estava ansioso para o fazer porque acho que tinha estado a fazer as coisas muito bem.
Eu só estava só a pensar em entrar e ajudar, em especial por estarmos a perder. Tivemos que dar a volta ao marcador. Claro que, ao estar no banco, olhamos para o jogo do adversário para estarmos preparados caso fosse necessário entrar.
Estamos atentos ao que o rival faz, aos movimentos dos seus jogadores. Bem, foi isso que tentei fazer. Entrei e joguei como médio defensivo e era um pouco [o responsável] pela construção de jogo juntamente com os defesas-centrais.
Estávamos a dominar o jogo por completo. O nosso domínio contra o Arsenal era avassalador. Felizmente que tínhamos o Víctor [Valdés], que foi decisivo nalgumas situações de um para um que nos mantiveram na luta pelo resultado. Depois, os golos do Samu [Samuel Eto'o] e do [Juliano] Belletti decidiram a final.
Penso que quando eles ficaram com menos um [o guarda-redes do Arsenal, Jens Lehmann, foi expulso aos 18 minutos], tornou-se mais difícil para eles ocupar os mesmos espaços como é óbvio. Se formos rápidos a circular a bola, o adversário sente mais problemas. Dessa forma, surgem mais espaços por dentro, vitais para os nossos companheiros. Foi basicamente isso que fizemos na segunda parte.
Veja Iniesta a contar ao detalhe a final de 2006 na UEFA.tv.
27/05/09: Barcelona 2-0 Manchester United
Stadio Olimpico, Roma (Eto'o 10, Messi 70)
Iniesta foi titular, mas deu o seu lugar a Pedro Rodríguez passados dois minutos dos 90.
Estava muito calor e não estávamos à espera do vídeo [motivacional mostrado antes do jogo]. Foi um vídeo que nos emocionou. Não sei se isso influenciou os primeiros dez minutos, pois o United foi melhor que nós.
Felizmente, tudo acabou em bem. Lembro-me porque foi um momento emocionante, pois foi uma época especial e foi bom recordá-la.
Queria jogar a final pelo que ela significava para mim e lembro-me dela porque foi um dos melhores jogos em que participei. O único problema que tive foi que não conseguia rematar devido à minha lesão nos quadrícepes.
Mas podia correr, mudar de velocidade ritmo, passar a bola. Como podia fazer isso, fiquei calmo, pois podia jogar bem. Rematar era o único problema. Na verdade, acho que aos 80 e tal minutos rematei, mas não me lembro exactamente como foi.
Antes do primeiro golo, eles tiveram duas ou três oportunidades, mas, depois do primeiro golo, jogámos com muita calma, dominámos o jogo bastante bem, tivemos maior controlo. Quando uma equipa tem o controlo da bola como nós e joga à velocidade que precisa - às vezes mais rápido, às vezes mais lento - no final, causa muitos problemas ao adversário. Estar sempre atrás da bola é muito cansativo e acho que eles não estavam habituados a isso no seu campeonato.
Naquele altura, quando ganhamos, os festejos, os dias seguintes, a festa em Barcelona com toda a gente. Foi a primeira tripla. Conseguimos e acho que é algo único, mágico e que recordaremos para sempre.
Veja Iniesta a contar ao detalhe a final de 2009 em UEFA.tv
28/05/11: Barcelona 3-1 Manchester United
Wembley Stadium, Londres (Pedro 27, Messi 54, Villa 69; Rooney 34)
Iniesta jogou os 90 minutos.
Lembro-me que foi muita a motivação pois [o Éric Abidal] ia jogar aquele jogo, ainda por cima a titular e depois acabaria por jogar da forma que jogou [pouco mais de dois meses passados depois de uma operação a um tumor hepático].
Foi uma motivação extra para a equipa tentar vencer a final por causa do que isso significava para o Abi e por todos os momentos que passámos. Na realidade, vencer o Manchester United em Wembley, da maneira que o fizemos foi realmente mágico.
Lembro que estávamos extremamente bem preparados. Acho que vencemos o campeonato duas semanas antes e tivemos um mini-estágio em Inglaterra, se bem me recordo. Preparámo-nos muito bem. Sabíamos como o Man United iria jogar, os movimentos que os seus jogadores iriam tentar e como seríamos melhores que eles. Planeámos muito bem a nossa estratégia para o jogo e executamos o nosso plano até à perfeição.
Para dominar o meio-campo, os nossos jogadores mais abertos viriam para dentro e os laterais avançavam. Foi uma mistura de vários movimentos diferentes. Houve movimentações defensivas também. Quando o Leo [Messi] baixava um pouco na direita, eu subia um pouco pela esquerda.
Gostei de termos sido dominadores e, para além disso, não nos podemos esquecer do palco. Foi a final da Champions League, na Inglaterra, em Wembley, contra o United. Tudo isso contribuiu para a magnitude da vitória e a forma como a conseguimos.
Veja Iniesta a contar ao detalhe a final de 2011 na UEFA.tv
06/06/15: Juventus 1-3 Barcelona
Olympiastadion, Berlim (Morata 55; Rakitić 4, Suárez 68, Neymar 90+7)
Iniesta foi capitão de equipa, saindo aos 78 minutos para dar lugar ao seu eterno companheiro Xavi Hernández que fazia o seu último jogo pelo Barcelona.
Senti que tínhamos uma equipa muito boa. Não foi a melhor das nossas temporadas, mas estávamos a melhorar e tínhamos uma equipa muito forte e sólida. Apanhámos uma Juventus muito forte na final, mas estávamos realmente muito confiantes. E foi especial, pois foi a minha primeira final como capitão.
Nós tínhamos esse controlo. Mas temos de saber como jogar uma final. Neste caso, os médios deles estavam um pouco mais recuados. Assim, era mais fácil termos a bola alguns metros atrás, pois tínhamos três jogadores decisivos na frente. Conseguimos controlar o jogo muito bem.
É verdade que houve momentos difíceis quando eles empataram, mas no final tudo correu pelo melhor para o nosso lado.
[Suárez, Messi e Neymar] complementam-se muito bem. Eles entendiam-se na perfeição. Eles tinham as suas próprias características, mas fizeram um grande trabalho juntos, não apenas marcavam os golos, mas também trabalhavam muito defensivamente.
Ter jogadores deste nível em finais faz-nos jogar muito mais. Jogar com aqueles três foi um privilégio, uma honra. Sabíamos que eles podiam mudar o jogo a qualquer momento.
Penso que foi o final perfeito para a carreira [do Xavi], foi muito bom ter um jogador como ele em campo e alguém que significa tanto para o Barcelona como o Xavi.
Terminar a carreira com uma tripla, erguer a taça da Champions League, penso que é uma recordação que ele ficará para o resto da sua vida.