O milagre do Steaua 30 anos depois
sábado, 7 de maio de 2016
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"Éramos uma equipa da Europa de Leste, sem dinheiro, e conseguimos tanto", recordou Victor Pițurcă ao UEFA.com ao lembrar o fantástico triunfo do Steaua na final de 1986 da Taça dos Campeões.
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O êxito do Steaua Bucureşti há precisamente 30 anos, em Sevilha, continua a ser uma das mais fascinantes conquistas da história da Taça dos Clubes Campeões Europeus. Um êxito que ninguém podia prever. "Éramos uma equipa da Europa de Leste, sem dinheiro, mas chegámos tão longe porque éramos bons jogadores e formávamos uma excelente equipa", recorda Victor Pițurcă, antigo avançado da turma romena.
A final foi um autêntico teste de resistência. Depois de um nulo ao fim de 120 minutos, o Steaua venceu 2-0 nos penalties, com o guarda-redes Helmut Duckadam a ficar célebre por ter defendido todas as quatro grandes penalidades batidas pelo Barcelona. O UEFA.com recorda como tudo se passou.
Retrospectiva
A "Geração de Ouro" da Roménia é, geralmente, associada à selecção nacional romena liderada pelo talento de Gheorghe Hagi na década de 1990, mas Pițurcă não concorda: "Fomos nós a geração de ouro do futebol romeno. Ganhámos vários troféus a nível interno e dois troféus europeus [a Taça dos Campeões de 1986 e a SuperTaça Europeia da época seguinte]". De facto, essa equipa do Steaua conquistou cinco títulos de campeã romena e quatro Taças da Roménia, tendo estado 104 jogos seguidos sem perder no seu campeonato.
Treinada por Emerich Ienei, a equipa contava com Ștefan Iovan, Adrian Bumbescu, Ilie Bărbulescu e Miodrag Belodedici na defesa, médios como Tudorel Stoica, Lucian Bălan, Laszlo Bölöni e Mihail Majearu e ainda com avançados como Victor Pițurcă, Marius Lăcătuș e Gavril Balint. Pelo meio, Hagi começava também a afirmar-se.
Génio da táctica
Jogador do Steaua entre 1957 e 1969, Ienei conhecia o clube como ninguém. Voltou, como treinador, em 1983 e as suas tácticas e entendimento com os jogadores fizeram dele um grande técnico. "Não levava a cabo grandes palestras com os jogadores antes dos jogos, porque isso acaba por sugar a concentração dos atletas", recordou. Outra das duas imagens de marca, contou, era anunciar o "onze" inicial três dias antes de cada jogo. "Não faz sentido deixar os jogadores ansiosos e na expectativa até á véspera da partida", explicou.
Final emotiva
O favoritismo estava longe de estar do lado do Steaua na final de Sevilha, ainda para mais sendo esta jogada no país do adversário. Ștefan Iovan. Porém, o Steaua neutralizou o Barcelona de forma brilhante e a crescente ansiedade dos adeptos acabou por contagiar a turma catalã à medida que o jogo foi avançando. "A atmosfera era fantástica, ainda que estivesse, claro, contra nós. Mas, às vezes, uma atmosfera hostil torna-nos ainda mais fortes," salientou Duckadam, guarda-redes que se mostrou intransponível.
"O facto de termos levado o jogo para prolongamento fez-nos acreditar que também o podíamos levar para penalties," continuou. "Não contávamos com nenhum jogador que conseguisse decidir o jogo sozinho, mas tínhamos uma equipa repleta de bons jogadores. Até então, poucas equipas romenas tinham levado a melhor em desempates por penalties na Europa, pelo que o nosso feito foi ainda mais notável".
O desfecho
Pițurcă – prestes a fazer 60 anos e agora treinador do al-Ittihad, na Arábia Saudita – teve ainda mais motivos para celebrar, visto que celebrou o seu 30º aniversário instantes depois de erguer o troféu, embora diga que nem se lembrou disso: "Sinceramente, no relvado nem me lembrei que fazia anos. Com tudo o que aconteceu, numa altura daquelas, como podia lembrar-me que era o meu aniversário.
"Com a ajuda de Deus, conseguimos erguer o troféu. Foi um momento inesquecível,", acrescentou Iovan. "Um autêntico sonho."