Como conseguiu o Wolfsburgo vencer o Real Madrid por 2-0?

Ao dirigir-se aos jornalistas na conferência de imprensa depois do jogo, o treinador do VfL Wolfsburg, Dieter Hecking, sorriu e disse: "Quando falei convosco ontem olhei para as vossas caras e ninguém parecia acreditar em mim. Mas, como viram, no futebol tudo é possível." Como conseguiu, então, o técnico de 51 anos guiar a sua equipa ao inesperado triunfo por 2-0 sobre o gigante Real Madrid? O UEFA.com analisa a primeira mão dos quartos-de-final.

O elemento surpresa
Contratado ao Goiás em Janeiro, para suprir a ausência por lesão do avançado Bas Dost, Bruno Henrique tinha disputado apenas cinco jogos na Bundesliga - sempre como suplente utilizado - até esta quarta-feira. O jogador brasileiro de 25 anos, porém, foi titular no seu jogo de estreia na UEFA Champions League e surpreendeu muita gente, incluindo o Real Madrid.

"Bruno Henrique foi um dos jogadores-chave esta noite," salientou Hecking. "Quisemos surpreender o Real Madrid ao colocá-lo em campo de início e o nosso plano resultou na perfeição, porque ele jogou muito bem – não só a atacar, como também a defender."

Assumir riscos
Se a introdução de Bruno Henrique no "onze" inicial deu que falar, o mesmo pode ser dito da titularidade do defesa-central Naldo, que há um mês havia sido submetido a uma intervenção cirúrgica para debelar um problema num ombro.

O brasileiro de 31 anos é um dos líderes da equipa do Wolfsburgo e fez questão de frisar ao seu treinador que se sentia totalmente apto e que estava ansioso por defrontar o Real Madrid. Não deixou, ainda assim, de ser uma decisão corajosa por parte de Hecking lançar em campo de início um jogador que não alinhava desde 27 de Fevereiro.

Espírito de equipa
Compacto e disciplinado no seu 4-5-1, o qual rapidamente se transformava em 4-2-3-1 nas saídas para o contra-ataque, o Wolfsburgo raramente tremeu numa noite em que o seu trabalho árduo teve a merecida recompensa. "Sabíamos que só jogando como equipa teríamos hipóteses de bater um adversário tão forte," disse ao UEFA.com o guarda-redes Diego Benaglio.

O português Vieirinha concordou e acrescentou: "Não demos espaços às estrelas do Real. Sei que ninguém estava à espera deste resultado, mas nós sabíamos que éramos capazes de vencer se jogássemos unidos."

Fortaleza caseira
CSKA Moscovo, PSV Eindhoven, Manchester United, Gent e, agora, Real Madrid. Todas as equipas que esta época já visitaram a Baixa Saxónia na UEFA Champions League saíram derrotadas, com o Wolfsburgo a alargar assim o seu registo caseiro 100 por cento vitorioso na prova. "Na nossa cabeça, sentimo-nos imbatíveis quando jogamos em casa," frisou Vieirinha.

Para Benaglio – que efectuou algumas defesas determinantes – este mais recente êxito europeu na VfL Wolfsburg Arena trouxe ainda o bónus de a equipa ter conseguido não sofrer qualquer golo. "O facto de o Real Madrid não ter marcado esta noite significa que teremos boas hipóteses de seguirmos para as meias-finais se conseguirmos marcar nós um golo fora na segunda mão," lembrou o internacional suíço.

BBC apagado
"Depois daquele golo madrugador do Real ter sido anulado, comecei por pensar: 'Bem, o que será que nos vai acontecer aqui esta noite?'" admitiu Maximilian Arnold, referindo-se ao momento em que Cristiano Ronaldo, em posição irregular, colocou a bola no fundo das redes logo aos dois minutos. "Mas, a partir daí, conseguimos contê-los", acrescentou o médio.

A noite apagada do trio de ataque composto por Ronaldo, Gareth Bale e Karim Benzema contribuiu para o êxito do Wolfsburgo, mas poucos discutirão o mérito da turma da Bundesliga neste triunfo. "Temos, agora, uma oportunidade de deixarmos o Real Madrid pelo caminho nesta competição e vamos tentar agarrar ao máximo essa possibilidade", garantiu Hecking olhando já para a partida da segunda mão, na terça-feira.