2007/08: Destino leva United ao título
terça-feira, 20 de maio de 2008
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Cinquenta anos após o desastre aéreo de Munique, e 40 após o United ter vencido a sua primeira Taça dos Campeões Europeus, os ingleses conquistaram pela segunda vez a UEFA Champions League, ao baterem o Chelsea nas grandes penalidades, no Estádio Luzhniki.
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Manchester United FC 1-1 Chelsea FC (após prolongamento; United vence 6-5 nos penalties)
Alex Ferguson admitiu que "o destino teve um papel importante" na conquista do título europeu por parte do Manchester United, após a vitória sobre o Chelsea, no desempate por pontapés da marca de grande penalidade.
Relembrar Munique
Cinquenta anos após o desastre aéreo de Munique, uma defesa de Edwin van der Sar ao penalty cobrado por Nicolas Anelka valeu ao United a conquista do seu terceiro título de campeão europeu, o segundo da era Ferguson. Bobby Charlton, um dos sobreviventes do desastre de Munique e que acabou bisar no triunfo da formação de Manchester sobre o Benfica na final da Taça dos Campeões de 1968, conduziu os jogadores do United ao topo das escadas do Estádio Luzhniki para erguerem o troféu, numa noite em que Ryan Giggs bateu o seu recorde de jogos pelo clube, ao disputar o 759º encontro com a camisola dos "red devils".
Em memória dos "Busby babes"
"Disse que não íamos desapontar a memória dos 'Busby babes'", lembrou Alex Ferguson. "O destino teve um papel importante esta noite. Mesmo a escorregadela de John Terry [antes de falhar uma grande penalidade no desempate por penalties] é obra do destino. Senti que ele estava do nosso lado esta temporada, ao ver o Giggs marcar o golo contra o Wigan [que carimbou a conquista do título de campeão inglês]. Tínhamos uma causa do nosso lado, o que é importante pois é muito complicado derrotar alguém que luta por uma causa".
"Fantástico"
Se Terry tivesse convertido essa tal grande penalidade, o Chelsea seria o campeão europeu. Mas acabou mesmo por ser o United a sorrir, com Van der Sar a emergir como herói principal da vitória. "Uma das tarefas mais complicadas que tive pela frente foi substituir [Peter] Schmeichel, mas, há três anos, conseguimos superar isso com a vinda de Van der Sar, e a melhoria do nosso registo defensivo desde então foi notória", explicou Ferguson. "É fantástico. Esta noite não aconteceu por acaso. Os jogos decisivos requerem experiência e paciência para esperar pelo momento certo".
"Muito, muito orgulhoso"
Em vez de repousar sobre os louros da vitória, o técnico escocês de 66 anos fez questão de começar, desde logo, a pensar na defesa do troféu, na temporada seguinte. "Estou muito, muito orgulhoso. Por vezes é preciso beliscarmo-nos a nós mesmos para não nos deixarmos embalar no entusiasmo. Amanhã de manhã vou começar a pensar na próxima temporada. A euforia passa depressa em mim. Evapora-se quase de imediato. O momento daquela última defesa do Van der Sar na grande penalidade decisiva, esse foi o meu momento, o da minha euforia e excitação. Depois deixamo-nos levar".
Veteranos de 1999
O treinador do United guardou, igualmente, alguns elogios para os veteranos Giggs (que já havia conquistado o troféu em 1999), e Paul Scholes (que havia falhado a final desse ano devido a castigo). "Scholes colocou, esta noite, para trás das costas a desilusão de 99", garantiu. "Alcançou o que merecia ter conseguido em 99, a medalha de vencedor. Partiu o nariz naquele choque com o [Claude] Makelele, na primeira parte. Mas continuou a jogar e fê-lo bem. Estou muito feliz por ele. É uma pessoa fantástica. Não é por acaso que Scholes, Giggs e [Gary] Neville permanecem no clube há tantos anos. Eles sabem o que o futebol profissional implica e o que significa vestir a camisola do Manchester United. Quando se conquista o que eles já arrecadaram, tem de se ter mesmo muito orgulho neles".
"Grande capitão"
Do lado do Chelsea, o treinador Avram Grant ficou com a amarga sensação de que a sua equipa não merecia a derrota e deixou algumas palavras de encorajamento para o seu capitão, que se encontrava devastado. "É muito difícil perder nos penalties", frisou. "Tirando os primeiros 30 minutos, dominámos o jogo. Acertámos no poste e na trave, mas acabámos por perder. Os penalties são penalties. John Terry ficou muito triste, chorou, mas ele é o principal responsável por termos chegado até aqui. Esteve sempre lá quando precisámos de um capitão. Assumiu sempre as responsabilidades e voltou a fazê-lo hoje ao aceitar bater a última grande penalidade. Infelizmente, são coisas que acontecem, mas continua a ser um enorme capitão e um excelente jogador, e mais uma vez foi fantástico esta noite. Estou orgulhoso da forma como actuámos neste encontro. O espírito de equipa foi extraordinário e a qualidade de jogo foi assinalável".