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Futebol de luto pela morte de Udo Lattek

Udo Lattek, primeiro treinador a vencer a Taça dos Campeões, a Taça UEFA e Taça das Taças, feito conseguido por três clubes diferentes, morreu aos 80 anos.

Udo Lattek quando treinava o Bayern em 1985
Udo Lattek quando treinava o Bayern em 1985 ©Getty Images

Udo Lattek, primeiro treinador a vencer a Taça dos Clubes Campeões Europeus, a Taça UEFA e Taça dos Vencedores das Taças, por três clubes diferentes, morreu aos 80 anos e foi um dos mais bem-sucedidos técnicos da Europa.

O alemão venceu as três principais competições de clubes da UEFA em clubes diferentes – a Taça dos Campeões pelo FC Bayern München em 1973/74, a Taça UEFA pelo VfL Borussia Mönchengladbach em 1978/79 e a Taça das Taças pelo FC Barcelona em 1981/82. Deixou também forte impressão nos seus jogadores. “Udo Lattek é o meu ídolo tanto como treinador como pessoa”, disse o campeão mundial Jürgen Kohler, treinado por Lattek no 1. FC Köln e no Borussia Dortmund.

Apesar de ter conquistado oito títulos da Bundesliga e três Taças da Alemanha durante a passagem por Bayern e Mönchengladbach, Lattek, que também treinou o VfL Osnabrück, foi recordado mais como motivador do que mestre da táctica. “Qualquer sistema ou abordagem táctica dependem da aptidão dos jogadores”, disse. “Quero jogadores maduros com quem tenha de discutir. São mais importantes para mim do que os que dizem sempre que sim.”

“Onde há fricção, há energia”, foi a linha orientadora da carreira de Lattek, e certamente tirou dividendos dessa força positiva no Bayern. Recomendado ao clube por Franz Beckenbauer numa altura em que era treinador-adjunto na República Federal da Alemanha, Lattek ajudou o Bayern a conquistar três campeonatos, uma Taça da Alemanha e a Taça dos Campeões (venceu o Club Atlético de Madrid no jogo de repetição por 4-0), ainda que os seus métodos de motivação não fossem os convencionais. O guarda-redes Sepp Meier recorda um incidente após uma derrota do Bayern quando a equipa desrespeitou os horários estabelecidos e foi a um bar à noite: "Udo viu sete ou oito de nós ali sentados e disse: ‘Bom, vou contar até 25 mil e se algum de vocês ainda aqui estiver quando eu acabar vamos ter problemas."

Demitido após um período instável no Bayern, mostrou as suas qualidades no Gladbach, pelo qual coleccionou mais dois títulos na Bundesliga, numa equipa onde alinhava um dos futuros treinadores dos bávaros, Jupp Heynckes. A sua equipa perdeu para o Liverpool FC a final da Taça dos Campeões de 1976/77, mas corrigiu o desfecho em 1978/79, quando venceu a Taça UEFA ao bater o FK Crvena zvezda, por 2-1, no somatório dos dois jogos da decisão.

Após uma temporada discreta no Dortmund, o Barcelona contratou Lattek em 1981 para render Helenio Herrera. O compatriota Bernd Schuster contou que Lattek teve uma entrada triunfal. “Quando chegou falava perfeitamente espanhol e causou em nós forte impressão”, afirmou. A sua equipa perdeu para a Real Sociedad de Fútbol a corrida ao título da Liga espanhola em 1982, mas acabou por vencer o R. Standard de Liège por 2-1 na final da Taça das Taças, em Nou Camp, facto que permitiu a Lattek consumar a conquista dos três títulos europeus.

Contudo, o “professor” deixou a Catalunha em Fevereiro seguinte, em parte devido à fricção com a principal contratação de Verão, Diego Maradona, então com 22 anos. “O meu único problema foi Maradona, que não estava habituado a trabalhar no duro”, disse mais tarde. “Certa vez, não apareceu à hora que a equipa tinha para partir. Tinha duas opções: esperar por ele e perder a minha autoridade e ir sem ele. Decidimos deixá-lo e os restantes jogadores aplaudiram a decisão. O Maradona foi queixar-se ao presidente dizendo-lhe que não conseguia trabalhar comigo e duas semanas depois fui demitido.”

Lattek voltou à Alemanha para treinar o Bayern e assegurou mais três títulos e duas taças, sofrendo um desgosto na final de 1987 da Taça dos Campeões, ganha pelo FC Porto. Mais tarde, teve breves passagens por Colónia, FC Schalke 04 e Dortmund – o qual salvou da despromoção em 2000 – antes de se retirar, sintetizando a combinação de esperteza e psicologia com as seguintes palavras: “Eu era um idiota que não consegui fazer nada, mas era ambicioso, forte e usei os meus cotovelos.”

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