Como irá lidar o Sporting com a ausência de Adrien?

O médio Adrien Silva, do Sporting, vai ser obrigado a parar entre quatro a seis semanas devido a ter sido operado ao joelho esquerdo. Com o clube a aproveitar para “tratar uma lesão meniscal pré-existente”, cujo tempo de previsão de regresso à competição aponta para um período entre quatro a seis semanas, analisamos o que perdem o Sporting e Portugal sem a raça, o coração e a influência do médio de 27 anos e quem o poderá substituir.

Lesionado na coxa esquerda durante o empate 3-3 do Sporting em Guimarães, em jogo da 7ª jornada da Liga portuguesa realizado no sábado, o afastamento subsequente à intervenção cirúrgica constituirá duro golpe para os “leões”, privados do seu habitual capitão em cinco ou seis jogos – dois ou três na Liga portuguesa, consoante o tempo de recuperação, dois na UEFA Champions League e um na Taça de Portugal. Peça fulcral na boa campanha do Sporting na época passada no campeonato e na caminhada triunfante de Portugal no UEFA EURO 2016, a importância de Adrien na equipa de Jorge Jesus tem sido ainda mais evidente esta temporada.

Os números comprovam esta preponderância do capitão no futebol dos “leões”, sobretudo defensivamente. Se a nível ofensivo o camisola 23 do Sporting soma apenas um golo em 2016/17 – decisivo no entanto para o triunfo, por 1-0, em casa do Paços de Ferreira na segunda jornada –, a presença em campo no equilíbrio defensivo tem-se revelado fundamental. Nos nove jogos já disputados pelos “leões” esta época, sempre a titular, o centrocampista esteve em campo 702 minutos e, durante período, o Sporting sofreu apenas quatro golos (média de um golo sofrido a cada 175 minutos). Já nos 108 minutos jogados depois de ter sido substituído, o Sporting sofreu nada mais, nada menos do que sete tentos (média de um golo sofrido a cada 15 minutos).

E, se num caso as consequências não foram graves, pois quando Adrien deixou o relvado o Sporting vencia em casa o Estoril, por 3-0, tendo acabado por ganhar por 4-2, noutras duas situações a ausência do capitão revelou-se bem mais dolorosa. Na visita ao Real Madrid, na ronda inaugural do Grupo F da UEFA Champions League, o Sporting vencia por 1-0 quando Adrien foi substituído por Elias, aos 73 minutos, antes da reviravolta tardia no marcador por parte dos “merengues” consumada nos descontos. Em Guimarães, o Sporting ganhava por 1-0 quando Adrien se lesionou e ainda chegou a 3 -0– até com golo do substituto Elias –, mas acabou por ver o adversário recuperar e chegar ao empate com remates certeiros nos derradeiros 16 minutos.

A ausência de Adrien poderá também revelar-se particularmente dura para as aspirações do Sporting na UEFA Champions League. Enquanto a nível interno o médio falhará os jogos com o Famalicão, do segundo escalão, na Taça de Portugal, e com Tondela (casa), Nacional (fora) e, eventualmente, Arouca (casa), na Europa irá ficar de fora dos dois decisivos embates com o poderoso Dortmund, isto depois de, nas duas primeiras jornadas do Grupo F, ter mostrado toda a sua importância com uma assistência para golo frente ao Légia Varsóvia e com um gesto técnico verdadeiramente genial e determinante na jogada do tento marcado pelos “leões” em Madrid. O experiente brasileiro Elias, de regresso ao clube e contratado precisamente como reserva de Adrien, até marcou em Guimarães, mas está ainda longe da melhor forma.

A vaga de Adrien poderá então ser ocupada pelo polivalente Bruno César, autor do golo do Sporting frente ao Real Madrid e que esta época já actuou como lateral-esquerdo, médio-centro e esquerdo ou segundo avançado, até devido à pouca rodagem dos reforços Radosav Petrović (somente três minutos em campo) e Marcelo Meli (ainda à espera de estrear-se), bem como de Bruno Paulista. No entanto, um cenário é certo em função da ausência de Adrien: haverá seguramente mais trabalho para o parceiro de sempre no eixo do meio-campo do Sporting e de Portugal, William Carvalho.