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Di Stéfano recorda as cinco vitórias na Taça dos Campeões

Numa entrevista de 2006, Alfredo Di Stéfano recordou os cinco triunfos do Real Madrid na Taça dos Clubes Campeões Europeus entre 1956 e 1960 ao UEFA.com.

Di Stéfano recorda as cinco vitórias na Taça dos Campeões
Di Stéfano recorda as cinco vitórias na Taça dos Campeões ©UEFA.com

Alfredo Di Stéfano, falecido aos 88 anos, era a força motriz e o símbolo do grande Real Madrid CF dos primeiros tempos da Taça dos Clubes Campeões Europeus.

O avançado nascido na Argentina participou e marcou em cada uma das vitórias dos "merengues" nas primeiras cinco finais, entre 1956 e 1960, incluindo no fantástico triunfo sobre o Eintracht Frankfurt, em Maio de 1960, quando ele e outro jogador adoptado pelos espanhóis, Ferenc Puskás, partilharam sete golos entre si na vitória de 7-3. Em 2006, Di Stéfano relembrou essas primeiras cinco finais ao UEFA.com.

Real Madrid CF 4-3 Stade de Reims Champagne
13 de Junho de 1956, Parc des Princes, Paris

Era a nossa primeira final da Taça dos Clubes Campeões Europeus. Ninguém deu conta que era o início de algo. O jogo trouxe consigo uma grande responsabilidade, como viríamos a descobrir muito mais tarde. Foi um encontro magnífico – o público estava muito feliz e nós ainda mais. Conseguir ganhar 4-3 ao Reims, em Paris…! Foi um grande momento para os emigrantes espanhóis em Paris e para as pessoas que tinham muito pouco aqui, em Madrid.

Havia uma sensação de calma nos balneários e não havia muito nervosismo ou preocupações. Depois de termos ganho o jogo, estava feito. Agora é diferente. Agora, parece que se não ganharmos as pessoas matam-nos. Há muito mais responsabilidade. Contudo, apesar de tratar-se somente de um desporto, para as pessoas e, especificamente, para os adeptos mais indefectíveis do Real Madrid, esta é uma prova carregada de honra.

Real Madrid CF 2-0 AC Fiorentina
30 de Maio de 1957, Santiago Bernabéu, Madrid

Estava-se a entrar no Verão em Madrid e jogámos sob um sol muito forte, que realmente nos queimava. A Fiorentina era uma equipa fantástica de grandes campeões, que tinha um sector defensivo bastante forte, tal como a maioria das formações italianas. Fomos fiéis aos nossos princípios, mas passámos mesmo por bastantes dificuldades para quebrar aquela defesa.

Apesar de eu ter sido distinguido com os prémios [Bola de Ouro europeu em 1957 e 1959], partilhei-os com todos os meus companheiros. Nunca diria que os prémios eram algo que desejasse particularmente. Isto é um jogo e o futebol é um desporto em que jogam 11 contra 11. É um esforço colectivo.

Real Madrid CF 3-2 AC Milan (aet)
29 de Maio de 1958, Estádio Heysel, Bruxelas

A final mais dura foi a terceira, quando a ganhámos ao Milan. Eles eram os nossos maiores rivais, porque tinham jogadores como Maldini, Liedholm, Schiaffino… futebolistas fenomenais, italianos e estrangeiros, na sua equipa. Nunca dominámos o jogo até precisamente à altura em que o ganhámos, o que somente aconteceu no prolongamento, quando o Gento conseguiu o golo que nos deu o título.

O Real ergue o troféu em Estugarda
O Real ergue o troféu em Estugarda©AFP

Foi mesmo difícil, o mais complicado de todos, mas nunca duvidámos que não o perderíamos. Eles tinham uma boa equipa e sabíamos que eles também eram muito bons no contra-ataque. Quando olhamos para as finais da Taça dos Campeões Europeus, há sempre duas equipas fortes e poderosas envolvidas.

Real Madrid CF 2-0 Stade de Reims Champagne
3 de Junho de 1959, Necker Stadion, Estugarda

Eu era avançado e uma das obrigações de um atacante é marcar golos. Para mim, o meu melhor golo foi um que marquei em Estugarda na quarta final, na Alemanha. Aquela em que ganhámos por 2-0. Marquei o segundo tento. Foi, provavelmente, o golo mais crucial da minha carreira.

O Reims era um nome forte, tinha uma grande equipa e alguns grandes jogadores. Aquela formação francesa teve uma década muito forte. Desta vez tínhamos um problema, porque o Kopa lesionou-se e, nessa altura, não se podiam fazer substituições. Isso tornou o jogo mais complicado e difícil, mas vencemos por 2-0 e, afinal, acabámos por nem nos esforçar muito.

Real Madrid CF 7-3 Eintracht Frankfurt
18 de Maio de 1960, Hampden Park, Glasgow

Este foi mais fácil. Foi mais complicado, mas, ao mesmo tempo, foi fácil. Eles fizeram o 1-0 e, pouco depois, tiveram outro ataque, que o nosso guarda-redes defendeu bem. Esse foi o sinal que nos despertou para empatarmos o jogo. E, assim que assumimos a liderança do marcador, continuámos a atacar, porque tínhamos uma equipa bastante ofensiva. Essa final causou uma grande sensação, devido ao resultado. Dez golos numa final, mas que espectáculo incrível!

Mas continuo a dizer que a final mais difícil foi a de Bruxelas, contra o Milan. Foi inacreditável. Não éramos uma equipa cheia de pessoas com personalidades difíceis, não havia individualidades na altura. Era um conjunto bastante trabalhador, muito feliz. Defrontámos equipas que não sabiam o que esperar. Correríamos o dia inteiro, sem nos determos por ninguém.

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