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Frenkie de Jong sobre a vida no Barcelona

Frenkie De Jong fala sobre a sua evolução, sobre jogar com Lionel Messi e da influência holandesa no Barcelona.

Frenkie De Jong está na sua primeira temporada no Barcelona
Frenkie De Jong está na sua primeira temporada no Barcelona Icon Sport via Getty Images

O UEFA.com está a fazer uma série de entrevistas a figuras da UEFA Champions League, que serão publicadas a cada sexta-feira das próximas semanas.

Esta semana, fomos conversar com o médio do Barcelona e dos Países Baixos, Frenkie de Jong.

UEFA.com: Há tantos jogadores holandeses famosos no Barcelona ao longo dos anos - o que sabe deles?

 Patrick Kluivert foi um dos vários holandeses que jogou no BarcelonaBen Radford /Allsport
Patrick Kluivert foi um dos vários holandeses que jogou no BarcelonaBen Radford /AllsportGetty Images

Frenkie de Jong: Na altura em que comecei a acompanhar de perto o futebol, não havia realmente muitos jogadores holandeses no Barcelona. Quando eu era muito jovem, havia Mark van Bommel e Giovanni van Bronckhorst, e, mais tarde, Ibrahim Afellay e Jasper Cillessen.

Quando comecei a acompanhar o futebol mais de perto, comecei a seguir o [Lionel] Messi e ele ainda é o melhor. Mas há uma ligação especial entre os holandeses e o Barcelona enquanto clube, porque muitos jogadores do meu país tiveram sucesso aqui.

Os holandeses têm uma ligação com o Barcelona, e as pessoas aqui falam muito bem dos holandeses. Ronald Koeman, o nosso seleccionador nacional, é claro, muito famoso aqui por causa do golo que deu a vitória na final da Taça dos Campeões [em 1992]. E, claro, Johan Cruyff é muito importante para o clube.

Como é que foi começar a treinar com Messi no Barcelona?

Frenkie De Jong e Lionel Messi
Frenkie De Jong e Lionel MessiGetty Images

No início foi estranho, pois quando eu tinha 12 anos e estava no ensino secundário, ele já era o melhor do mundo. Na realidade ele não era um ídolo, mas sempre o vi como o melhor jogador. Ele ganhou a Bola de Ouro naquela temporada, pelo que eu era mais um adepto, ou aquilo que se queira chamar. Agora posso jogar com ele e isso é especial, sem dúvida.

Como é que se viu a crescer no mundo do futebol onde há certas exigências e restrições, bem como uma necessidade de disciplina?

Eu vim para a academia ainda jovem, pelo que cresci com tudo isso. Claro que existem alguns sacrifícios que têm de ser feitos. É costume ficar longe de casa por longos períodos. Quando somos miúdos, uma carrinha leva-nos de manhã e traz-nos de regresso à noite.

Nunca senti que perdi alguma coisa na minha vida. Gostei de quase todos os dias e de todos os momentos. Não gostaria de ter feito nada diferente. Iria na mesma da minha casa até ao clube numa carrinha que demorava cerca de uma hora e meia. Depois teríamos de apanhar três companheiros no caminho, tudo isto era divertido. Não me arrependo de nada e não teria feito nada de diferente.

Fale-nos da época passada, quando tudo aconteceu tão depressa - tornou-se titular e depois esteve a cinco segundos da final da Champions League.

Médio da temporada 2018/19: Frenkie de Jong

Sim, a época passada foi incrível. Tivemos que começar na terceira pré-eliminatória da UEFA Champions League, tivemos que sobreviver a isso para nos apurarmos. Como tudo correu bem, ficámos contentes por termos chegado à fase de grupos. Depois passámos e eliminámos o Real Madrid, surpreendendo toda a gente, e, depois, a Juventus.

Aquele jogo contra o Tottenham, tenho de admitir que ainda não superei o que aconteceu. Não que eu pense naquilo todos os dias, mas falar sobre isto como estamos agora a fazer, ou quando vejo lances do jogo, dá-me às vezes arrepios. Teria sido uma grande e única oportunidade de vencer a Champions League ou de jogar a final com o Ajax.

Foi uma temporada fantástica para o Frenkie e para o Ajax, mas também para o futebol holandês em geral.

Não penso que as pessoas o esperassem, pois a liga holandesa não se compara às cinco grandes ligas. As pessoas não esperavam que um clube holandês chegasse tão longe, que estivesse tão perto de chegar à final. Não chegámos à final, mas ficámos muito perto. Foi uma grande surpresa para todos e acho que o futebol holandês se saiu bem, também em termos de ranking. Isto trouxe de regresso a crença de que tudo ainda é possível.

Quão grande foi a influência de Johan Cruyff no Barcelona?

 De Jong  festeja depois de marcar pelo Barcelona
 De Jong festeja depois de marcar pelo BarcelonaIcon Sport via Getty Images

É enorme. Reparamos que, quando se fala com as pessoas sobre futebol, o nome dele surge rapidamente quando se é holandês. Ele tem o crédito por ter desempenhado um papel importante na forma como o Barcelona é olhado nesta altura. A sua visão sobre o futebol teve um grande impacto aqui. Eles estão-lhe eternamente gratos.

Ajax e Barcelona são comparáveis neste aspecto. Cruyff teve uma grande influência nos dois clubes. Isso é visível na forma como se sai a jogar, no jogo bem organizado, no 4-3-3, nestes aspectos. Não quero dizer que ele fez o clube, mas as pessoas têm um respeito imenso por ele, pois foi ele que deu início a uma filosofia no Barcelona que ainda está bem presente no clube.

Pessoalmente como se está a sentir? Já encontrou o seu espaço?

Encontrei o meu espaço, já me sinto em casa aqui, no clube, na equipa, na cidade onde vivo. Já me sinto em casa. Jogo muito, o que é bom, mas acredito que posso fazer muito melhor.

E se o Frenkie se tornar o próximo jogador holandês a vencer a Champions League com o Barcelona? A menos que haja enganado, há muito poucos. Talvez apenas Ronald Koeman, Giovanni van Bronckhorst e Mark van Bommel.

Isso é bem possível. Não é como se um clube vencesse a Champions League todos os anos, pois é muito difícil ganhá-la. Não sei como me sentiria, pois nunca a ganhei, mas seria maravilhoso. A principal razão pela qual vim para o Barcelona é porque o acho um clube incrível. Sempre senti que queria jogar aqui. Uma boa vantagem é que se tem boas possibilidades de ganhar a Champions League ao se jogar pelo Barcelona.

Esta entrevista foi feita em Setembro de 2019.